Charles Gavin se jogou de cabeça no universo feminino para traçar um panorama inédito da música brasileira sob a ótica de grandes mulheres, das mais diferentes gerações. A 13° edição do programa O Som do Vinil, que estreia no dia 15 de julho, às 23h, no Canal Brasil, e terá pré-estreia, com os cinco primeiros episódios disponíveis também para não assinantes, no Canal Brasil Play, a partir de 10 de julho, apresenta entrevistas com 27 intérpretes, compositoras e musicistas.
Este ano, as conversas vão além da arte, e questões de gênero, machismo e homofobia são discutidas pela primeira vez. “O meio da música ainda é muito machista e até hoje a mulher é muito associada ao ofício de cantora. Não existe na língua portuguesa o feminino da palavra ‘músico’. Eu chamo as artistas da música de musicistas, mas é uma licença poética”, diz Gavin, que reuniu uma equipe inteiramente formada por mulheres para esta temporada. A direção do programa é dele e de Gabriela Gastal.
Os episódios passeiam pela história de discos notáveis produzidos por artistas da nova geração, como a carioca Letrux e a baiana Xênia França, e de grandes damas como Elza Soares, Sandra de Sá, Leny Andrade e Gal Costa, que abrem a temporada. O baterista e pesquisador ainda recebe personalidades como Roberta Sá, Fernanda Takai, Zélia Duncan, Leila Pinheiro, Joyce, Fátima Guedes, Simone, Dóris Monteiro e Joanna, Tia Surica e Aurea Maria, da Portela, entre outras.
E joga luz sobre artistas que estão longe dos holofotes, como Sandra Pera, que depois de deixar As Frenéticas lançou um único LP solo, em 1983; Doris Monteiro, rainha do rádio, que fala sobre o disco “Sobre Doris Monteiro”, de 1969; e Eliana Pittman, que comenta o álbum “Tô Chegando, Já Cheguei”, de 1974, e sobre o ápice de sua carreira, quando tocou no Olympia de Paris e foi entrevistada por Jerry Lewis, em seu talk show.
Colecionador ávido de LPs raros e pesquisador atento aos lançamentos da produção nacional, o antigo baterista dos Titãs comanda o longevo programa, que é considerado o mais importante sobre música da televisão brasileira. As entrevistas abordam trabalhos antigos e atuais, dissecando faixa a faixa o que há por trás e à frente de cada álbum.
“Estamos contando a história da música brasileira pelo olhar feminino e não podemos mais passar por cima da questão de igualdade de direitos. Todo mundo está preocupado porque a prioridade desse novo governo não é a cultura brasileira. Naturalmente, o caráter político dessa temporada nos encaminha para essas discussões e nenhuma convidada nossa lavou as mãos na questão política, todas se posicionaram. Sempre estive perto desse lado feminino e sempre achei que era o melhor lado”, afirma o apresentador.
A nova temporada com 26 episódios começa com Gal Costa, que fala sobre seu 40º e mais recente álbum, “A Pele do Futuro”, lançado em 2018. “Eu nasci para fazer o que eu faço. E sabendo que eu vim aqui para isso. E sempre busquei, por intuição, os caminhos certos. Sempre fui muito espiritualizada e, à medida que fui crescendo e amadurecendo, fui tendo certeza absoluta que o meu trabalho é um trabalho espiritual”.