‘Frequências Preciosas’ lança a pesquisa ‘Cartografia das cantoras negras e indígenas da Bahia’, que traçará um panorama socioeconômico do trabalho de cantoras, cantautoras e intérpretes, apresentado em um diagnóstico sobre a participação feminina nos negócios da música. O formulário da iniciativa está aberto para preenchimento, acesse aqui.
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Nele, as artistas poderão responder, anonimamente, questões relacionadas à sua rotina de trabalho na cena musical, além de aspectos socioeconômicos. Ao responder o questionário, a artista contribuirá para a consolidação de dados relevantes para a compreensão do cenário musical e a participação de mulheres negras e indígenas na economia da música.
“Um dos principais objetivos desta cartografia, é descobrir quem são as cantoras atuantes no ecossistema da música baiana: seus desejos, suas indagações, bem como descobrir questões socioeconômicas sobre a participação destas mulheres neste cenário”, explica Júlia Salgado, coordenadora da pesquisa ‘Cartografia das cantoras negras e indígenas da Bahia’.
‘Frequências Preciosas’: O cadastramento
No cadastramento, as artistas que quiserem terão espaço para enviar informações sobre suas carreiras, fazendo o upload de material profissional, como conteúdo musical em streaming, endereços de sites e redes sociais, contato profissional, fotos, etc.
O encerramento do mapeamento culminará com dois produtos: um e-book gratuito com o relatório final de dados levantados da pesquisa e uma base digital georreferenciada, disponível no site das ‘Frequências Preciosas’, em um mapa com o portfólio das cantoras cartografadas, oriundas de diferentes territórios de identidade da Bahia.
Segundo Raína Biriba, coordenadora de produção e gestão estratégica do projeto, a escolha da pesquisa seguiu o recorte do ofício das cantoras e intérpretes baianas, aqui consideradas vozes e corpos que representam o front de um avesso da cena musical.
“Essa iniciativa tem como missão dar vista a essas artistas, e, como agente desta cadeia, posso dizer, a nossa existência na Música Brasileira, deixar nossa marca, diversidade, defendê-la desde a criação”.
‘Frequências Preciosas’
A plataforma tem como propósito promover ações estruturantes de difusão, formação, pesquisa e inovação, voltados ao desenvolvimento das carreiras de mulheres negras e indígenas da cena musical brasileira.
Criada em 2020, pela cantautora Viviane Pitaya, a iniciativa já catalogou mais de 500 cantoras, compositoras e intérpretes negras e indígenas do Brasil. Neste escopo de atividades, já foram realizadas ações como o ‘1º Congresso Frequências Preciosas’, no ano de 2021, projeto de formação e difusão voltado aos negócios da música, e ações como o ‘Sarau Preciosas’ e a ‘Noite Preciosa’ na Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro.
A cantora baiana Viviane Pitaya lembra que, antes da pandemia chegar, ela desenvolvia um show autoral para apresentar nos espaços culturais da capital baiana.
“Quando a pandemia começou, tive a ideia de buscar por nomes como o meu, negras e em processo de construção de carreira artística, para saber como elas estavam, o que faziam, conhecer seus trabalhos e trocar experiências. Encontrei artistas incríveis, comecei a mapeá-las e foi assim que surgiu as ‘Frequências Preciosas’, em maio de 2020”, comenta.
‘Frequências Preciosas’: A pesquisa
Desenvolvida no Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (Pós-Cultura/IHAC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a pesquisa é orientada por Daniele Canedo e Paulo Miguez.
A iniciativa é financiada com o apoio da CAPES, do Programa de Extensão para Pós-graduação da Proext (UFBA) e do Programa Mulheres nas Indústrias Criativas Brasil-Chile 2022 do Goethe-Institut Salvador-Bahia. Este mapeamento faz parte da dissertação ‘Cantoras afro-latino-americanas no ecossistema da música baiana: dados ocupacionais, desafios e perspectivas’, de Júlia Salgado.