Já estamos no meio do ano e chegou a hora da colheita para muitos artistas! “Garupa” vai definitivamente conseguir transformar o inverno brasileiro em verão. É um divisor de águas na carreira da Luisa Sonza e mais uma prova de que Pabllo Vittar é, atualmente, o nome mais forte do pop nacional para parcerias.
Antes de falar sobre “Garupa”, carro-chefe da era “Pandora” – título do álbum da Luisa -, é preciso pontuar a curva de crescimento da gaúcha. Na era digital, estamos assistindo pela primeira vez, um artista que se consagrou com covers no YouTube, emplacar vários trabalhos autorais nos charts e nas pistas de dança. “Devagarinho” e “Boa Menina” garantiram a credibilidade que Luisa tanto buscava – afinal, o rótulo de cantora de covers e paródias da internet atrapalhavam (e muito) na abertura de novas portas. Encontrar sua identidade também era um problema: Luisa vem de uma pequena cidade do sul do país, não tem conexão direta nem com os movimentos musicais de massa do Brasil, como funk e sertanejo, também não se enquadra cena alternativa. Onde se encaixar?
“Garupa” é a prova de que a Luisa Sonza encontrou sua tribo. Além da parceria com Pabllo Vittar, ela é próxima de outros artistas LGBT+, como Aretuza Lovi, Matheus Carrilho e Pepita. Também circula muito bem entre os caras novos, não é por acaso que Vitão e Gaab aparecem em “Pandora”. Se envolver com essa galera, que circula nos grandes centros e já chegam na cena com opinião formada, ajudou a loira a construir sua identidade. Ser casada com um dos humoristas mais influentes do país também lhe oferece um privilégio de entender exatamente como funciona os bastidores e, sobretudo, não cair em armadilhas óbvias pregadas pelo “fantasma do deslumbramento” que aparece com a fama e superexposição.
Assim fica fácil entender a segurança da cantora lado-a-lado da Pabllo Vittar. A gente não viu o clipe para fazer a resenha. Porém, é possível imaginar que a força, a segurança e a atitude de ambas vão direcionar o projeto como todo. Na composição, elas ficaram longe de palavras óbvias como “sentar” e “rebolar”. A criatividade na letra é sensacional: elas sensualizam com trocadilhos sobre o universo automobilístico! Lembra os versos de duplo sentido de “Shut Up And Drive”, da Rihanna. “De zero a cem eu vou, pega carona em mim. / Vai ter que aguentar, eu vou te acelerar”, diz um trecho dos primeiros versos. Tem influência de reggae, trap, funk e tropical house: a farofa perfeita para animar as pistas, bombar nas rádios e aquecer o inverno. Precisamos avisar que é bom se preparar para a coreografia! Você escuta “Garupa” uma vez e já imagina a galera simulando passos como se estivessem a bordo de uma moto!
“Garupa” é uma “Dança da Motinha” dos novos tempos. O clássico da Furacão 2000, lançada há quase vinte anos, até hoje toca nas pistas – talvez pela irreverência da letra, o que “Garupa” tem de sobra. Não podemos deixar de mencionar um trecho repetitivo (e bem chiclete) da frase “Dá me gasolina”. Lembra facilmente os versos da Pabllo Vittar em “Energia”, parceria com os gringos do Sofi Tukker. No final das contas, elas juntaram elementos previsíveis de uma forma cuidadosa e criativa, que vai sanar a sede do público por música pop para pista sem subestimar sua inteligência musical.
“Garupa” chega às plataformas digitais, já com clipe, nesta sexta-feira (14).