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First Listen: “Hurts 2B Human” começa de onde “Beautiful Trauma” parou com P!nk ainda mais forte e concisa em suas mensagens


Não é muito difícil falar da P!nk. Desde que surgiu nos anos 2000, a cantora falou o que quis e sempre foi muito consistente. Estreou com o R&B em “Can’t Take Me Home” a mando da gravadora e no segundo projeto, lançado há 18 anos, mergulhou no seu característico pop/rock. Criticou a indústria, a mídia, a futilidade das celebridades, o presidente (mais de uma vez!), o sexismo, incentivou a auto estima, a diversidade, o conhecimento, cantou e clamou por amor.

Capa “Hurts 2B Human”

“Hurts 2B Human”, o oitavo disco que sai na próxima sexta-feira (26), continua de onde “Beautiful Trauma” encerrou, com P!nk ainda mais madura e traz todos esses discursos de forma ainda mais profunda. Fui uma privilegiadas em ouvir o projeto antes do lançamento. Aqui, a maestria da cantora-compositora se uniu a antigos parceiros de trabalho como Max Martin, a Shellback, Julia Michaels, Nate Ruess, Greg Kurstin, e pela primeira vez com Teddy Geiger, Sasha Sloan, Beck e Sia. O resultado é sem dúvida um disco conciso, com P!nk permeando diversas influências sem perder sua essência. Se você ouviu as faixas já lançadas, percebe claramente a riqueza de gêneros usados pela artista.

O álbum abre com “Hustle”, uma parceria pop animada com Dan Reynolds (Imagine Dragons), e a mensagem já é clara: “não mexa com ela”. O gênero também aparece em “(Hey Why) Miss You Sometime”, perfeita para se ouvir com o som nas alturas. O ritmo de “Hurts 2B Human” dá uma leve diminuída com o single “Walk Me Home” e segue com “My Attic”, que nos transporta com carinho para os segredos do obscuro. A discografia da artista é feita quase que em sua totalidade de composições próprias e “My Attic” é certamente uma das mais pessoais.

A primeira colaboração aparece na melódica, e uma das minhas preferidas, “90 Days”com Wrabel. O cantor-compositor já apresentou essa faixa ao vivo há alguns anos, mas que feliz a música ter oferecido à cantora! A junção das duas vozes traz ainda uma carga mais dramática à nova versão.

As próximas duas na tracklist já é conhecimento do grande público: a faixa-título com o Khalid e “Can We Pretend” com Cash Cash. Se a primeira mostra novamente P!nk flertando lindamente com o R&B e ainda tendo o apoio de um dos maiores artistas do gênero da geração, a outra traz P!nk com Ryan Tedder mergulhada na batida forte do pop-eletrônico – sem esquecer a crítica.

Os vocais da P!nk voltam ainda mais fortes em “Courage”, uma música com o título e letra apropriados, e na busca da felicidade em “Happy”. As influência dos anos 1980 aparecem em “We Could Have it All”. “Love Me Anyway” era a que me deixou mais curiosa, principalmente em saber como as vozes da P!nk e Chris Stapleton se comportariam juntas e a resposta foram arrepios nas harmonias. O disco encerra com pianos e o tema da maternidade em “Circle Game” e na dramática “The Last Song of Your Life”.

P!nk é uma artista forte, com um visual marcante, um tom suave na voz, um acalento para a alma, com letras que te levam a sorrir, a chorar e a refletir – algo sempre pontual em um mundo que a empatia é cada vez mais rara. Quem for ao Rock In Rio vê-la em ação pela primeira vez no Brasil vai ter a oportunidade de assisti-la em sua plenitude e testemunhar porque P!nk é um dos maiores nomes de sua geração – nem sempre compreendida, mas tudo bem, é na diversidade que ela mais se fortalece.