Maria Rita

“Fico apreensiva com a fase que estamos entrando”, opina Maria Rita sobre o futuro do Brasil

“A música e a cultura, de forma geral, são a voz de uma nação, são a voz de um povo da realidade, porque muitas vezes o artista entende a realidade e consegue transformar ela e expor ela de uma forma que talvez o outro não perceba, não entenda”, reflete a cantora

Maria Rita opina sobre música, arte e política no Brasil. Foto: Divulgação

O Brasil não é para amadores! E com o atual cenário político e econômico do país está se tornando mais comum os artistas opinarem sobre o contexto da nação nesse momento. Em entrevista ao site “GaúchaZH”, quando questionada de que forma a música pode interferir, ou até ajudar na realidade do país, Maria Rita deu um depoimento inspirado:

“A música e a cultura, de forma geral, são a voz de uma nação, são a voz de um povo da realidade, porque muitas vezes o artista entende a realidade e consegue transformar ela e expor ela de uma forma que talvez o outro não perceba, não entenda. Digo isso com muita tranquilidade porque não sou compositora, e para mim a relação com a música é muito forte quando eu ouço a minha verdade, a minha história, na melodia e na poesia de outra pessoa. Isso se dá também em filme, em livro. A cultura e a música tem a capacidade de explicar e transformar a realidade, de elevar a alma humana. Um país sem cultura, sem memória, é um país sem historia. Fico muito apreensiva com essa fase em que estamos entrando, em que estranhamente os agentes da cultura, produtores de cultura em geral viraram inimigos da nação. Isso não é verdade. Acho que mais do que nunca os artistas estão se movendo um em direção a um movimento agregador, de resistência, de inteligência emocional, de serenidade. O inconsciente coletivo de uma nação, a historia de uma nação, muitas vezes é traduzidos e explicado graças à cultura, aos agentes de criação e produção cultural”.

Diante das constantes perseguições que os artistas enfrentam no Brasil de 2018 por apenas exporem às suas opiniões políticas, quando questionada se atualmente no país ser artista é um ato de coragem, com a objetividade de uma jornalista de formação, Maria Rita é clara:

“Está sendo, infelizmente. Estranhamente, do nada, parece que artista virou inimigo, e não é. O entretenimento é fundamental para o ser humano. A música faz a trilha sonora da vida das pessoas. Ninguém comemora nada, nem a morte, sem uma trilha sonora. As pessoas, para esquecerem seus problemas, utilizam o audiovisual, os livros. É inacreditável que se tenha caído nessa propaganda superficial de quinta categoria de que o artista é inimigo. Acho lamentável. Ser artista, na verdade, sempre foi um ato de coragem, por causa da realidade do país, da dificuldade de se fazer arte no país, mas ultimamente, especialmente de uns meses para cá, piorou. E a tendência é que isso se intensifique. Mas a fibra principal do artista é a coragem, o artista não pode ceder, a alma não permite”.

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