A nova temporada de “Os Outros”, que estreia na quinta (15/8) no Globoplay, retrata uma célula, nome dado a reuniões privadas de grupos religiosos. Raquel, personagem de Letícia Colin, lidera um grupo que se reúne em sua casa para orar e cantar louvores. Eduardo Sterblitch, que faz o vilão do programa, acredita que isso pode dar o que falar.
“Vocês vão ver que vai acontecer um fenômeno muito interessante. Pela primeira vez, muita gente evangélica vai ter preconceito com a gente, achando que a gente está tendo preconceito com eles. Acho que vai ser interessante, porque é tanto preconceito que se tem com ‘crente’, com a galera evangélica, que acho que vai acontecer a virada da virada. A galera evangélica vai ter preconceito com a gente”, o ator comentou na coletiva de imprensa da 2ª temporada da série.
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Para Eduardo, evangélicos já foram retratados muitas vezes de maneira preconceituosa no audiovisual. A tendência, portanto, é que eles desconfiem ao saberem que haverá uma célula em “Os Outros”.
“Não estou falando isso com uma visão artística. Estou falando isso como uma pessoa cristã. Acho que muitas vezes houve uma visão artística preconceituosa. Pela primeira vez, não está rolando isso. Mas rolou tanto que acredito que vai rolar um preconceito ao contrário, pelo medo de estar sofrendo um preconceito”, explica.
Letícia Colin e Lucas Paraizo discordam e explicam célula em “Os Outros”
Letícia Colin não endossa o comentário do amigo. Ela destaca que a célula é retratada de uma maneira muito respeitosa e carinhosa na série. Os atores passaram por uma preparação para essas cenas e alguns até se emocionaram.
“A gente está falando de amor, de afeto, de muito mais do que uma religião. É de uma busca, de uma conexão”, diz a atriz, uma das protagonistas da 2ª temporada.
Lucas Paraizo, roteirista e criador de “Os Outros”, explica que a série não nomeia a religião da célula comandada por Raquel. “Até porque é importante que o público por si só nomeie e se identifique”, pontua. Segundo ele, a ideia é transformar a religião em mais uma parte da vida.
“Ela não vem na frente de ninguém, ou pelo menos não deveria. A Raquel é uma mulher que sonha com o filho, casada, uma corretora de imóveis e que também é grande religiosa. Isso não é mais importante que outros aspectos da vida dela. É uma camada como todas as outras”, defende.
Olhar da TV Globo para população evangélica
Vale destacar que a população evangélica é a que mais cresceu no Brasil nas três últimas décadas, ultrapassando o número de 30% dos brasileiros, segundo o IBGE. O número de igrejas também se multiplicou pelo país.
A TV Globo está de olho nisso e não quer perder essa parcela do público. A novela das 19h “Vai na Fé” (2023) foi uma grande aposta para captar a atenção da população evangélica. A protagonista Solange (Sheron Menezzes) era evangélica e canava no coro da Igreja desde a infância.