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Eurodance no Brasil: Davi Sabbag fala sobre influência e crescimento do gênero no país

Eurodance no Brasil. Davi Sabbag fala sobre influência e crescimento do gênero no país. Foto: Ian Rassari/Divulgação

Sintetizadores, baterias, guitarras e vocais marcantes compreendem algumas das características de um gênero musical popular, principalmente a partir do final dos anos 80: o Eurodance. Ícone do universo Pop, presente no álbum “Ray of Light” (1998) de Madonna e no sucesso “Believe” interpretado por Cher, que celebrou 25 do seu lançamento em 2023, o Eurodance volta a ser fonte de inspiração para os artistas.

No Brasil, um dos nomes que mergulham nessa fonte de experimentações, com base na Eurodance, é Davi Sabbag, cantor, compositor e produtor musical. Em entrevista ao POPline.Biz é Mundo da Música, o artista conta como o gênero permeia a sua identidade artística e como tem sido o seu olhar sobre a retomada da popularidade do Eurodance em escala global e no Brasil.

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Davi revela que a música eletrônica, de uma forma geral, sempre esteve presente na sua vida. Nos anos 90, seu irmão mais velho ouvia artistas como Infected Mushroom e Skazi, que foram algumas das suas primeiras experiências sonoras do ritmo. Já nos anos 2000, a partir do acesso à Internet, o artista buscou programas gratuitos que permitissem suas criações musicais, sob a influência da Björk.

“Eu amava assim como ela [Björk] colocava o eletrônico com o orgânico e criava um som só dela, sabe?! De vários estilos, ela pegava um pouco de cada coisa e fazia algo muito particular. E é assim que eu gosto de trabalhar também. Muito intuitivamente, com referências de tudo que eu já ouvi e pegando ali do meu subconsciente, deixando fluir na produção, meio vendo como a música conversa comigo. E a música eletrônica sempre foi algo que ressoou muito comigo, com o meu coração”, relata Davi.

Davi Sabbag, cantor, compositor e produtor musical. Foto: Ian Rassari/Divulgação

Em um diálogo sobre suas referências musicais, Davi afirma que as influências da sua infância, adolescência, faculdade, além de ritmos brasileiros, principalmente tocados em Goiânia, e também internacionais; fazem parte do seu repertório. No entanto, seu período de estudo musical compreende a fase de pré-produção, no qual ele cria playlists diversas, entre referências ao gótico, New Age, Trance, por exemplo. No momento da produção musical, Sabbag revela sua estratégia.

“São épocas que eu escuto mais Podcasts, não tanto ‘coisas musicais’, que é pra na hora de fazer, aquilo fluir por mim de uma forma natural, juntando tudo isso que eu absorvi pra fazer um som que… ‘só poderia ser feito por mim’, assim. Eu amo essa liberdade criativa e as misturas que a música eletrônica traz. Porque muitas vezes você consegue fazer misturas de estilos com BPMs parecidos. Ou pegar uma música que normalmente seria um BPM e dividir isso ao meio, transformar em outra coisa, um Reggaeton. Ou como se misturam o Reggaeton e o Tecno-Melody com o brega-funk. E tudo isso dá para fazer uma mistura boa.”

O artista acrescenta: “E eu gosto de sempre, desde o início, desde a época da Banda Uó, sempre compor e produzir intuitivamente. Saber todas as ferramentas do eletrônico e poder misturar isso. Pegar um timbre que é tradicional de um e jogar para o outro. Acho que, para mim, a diversão está aí, sabe?! Nessa criação, de algo que só nossa história de vida e por onde você passou, o que você consumiu, o que você pesquisou: tudo pode se moldar e ser criado nessa escultura musical.

Eurodance: sonoridade atemporal no Brasil, da produção aos palcos

De acordo com Davi, sua construção sonora dialoga entre o clássico e o atual. O artista destaca os sucessos do Summer Eletrohits, Lasgo; e no Brasil, nomes como Jaloo, Malka, BadSista, Chediak, entre outros, foram ressaltados pelo artista, que elogia o momento da produção musical no país.

É muita gente, assim, é muito incrível poder fazer parte desse momento da música atual! Ao mesmo tempo em que existe um mercado de música eletrônica, tem muita gente que às vezes ‘esmaga’ um pouco, querendo que a gente faça coisas genéricas assim, pra ‘ficar mais fácil de vender’, e tem uma galera fazendo muita coisa massa, apenas pelo tesão de fazer música eletrônica.”

As composições de música eletrônica, de uma forma geral, e também do Eurodance, trabalham com a influência híbrida de outros idiomas, sobretudo o inglês. Questionado sobre o seu processo para compor, Davi conta que parte do fonema para a construção da obra musical e quais pontos são desafiadores, para escrever dentro do estilo que contemple a Eurodance.

“Então muitas vezes, por exemplo, na música eletrônica, fica um pouco mais desafiador você encaixar uma letra em português que soe bem aos ouvidos. Muitas vezes eu começo com o fonema, e ali, eu encaixo o que eu quero falar, porque eu já sei que o fonema tá dando certo, sabe?! É igual quando você escuta, por exemplo, uma versão de uma música em inglês, e aí, a pessoa adapta a letra ao fonema da música em inglês. Porque aquilo é o que dá certo, se mudar, já muda a magia! Isso pra mim também é uma coisa intuitiva. E aí, eu vou encaixando ali, como se eu quase fizesse uma versão da minha própria música.”

Sobre o seu estilo, Davi acrescenta: “É isso, eu acho que meu estilo agora, ele sempre foi o Pop, porque o Pop te dá essa liberdade de você transitar pra onde você quiser. Porque tudo pode ser! E é isso que me encanta! Por mais que seja eletrônico, também vai ser muito pop, assim, o próximo trabalho. Porque ele proporciona não me prender, não ficar, em estaca em lugar nenhum. Meu compromisso é com a criação.”

Como produtor musical, Davi revela que busca criar uma experiência especial para os shows, diferente do streaming e, também, atrelar à resposta do público. 

“É bom também entregar um pouco do que a pessoa escuta ali no stream, no fone, sem mudar completamente tudo, mas eu gosto muito disso! Pra mim, a pira, o tesão em fazer música é exatamente esse: ir mudando, porque minha cabeça muda de tempos em tempos, e aí, com isso muda tudo; o que eu escuto, as minhas vontades. Então, sempre gostei muito de fazer esses projetos!”

Sabbag acrescenta: “Tem a faixa, que ela é eterna, a gravação, o fonograma, e aí cada experiência do show é muito particular. É aí que você vê a reação das pessoas ao vivo! E ultimamente, eu tenho tocado as minhas músicas novas nesse meu novo projeto, que vai ser mais voltado para o eletrônico na sua raiz. E as pessoas estão gostando muito! Então, no show eu posso já ir tendo a prévia do que as pessoas estão gostando, se elas estão entendendo a vibe. E, até então, a resposta foi muito positiva!”.

Davi Sabbag, cantor, compositor e produtor musical. Foto: Acid VK1/Divulgação

 

Novos projetos sob base eletrônica

Questionado sobre novos projetos, Davi aponta que lançou recentemente uma mixtape, chamada de “[(entre)mixtape]”, com vários ritmos e baseada mais no drum’n’bass, um fio condutor entre o seu primeiro álbum “Ritual” (2019) e seu próximo álbum, que será lançado no ano que vem e já possui single finalizado. O artista revela que “sente que 2024 será transformador”.

“Tem um universo que foi criado, realmente uma era pensada, com sua história, com seu conceito particular, que é algo que eu sempre quis fazer, mas não me sentia maduro o suficiente”, diz Davi.

Sobre o novo álbum, o artista adianta: “Vai ser baseado em Trance, Eurodance, vão ter várias variações de música eletrônica junto, participações especiais, também vai ter e é isso! Muitos sintetizadores, muitas linhas de synth icônicas, muitos beats interessantes, músicas sombrias, músicas felizes, luz e sombra, espiritualidade… risos! Se ‘Ritual’ foi um ritual terreno, agora a gente vai ascender para uma outra dimensão. E aí, eu convido todos a participar da minha, fica aí, Blank!’

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