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Lorena Simpson

“Eu Quero Mais”: Novo clipe da Lorena Simpson passa mensagens de feminismo e cita caso de Marielle Franco

Na quinta-feira (27) Lorena Simpson fez seu grande retorno lançando o clipe de “Eu Quero Mais”. Essa é uma música cheia de atitude e tem muitas mensagens transmitidas dentro do clipe. A cantora contou com exclusividade ao Portal POPline quais foram os objetivos de cada parte, sempre ressaltando mensagens de feminismo, empoderamento e críticas à sociedade. Confira:

“Inicialmente, na cena do labirinto, retrata muito do que eu já passei como artista nesses anos. Eu me senti presa e sem possibilidade de portas, janelas e caminhos pra encontrar uma saída para meu trabalho, para encontrar uma letra, uma musicalidade que eu me identificasse e que pudesse trazer uma mensagem. Isso é característico do meu trabalho anterior, cantado em inglês, e eu quis trazer para o português, então a cena inicial do labirinto demonstra toda essa busca, aquele momento que a gente se sente perdido, que a gente sabe o que quer mas tem dúvida se é isso mesmo, porque está com dificuldade de encontrar e chegar até lá”.

“Uma das pessoas da equipe criativa trouxe uma interpretação linda, que é como se a gente carregasse esses fatos nas costas da gente. Quando a gente não fala, quando não se manifesta contra, quando não toma atitudes para melhorar a sociedade. Nas minhas costas aparem cenas como crimes ambientais, a lampadada da paulista, que representa a intolerância contra homossexuais, o desastre de Mariana, entre outros”.

“Temos duas cenas sobre abuso. Uma delas é a cena de contato e improviso com bailarinos. Ali você percebe que eu tento fazer as coisas e temos quatro homens não me permitindo caminhar para onde bem entendo. Isso traz muita representatividade”.

“Outro momento de representatividade foi a dublagem da Vênus. Primeiro aparece somente o rosto, e depois mãos masculinas tocando e manipulando o rosto. Hoje temos no país homens que querem decidir pelas mulheres. Não temos mulheres nos grandes cargos públicos pra decidir leis sobre as mulheres, o que é crime ou não. Homens não entendem de mulher. É uma crítica sociopolítica dessa bancada masculina”.

“Também traz uma crítica da sociedade machista, que quer direcionar a mulher. Mesmo assim uma onda de mulheres maravilhosas e feministas. Isso não é sinônimo de falta de higiene ou feminilidade, pelo contrário. O feminismo é assumir quem você é. Se você quer ser uma mulher dona de casa, se quer trabalhar ou não, se quer ser mãe ou não, o feminismo dá liberdade à mulher para fazer o que ela quiser. As femininistas fizeram essas manifestações há anos e anos para que hoje a mulher tenha poder de fala, poder de voltar. Ainda estamos buscando mais respeito e mais igualdade perante a sociedade”.

“Temos a cena do vento, é tudo aquilo que não só a sociedade, mas às vezes os amigos e próximos, querem que a gente seja. Muitas vezes as pessoas pressionam a gente para um lado e a gente quer ir para o outro. É um grito de liberdade, de ‘chega’, de ‘quero ser o que eu sou'”.

“A cena da Vênus mais aberta representa o amor. Ela sangra e representa também o aborto, que no nosso país ainda é criminalizado. Quando a gente fala em descriminalizar o aborto não significa que queremos uma lojinha de aborto a cada esquina, a gente quer que descriminalize, que quem queira fazer, consiga fazer em condições de saúde, que saiam de lá com vida. A gente sabe que as mulheres de classe alta conseguem fazer, saindo do país, enquanto isso as mulheres com menos acesso fazem e morrem. Por que não fazer de uma forma com saúde e cuidando dessas pessoas?”.

“Trazemos a última cena, a mais forte, faz uma alusão ao crime e ao assassinado da Marielle Franco e do Anderson. Ele perdeu a vida dele por ter saído de casa para trabalhar como motorista, e a Marielle que tinha uma vida política, era uma mulher negra numa bancada que a maior parte é religiosa. Ela lutava contra um monte de ideais muito firmes e defendia minorias. A gente precisa dessas pessoas, mas infelizmente tiraram a vida dela e se arrastando por quatro ou cinco meses e ninguém se importa, ninguém acha nada. É como um ‘nada muda se você não mudar’. Se as pessoas quisessem realmente mudar alguma coisa, já teríamos respostas não só para este crime, mas também o processo de Mariana (município de Minas Gerais) julgado. Mas a gente sabe como as pessoas são e só pensam em si”.

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