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Estudo revela as sensações experimentadas ao ouvir música e como um single pode ‘grudar’ na cabeça

Pixabay

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Estudo apresentado pelo Portal G1 aponta que ouvir música pode ter diversos efeitos no corpo. A pesquisa busca entender o que acontece no  cérebro quando estamos ouvindo música.

Tecnicamente, quando começamos a ouvir música, as ondas de rádio que são emitidas por um instrumento, alto-falantes ou fones de ouvido fazem nossos tímpanos entrarem e saírem.

Esse movimento é traduzido em uma cadeia de sinais eletroquímicos que atingem o córtex auditivo e, a partir daí o som é analisado em relação ao tom, ritmo, volume, timbre, harmonia, localização espacial e ressonância.

De forma geral, é como se todas as áreas do cérebro conversassem entre si, diz o estudo.

O córtex auditivo é responsável por distinguir volume e tom. Também é ele o responsável por entender o ritmo. Quando o som entra pelos ouvidos, outras áreas do cérebro também são ativadas: movimento, memória, atenção, emoção…

Diversos estudos já mostraram que a música pode ter efeitos positivos no cérebro liberando dopamina, neurotransmissor mais conhecido como “hormônio do prazer”. Apesar disso, a música afeta as pessoas de maneiras diferentes.

 

Música que ‘gruda’

Os diferentes gêneros musicais podem provocar reações diversas entre as pessoas. A música pop tende a grudar na cabeça e diversos estudos já se debruçaram sobre o tema.

 Algumas “fórmulas” de batidas e melodias são mais fáceis de assimilar e por isso viram hits. Em 2016, pesquisadores da Universidade de St. Andrews, na Inglaterra, analisaram e listaram as 20 músicas mais ‘grudentas’ dos últimos tempos.

Bede Willians, uma das autoras do estudo, disse ao jornal inglês “Mirror” que as músicas mais grudentas costumam ter em comum um ritmo tão distinguível que mesmo sem melodia é possível reconhece-las. É o caso de “We will rock you”, do Queen.

“Nosso senso de ritmo é fundamental para ser humano. Todos nós experimentamos o ritmo de nossa respiração e corações batendo e, desde muito jovens, somos inventores rítmicos virtuosos à medida que transformamos o balbucio em palavras e palavras em frases”, disse ela.

Melodias e harmonias mais simples, assim como letras fáceis e padrões silábicos, também ajudam a música pop a ficar na nossa mente.

Além disso, segundo Bede, estudos mostram que doses certas de surpresa e expectativa correspondida trazem satisfação quando ouvimos música.

“Gostamos de ter uma sensação de antecipação para o que vem a seguir quando ouvimos, mas não gostamos de ficar confusos quanto à trajetória geral da música”, explica.

“É por isso que as músicas ‘grudentas’ de sucesso contêm tantas repetições rítmicas, harmônicas e melódicas. A repetição permite que nossa mente crie uma visão abrangente da música”.

 

É muito barulhento!

Segundo estudo feito em 1998, na Universidade de Ohio,com o passar dos anos ocorre perda auditiva e alguns sons ficam distorcidos.

A percepção do idoso de altas frequências diminui e as baixas frequências – como o baixo e a bateria do rock – são ampliadas. Ou seja, para algumas pessoas, em certa fase da vida, música rock parece muito mais alta e “desconfortável” do que realmente é.

E apesar de todo o barulho e das letras violentas, o death metal não desperta desejos assassinos em seus fãs. Pesquisadores do laboratório de música da Universidade Macquarie, em Sidney, na Austrália, analisaram algumas das emoções causadas pelo estilo musical.

De acordo com os pesquisadores, a resposta emocional dominante a esse tipo de música é prazer e empoderamento. Algo semelhante a sensação causada por videogames, ainda que os com jogos considerados violentos.

 

Essa música me lembra…

É comum que uma música nos traga a lembrança de um momento, um lugar, uma pessoa, até mesmo de sentimentos.

Esta associação entre memória e uma música acontece porque ao longo de toda vida nosso cérebro é exposto a diversas melodias, notas, padrões musicais, letras e é “treinado” para fazer associações entre eles, de acordo com o estudo.

“Cada vez que nós ouvimos um padrão musical que é novo para os nossos ouvidos, nosso cérebro tenta fazer uma associação através de qualquer sinal visual, auditivo ou sensorial. Nós tentamos contextualizar os novos sons e, eventualmente, criamos esses links de memória entre um conjunto particular de notas e um determinado local, hora ou conjunto de eventos”, explica Daniel Levitin, no livro “A música no seu cérebro” (Ed. Civilização Brasileira).

E muitas vezes são estas associações variadas que definem o que é uma música boa ou ruim para cada um de nós.

“É o mesmo que qualquer outro bom / mau julgamento que fazemos – sobre comida, sobre filmes, até mesmo artigos que lemos na internet! Nós gostamos de algumas coisas e não gostamos de outras coisas.

Isso se baseia, em parte, na experiência e nas associações que temos com as experiências que tivemos no passado. Alguma coisa boa aconteceu quando esta música estava tocando antes? Ou algo ruim? Essa música me lembra algo bom ou ruim?”, explica Levitin ao G1.

 

Arrepio

A memória também contribui para que a música seja capaz de nos emocionar e até nos fazer chorar. Mas é uma reação – digamos – mais ancestral que muitas vezes nos causa arrepio.

Reagimos a certos sons porque nos causam alerta, como um grito ou um barulho alto, mas uma vez que nosso córtex pré-fontal- responsável pela tomada de decisão- entra em ação e reconhecemos o ambiente em que estamos, conseguimos sentir prazer ao ouvir a música.

Além disso, conseguir prever quando algo vai acontecer é importante para nosso instinto de sobrevivência. Se nosso cérebro consegue “ler” para onde a música está indo, ficamos mais satisfeitos e mais dopamina é liberada, causando muitas vezes o arrepio.

Mas não é todo mundo que se arrepia com facilidade. Um estudo feito por cientistas da Universidade de Harvard em 2016 testou o efeito “arrepio” e descobriu que algumas pessoas possuem mais fibras nervosas conectando o córtex auditivo ao córtex insular anterior e ao pré-frontal, os responsáveis justamente pelas emoções.

 

Música altera o humor?

Sabendo de todas estas conexões é possível afirmar que a música mexe com as emoções e o humor. Não faltam por aí playlists que prometem acalmar ou ajudar a se concentrar no trabalho.

Segundo Levitin não é apenas um único fator que pode fazer uma música desencadear um efeito de mudança no seu estado de espírito.

“Depende se gostamos da música e também do ritmo – músicas mais lentas tendem a nos acalmar, músicas mais rápidas podem nos agitar, mas nem sempre. Sons distorcidos tendem a ser mais agitados do que sons acústicos limpos. Mas, sim, as playlists de humor funcionam, para algumas pessoas, em algumas ocasiões.”

Ultimamente, as faixas ‘ao vivo’ tem sido uma opção para muitos ouvintes do streaming. Veja a análise sobre esse fenômeno clicando aqui.

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