Entrevistas

Especial Rouge – Parte 1: contrato com Sony Music, músicas nas plataformas, volta da Luciana e detalhes de “Bailando”

“O mais legal é saber que as pessoas querem. O Rouge esteve no mercado durante quatro anos, quase cinco, e nós estivemos paradas por um período maior do que trabalhamos”.

Estamos na sede da Sony Music no Rio de Janeiro, em um escritório no 40º andar de um edifício empresarial. Há um monte de gente trabalhando e o grupo Rouge se encontra em uma dessas salas, assinando o contrato responsável por colocar todas suas músicas de maneira oficial e legal na Internet – finalmente. Há certo frenesi no ambiente. Uma ‘live’ no Facebook está marcada para 19h. São 19h03 e elas ainda não estão na sala designada para a transmissão. “Vocês podem se sentar. Vai demorar”, alguém da gravadora diz para a equipe do POPline. O Rouge está na Sony desde cedo, sem hora para ir embora. É um dia cheio de compromissos.

Luciana é a primeira a sair da sala de reunião, com um sorrisão no rosto. Olha para os profissionais da gravadora, trabalhando sentados diante de seus laptops, e diz: “assinamos!”. Está muito feliz. Dá alguns pulinhos com o salto-alto que ainda a deixa baixinha. Fofa. Logo aparecem Fantine, Karin, Aline e Li. “Onde vai ser a live?”, perguntam. Correria. Já estão atrasadas. Elas entram na sala, a porta é fechada e ninguém entra, ninguém sai. Do lado de fora, você olha ao redor e tudo o que vê é: todos os funcionários assistindo à ‘live’ em seus computadores e celulares. O clima é de muita felicidade. O Rouge está de volta!es

POPline – O que significa para vocês o relançamento da discografia – agora nas plataformas digitais?

Fantine- Demorou!

POPline – Mas como vocês veem: uma celebração, um recomeço, uma nova chance?

Fantine – Tudo isso! Um recomeço, uma nova chance, uma celebração…

Karin – …e a gente colocar as coisas em seu devido lugar. Estão se encaixando. Na verdade, elas não estavam antes por uma série de coisas contratuais, com produtora e coisa e tal. Agora está tudo entrando nos eixos.

POPline – Vocês assinaram contrato de novo com a Sony Music. Como que é isso para vocês? Está todo mundo meio emocionado.

Li – Meio?!

Karin – A gente, na verdade… Pode falar?

Li – O quê?

Karin – O que aconteceu hoje.

Lu – Do Spotify?

Karin – Exatamente. A gente assinou com a Sony essa parceria para… ai, gente, me ajuda, qual a palavra?

POPline – Distribuição.

Karin – Isso! Distribuição. Para colocar as músicas no Spotify. Foi isso que aconteceu.

Lu – Apesar de existir a vontade e intenção de fazer um contrato para novos produtos.

POPline – Esse contrato é só para isso, então?

Karin – Isso!

Lu – Mas nós queremos assinar. Já estamos em negociação.

Karin – Exatamente.

Lu – É como se a gente estivesse com o pé, mas não oficializamos ainda.

Karin – Imagina se a gente tivesse assinado com a Sony hoje! A gente estaria bebendo champanhe no gargalo! Fazendo orgias sexuais! (risos) Aloka! Tô zoando!

Fantine – Cuidado! Ele é jornalista! (risos)

Li – É brincadeira!!

Karin – Falando sério, a gente está muito feliz! Tem muita coisa para comemorar!

Li – Já é um primeiro passo e a gente já está muito feliz, lógico! Temos muitos motivos para comemorar. Tem muitas coisas pela frente também, graças a Deus. Desde que a gente anunciou esses shows com o “Chá”, surgiram várias coisas. Tem música nova, enfim. Fiquem ligados para saber de tudo.

Fantine – O mais legal é saber que as pessoas querem. O Rouge esteve no mercado durante quatro anos, quase cinco, e nós estivemos paradas por um período maior do que trabalhamos. Nesse tempo,o Rouge continuou sendo pedido. O carinho ganhou o poder da nostalgia e cresceu junto com os fãs, que tem uma voz mais ativa hoje. Entrar na Sony é como voltar para casa, mas retornar para uma casa totalmente transformada, em uma indústria totalmente diferente, que funciona de outra forma. Estamos sendo reeducadas, reiniciadas por pessoas que nos recebem de portas abertas, em vez do ceticismo do passado: “será que vai dar certo o Rouge?”. Tinha até uma resistência do mercado, da mídia e parte do público. Essa resistência não existe mais hoje. Existe um respeito maior por nosso trabalho musical, pelo nosso amadurecimento artístico e pela nossa credibilidade conquistada nesse tempo. Hoje somos recebidas como novas mulheres, mulheres desenvolvidas como nos sentimos individualmente e como grupo, reforçado, mais forte. Tudo isso está sendo refletido no que temos para oferecer para nosso público. E existe um público de braços abertos, sedento. O mercado está sedento por um grupo como nós, que não foi substituído por nenhum grupo até agora. O Rouge conta uma história única. Tudo isso a gente está percebendo agora, com muita gratidão.

Lu – Eu particularmente vejo como uma nova chance, e acho que não poderia ter sido outra gravadora para continuar a história do Rouge, porque nós viemos daqui. Eu tenho uma história com a Sony muito louca. Desde criança, eu botei na cabeça que queria ser uma artista da Sony, porque a Mariah Carey e o Michael Jackson eram da Sony. Eu dizia “quando eu crescer, vou ser da Sony!”. Sabe criança que sonha? E isso aconteceu! Isso é muito maluco! Eu não imaginava que eu ia trabalhar com elas novamente algum dia, ainda mais com a Sony, então estou muito encantada!

POPline – Quando o grupo terminou, no início de 2006, vocês pensavam que voltariam a trabalhar juntas tanto tempo depois?

Karin – Jamé!

Lu – Jamais! Até três meses atrás, a gente não imaginava ainda. Três, quatro meses.

Fantine – Os fãs começaram a pedir por esse retorno e, quando o Rouge completou dez anos, eles nos surpreenderam fazendo um barulhão sobre isso. Um barulhão assustador e surpreendente, que começou a despertar nosso interesse, com diferentes visões e perguntas como “será que é um pedido que podemos responder?”, “quantos fãs são de fato?”, “algumas centenas, alguns milhares?”, “será que vai ter um público para comprar nosso show?”. Todas as dúvidas começaram a surgir, assim como ideias criativas, para a gente trazer algo bonito e interessante para o mercado, que fosse compatível com a nossa intenção como grupo. Então, desde que o Rouge cumpriu dez anos, em 2012, isso começou a ganhar força. A gente está voltando em um timing perfeito. Tudo isso que iniciou lá atrás amadureceu as nossas ideias, as nossas relações. Nós cometemos alguns erros, nos desgastamos de alguma forma, mas sempre com a intenção de acertar, sempre com a intenção de responder a esse pedido e aproveitar uma oportunidade profissional boa para nossa carreira como grupo.

Lu – Eu nunca imaginava. Eu não participei desse processo de elas pensarem em voltar. Eu não fazia parte. Eu nunca imaginei trabalhar com elas novamente.

Fantine – Mas aconteceu. Quando o “Fábrica de Estrelas’…

Lu – Mas eu não recebi o convite.

Fantine – Peraí, peraí. Quando o “Fábrica de Estrelas” aconteceu..

POPline – Como assim você não recebeu o convite? Você estava lá no programa.

Lu – Mas eu não recebi o convite delas!

Fantine – Nós tivemos uma reunião…

POPline – Tinha um climão entre vocês, não tinha?

Lu – Sim, sim.

Fantine – Uma relação mal resolvida. Então, tivemos uma reunião com o Rick Bonadio, que era a pessoa que criou esse programa, e ele nos disse que achava bom ter a Luciana no retorno. Ele perguntou “o que vocês acham?” e foi unânime: todas nós dissemos “sim, esse lugar é da Lu e isso é inquestionável, independente de qualquer diferença pessoal, porque ela conquistou esse lugar”.

Lu – Sim…

Fantine – O Rick foi o porta-voz de nossa intenção como grupo.

Lu – Eu não duvido disso, mas eu não ouvi isso de vocês.

POPline – Ela não sentiu assim.

Lu – Desta vez, eu ouvi de vocês, então foi bem diferente. Talvez eu até quisesse naquela época, não sei…

Fantine – Mas dessa vez foi igual. O Pablo [Falcão, empresário por trás do “Chá do Rouge”] te ligou.

Lu – Não. A Aline me ligou.

Aline – Eu?

Lu – Você falou comigo primeiro.

Aline – E..e..eu? (pausa) (todas riem)

Lu – Sim, você me ligou.

Aline – Mas depois do Pablo.

Lu – Ah, sim!

Aline – O Pablo foi o porta-voz primeiro.

Karin, Fantine – Sempre teve um porta-voz!

Fantine – E o convite sempre existiu.

Lu – Mas é muito diferente. Muito diferente.

Karin – Acho que, nesse momento, estava todo mundo muito aberto e maduro. Naquela época, não dava. “Vamos tomar um chazinho?” (risos)

Lu – É! Não tinha sentido. Não adiantava o Rick vir falar comigo… Agora é um chazão!

POPline – Eu sei que vocês não estão falando de “Bailando” ainda. Mas vi o Umberto Tavares no Stories de vocês. Ele tem alguma coisa a ver com a música [prevista para sair em janeiro]?

Todas – Sim!

Karin – Ele é o autor…

Lu – …e produtor da música.

Karin – Junto com Jean Junior.

Umberto Tavares, para quem não sabe, é o nome por trás dos maiores sucessos de Anitta. São de co-autoria dele “Paradinha”, “Sua Cara”, “Sim ou Não”, “Bang”, entre tantas outras. Ele também trabalha com Ludmilla, Nego do Borel, Sofia Oliveira, entre outros.

POPline – Ele que ofereceu a música para vocês?

Aline – Ele e o Pablo já têm uma relação antes do Rouge e a música chegou através dele.

POPline – O título da música é em espanhol, “Bailando”. A música é em espanhol ou português?

Aline – Nem sabemos se vai ser esse título mesmo!

Karin – A gente acabou de descobrir isso.

Aline – É. Talvez troque.

Fantine – E talvez não.

Karin – A gente apelidou.

Aline – Exatamente.

POPline – Por conta do título “Bailando”, os fãs estão desconfiados que vocês vão vir com uma pegada latina, já que o estilo está super em alta. É isso mesmo?

Li – A gente sempre teve essa pegada latina, né? O “Ragatanga” mesmo…

Aline – “Brilha la Luna”, “Vem Cair na Zoeira”….

Li – A gente sempre brincou muito com o latino, porque era meio que uma identidade nossa. Acho que agora, com um trabalho novo, não poderia ser diferente. A gente precisava imprimir isso nesse novo trabalho.

POPline – Então sim, né?

Karin – Sim o quê?

POPline -A música tem uma pegada latina.

Karin – Hum?

POPline -A música tem uma pegada latina!

Karin – Hum? (todas riem, porque não podem dar detalhes)

Aline – A música tem uma pegada Rouge!

Karin – (risos)

POPline -Estou tentando pegar algo pelas pistas! (risos)

Karin – Continue tentando! (risos) É isso mesmo! A onda é essa!

Luciana – Mas é que a gente não pode falar!

Li – Música brasileira é música latina, né mores?

Fantine – Uma coisa é clara: o Rouge sempre seguiu tendências do mercado, sim. Somos artistas pop.

Karin – Criamos tendências no mercado também.

Fantine – Sim, criamos. E a gente sempre leva em consideração trazer uma mensagem de substância para nosso público, com coisas que são reais em nossas vidas.

Está gostando da entrevista? Sábado (2/12) tem a segunda parte aqui no POPline. O grupo vai falar de DVD, músicas novas, composições, e ideias para vários projetos – incluindo um musical teatral.

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