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Entrevista: Yann conta como conseguiu lançar um clipe com Britney Spears, Demi Lovato, Lorde, Celine Dion e tantos outros

Um antes e depois de “Igual”. Com um EP lançado, o cantor brasileiro Yann não era muito conhecido dos fãs de música pop até causar alvoroço com o lançamento do clipe dessa música. O vídeo conta com participações de (em ordem alfabética) Alfonso Herrera, Boy George, Britney Spears, Bruno Gagliasso, Céline Dion, Chelsea Handler, Claudia Alencar, Criolo, Demi Lovato, Diplo, Dita Von Teese, Elza Soares, Fernanda Lima, Jason Mraz, Jesuíta Barbosa, John Waters, Laerte, Lana Wachowski, Lorde, Luba, Melanie C, MØ, Nico Tortorella, Sonia Braga, Tegan Quinn (Tegan & Sara) e The Chainsmokers. O mundo inteiro se perguntou: quem é esse cara que conseguiu reunir tantos nomes de peso em um clipe?

Autor de suas próprias músicas e roteirista de seus clipes, Yann é cara de pau: não tem vergonha de abordar e perguntar. No seu primeiro EP, já havia uma música com participação da atriz Mariana Ximenes. Mas “Igual”, claro, é outro nível. Quem poderia imaginar que um brasileiro desconhecido teria Britney, Celine, Demi e até Boy George em seu clipe? Até a Billboard americana publicou uma matéria sobre essa história. O cantor convenceu essa galera por causa da temática da música: ela foi criada como um manifesto contra a violência sofrida por pessoas LGBTI+ no Brasil, especialmente para ser tema da Parada LGBTI do Rio de Janeiro neste ano. Yann conta tudo isso e muito mais em entrevista ao POPline. Confira!

Como você conseguiu reunir todos esses nomes? É o que todo mundo quer saber.
Começou mais ou menos há uns seis meses. Criei esse projeto maluco e não queria colocar um limite nele. Pensei: quais pessoas seriam meu sonho maior de vida para participar? Fui falar com elas. Foi isso. Fui atrás de cada um, falei do projeto, mostrei meu trabalho, viram quem eu sou, escutaram minhas músicas… Foi simples assim: perguntei se as pessoas topavam.

Muitas pessoas poderiam não perguntar, por achar óbvio que os gringos não topariam.
Não tenha medo! Pergunte, porque você realmente pode se surpreender. Tipo, Britney Spears! É louco. Mas ela viu que era por uma causa boa. Obviamente, sua equipe quis ver o corte final do clipe, quis ver tudo, mas entendeu que era por uma causa boa. Viram que a música era bacana, viram quem eu sou como artista, viram que era um projeto realmente sério. Por que não?

Qual foi a primeira participação que você conseguiu?
Fernanda Lima! Ela foi tão fofa! Eu mandei o projeto e, quando ela respondeu, já respondeu com o vídeo dela. Ela nem questionou. Eu obviamente mandei um senhor e-mail, com link de tudo, todas as explicações e, quando ela respondeu, já mandou o vídeo.

Como surgiu essa ideia?
Por ser gay, ter uma voz que posso usar por essa causa e ver a situação do Brasil que é desesperadora, pensei: “tenho que fazer alguma coisa”. As pessoas não percebem o quão ruim está para a comunidade aqui. Eu queria falar sobre isso não só nas minhas músicas, que já falo, mas de uma forma não tão manifesto quanto esse clipe. Pensei “preciso fazer algo um pouco mais político”. E também pensei “não posso ganhar dinheiro em cima disso”, porque não creio que é moralmente certo lucrar em cima de um manifesto pela comunidade. Então, me associei ao Grupo Arco-Íris, que tem mais de 20 anos e é de fato uma ONG séria. Toda a grana vai para eles, que fazem um trabalho muito além de organizar a Parada do Rio.

E você esperava essa repercussão toda? Com tantas divas, esperava, né?
Sim e não. É muito louco. Acho que a ficha ainda não caiu: o tamanho que se tornou esse clipe e o nível das pessoas que falaram “vou topar participar do projeto daquele brasileiro ali”. Eu estou começando minha carreira. Lancei só um EP e não tenho um grande histórico. Mas tenho uma força de vontade enorme! Melhor do que poder trabalhar com pessoas que de fato me inspiraram enquanto eu crescia, é poder fazer isso pela causa que faço parte.

Como foi sua reação quando saiu uma matéria na Billboard americana?
Eu publiquei em tudo quanto é lugar! Gritei! Liguei para cada um gritando: “estamos na Billboard americana, o que está acontecendo?!”. Muito louco. E começou a sair em várias mídias americanas. Várias, várias. As pessoas entraram em contato. Eu sou independente, não tenho milhões de reais para investir, e consegui fazer isso. É legal ver que as pessoas de fato acreditam em mim como artista, e não na marca que criei ou o que quer que fosse. Das pessoas que aparecem no clipe, várias pediram para ver o corte final para aprovar. E aprovaram. Gostaram da música. Sou validado por diversos dos meus ídolos! O artista é muito inseguro, então se sentir validado por pessoas que você admira como heróis, não tem nem como agradecer.

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