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Entrevista: vindo ao Brasil, Christian Chávez fala sobre “cura gay” e responde tudo o que você quer saber sobre RBD

“Eu cresci em uma escola católica e passava as noites pedindo a Deus para que ele me mudasse”, conta.

Ele é possivelmente o ex-RBD mais brasileiro que existe, mas não vem ao país há quase quatro anos. O ator e cantor Christian Chávez, o eterno Giovanni de “Rebelde”, já até morou em São Paulo, quando fez parte do elenco do programa “Esse Artista Sou Eu”, do SBT, e é capaz de falar um português bem compreensível. Também tem Anitta e Pabllo Vittar em sua playlist no celular, e alguns crushes espalhados por aqui. Para matar a saudade dos fãs, ele está de viagem marcada para voltar ao Brasil em outubro. Serão quatro pocket shows: dia 5 em Belo Horizonte, 6 em Porto Alegre, 7 no Rio de Janeiro e 8 em São Paulo.

A agenda faz parte de uma turnê chamada de “Intimates”. Além de cantar, Christian Chávez também vai passar um tempo com os fãs em cada um dos eventos. Vai responder perguntas, dar autógrafos, tirar fotos, e distribuir beijos e abraços. Os ingressos variam entre R$150 e R$ 500 (inteiras). Para falar sobre isso e muito mais, o mexicano atendeu uma ligação do POPline nesta terça (26/9) e respondeu todas nossas perguntas. Confira!

Oi Christian, tudo bem?
Um pouco triste por tudo que está acontecendo na minha cidade principalmente. Mas tudo bem.

Sim, eu imagino. É lamentável.
É. Mas a vida tem que continuar, né? [fala em português]

Então, vamos lá. O que você está preparando para esses shows aqui no Brasil?
Algo muito especial. Você quer que eu fale em português ou espanhol?

Pode ser espanhol.
Sim? A verdade é que estou muito feliz de voltar ao Brasil depois de quase quatro anos, depois do programa “Esse Artista Sou Eu”. Mas, para estar com os fãs e realmente cantar para eles, já são quase cinco anos. Sou o único que não voltei ao Brasil em muito tempo. Tenho muita saudade e acredito que vai ser um momento muito importante porque agora estou passando por uma situação na qual minha alma dói, depois de ver o que está acontecendo com meu país e ao redor do mundo. Poder ir ao Brasil vai ser como um presente de Deus, porque os brasileiros sempre me deram amor, carinho, apoio. É como visitar a casa dos pais: alguém que te ama incondicionalmente. É formidável poder cantar oito, nove canções, que vão se lembrar do RBD, do primeiro disco até o último. Vai ser algo íntimo, então também vamos poder conversar, almoçar juntos, passar um tempo e depois esse pocket show. Estou cheio de vontade de cantar ao vivo!

Vai cantar algo inédito?
Algo inédito? Hum.. Bem, isso é surpresa! (risos)

Seu último single foi “Tóxico”. Depois disso, já voltou ao estúdio para trabalhar em novas músicas?
Na verdade, não. Estou me dedicando mais à parte de atuação. Estou em uma série da Sony, que se chama “La Bandida”. É uma série de época, então estou mais focado na parte de ator. Também fiz um musical e terminei outra novela com o Pedro Damián, de “Rebelde”. Estou me dedicando mais a isso, mas a música sempre foi parte de mim, então espero voltar logo a estúdio também.

Mas você tem planos para um álbum ou prefere fazer assim, single por single?
Eu acho que é melhor single por single, a menos que… Eu estava pensando em um álbum com músicas-tributo, mas agora não sei. Single por single acho que funciona melhor agora.

Você falou do terremoto no México, mas está vindo ao Brasil em uma também época cheia de problemas políticos e econômicos por aqui. Recentemente, um juiz concedeu uma liminar que dá direito a psicólogos exerceram tratamento de “reversão sexual”, a chamada “cura gay’. Qual sua opinião?
Isso me parece uma bosta! (risos) É até engraçado, porque a Organização Mundial da Saúde já deixou muito claro que a homossexualidade não é uma doença. Não tem porque existir esse tipo de coisa. Acredito que isso só serve para confundir as pessoas e fazê-las se sentirem mais culpadas. Vou te dar minha opinião: eu cresci em uma escola católica e passava as noites pedindo a Deus para que ele me mudasse, porque não era bom o que eu estava sentindo. Eu pedia a Deus para que ele tirasse isso de mim. Por que não aconteceu? Porque não é algo que Deus não queira. Não é uma doença. É algo que existe. As pessoas que podem entrar em um tratamento assim é porque estão desesperadas, pensando que Deus não as ama e que estão fazendo algo mau. O que temos que fazer é simplesmente reforçar que não é justo que tanta gente tenha morrido e lutado para que nós tenhamos direitos, e agora venham falar em curar algo que não é doença.

Que mensagem você manda para as pessoas LGBTQ do Brasil que possam estar vivendo situações de intolerância em casa, na escola, na religião, no trabalho?
O melhor conselho que posso dar é que se encontrem dentro de si mesmos. Encontrem essa força. Sempre vai haver amigos, família, alguém que os apoie. Se não tem ninguém na família te apoiando, tem um amigo, se não tem um amigo, vai ter outra pessoa. Sempre, ainda que você não acredite nisso. Acho que isso é importante. Aqui no México, sou a cara de uma campanha…

…sobre prevenção ao suicídio, certo?
Isso. Para que diminue o suicídio entre os jovens. Para mim, está sendo bastante árduo ver como o suicídio cresceu tanto entre os jovens – sobretudo com mensagens pelas redes sociais. O mais importante que posso dizer para os LGBTQ do Brasil é que se amem e acreditem de verdade que Deus os ama. Somos pessoas com muito amor, muitas coisas para dar, muito talento. Vamos seguir caminhando juntos, lado a lado, para que todos tenhamos essa consciência.

Não posso falar contigo sem tocar no tema RBD. Isso te incomoda?
Não, imagina!

Primeiro ponto: muitos fãs reclamam porque as músicas não estão totalmente no iTunes, no Spotify ou em qualquer outra plataforma. Qual é o problema?
A verdade é que não sei. Só sabemos que… o que posso dizer é que… nós éramos parte da EMI e, no final, a EMI foi vendida. Foi um pedaço para a Universal Music, um pedaço para a Televisa, então acho que existem muitos direitos envolvidos e ainda não sabem o que é de quem. Às vezes o material entra nas plataformas e depois tiram de novo. Está confuso. Estou como todos os fãs, sem saber o que está acontecendo.

Segundo ponto: o documentário que o Pedro Damián fala há anos. O que você sabe desse projeto?
(risos) Também nada! Eu me lembro que falei com Pedro há uns três anos e me falou que tinha essa vontade de fazer o documentário. Ele me mostrou tipo um trailer, então sei que existe, que está aí. Mas não sei quando vai lançar.

O reencontro do grupo é inviável, né?
Eu não diria nunca, mas a gente já cresceu. Acho que, desde que o grupo terminou, nós deixamos claro que queríamos que todos lembrassem do RBD como o que foi – uma lenda – e isso está aí. Nunca falamos sobre um reencontro, sobre voltar, então o documentário seria muito lindo para todos recordarmos essa época maravilhosa e coisas especiais que vivemos. Mas um reencontro é mesmo pouco viável.

Você já gravou uma música com a Anahí, “Libertad”. Se pudesse gravar outra com outro membro do grupo, quem seria?
Não sei, porque as pessoas ficam… [pausa] Ah, para mim, seria legal gravar uma música com a Dulce ou com a Maite. Seria muito, muito bom.

Mudando de assunto, que músicas andas ouvindo?
Calma aí. Vou abrir minha playlist. [pausa] Estou escutando Little Mix, “Joanne” da Lady Gaga, Britney Spears, Nicki Minaj, Ed Sheeran, Kesha, Sofia Carson, Demi Lovato, Kelly Clarkson, Anitta e Pabllo Vittar…

Ah, você gosta?
Sim! Gosto, gosto muito!

Para terminar, uma mensagem para os fãs do Brasil.

Que eu os amo muito! Muitíssimo! Muitíssimo obrigado pelo coração lindo que vocês têm e por sempre terem uma palavra quando alguém está triste e sente que as coisas não estão funcionando. Obrigado por ser um país tão maravilhoso e sempre ter me dado tanto amor. Espero poder abraçar e beijar cada um de vocês.

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