Do Pará ao Brasil! O tecnomelody – conhecido por suas batidas eletrônicas misturadas com gêneros regionais como calypso, brega e carimbó, tem conquistado o coração do país. Nomes como Pabllo Vittar e Pedro Sampaio já apostaram no estilo, mas artistas locais como Viviane Batidão e Manu Bahtidão são as responsáveis por popularizarem o ritmo e fazer com que o consumo do som paraense chegue aos ouvidos dos brasileiros.
“Estamos lutando há décadas por visibilidade e aceitação da nossa música que é tão linda, tão cultural, mas também tão pop. Sinto que estamos rompendo barreiras. O feedback chega quase todos os dias através de fãs em redes sociais, que ainda bem que estão ao nosso favor pra levar ainda mais longe nosso tecnomelody”, declarou Viviane Batidão ao POPline
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O tecnomelody, assim com o funk, surgiu da periferia e sofreu muito preconceito! O ritmo paraense ganhou vida nos anos 2000 e começou a ter força depois que bandas como Tecno Show, liderada por Gaby Amarantos, decidiram se aventurar pela mistura dos estilos como carimbó e calypso, junto com elementos da música eletrônica e pop.
Toda essa fusão foi considerada inovadora na época e logo intitulada como tecnobrega. No entanto, com a evolução do mercado fonográfico, instrumentos como guitarra e arranjos criados a partir de programas de computador, o ritmo começou a ser chamado de tecnomelody. Além disso, as composições sempre giram em torno do empoderamento feminino, situações vividas no cotidiano paraense e desilusões amorosas.
Após este avanço, Viviane Batidão – conhecida como a rainha do tecnomelody, começou a explorar o estilo e se tornou a principal responsável por dar visibilidade nacional ao ritmo. A cantora foi uma das primeiras paraenses a se apresentar em programas como Domingão do Faustão, Hoje em Dia e Legendários – onde performou ao lado de Joelma. A artista que possui uma colaboração de sucesso com ninguém menos que Gretchen, também se apresentou no Rock In Rio 2019.
A cantora paraense, que começou a carreira em 2007, contou ao POPline que sempre foi muito difícil a aceitação de músicas, artistas e shows completos com o estilo em outros estados do Brasil, mas que com o avanço das redes sociais, o ritmo tem alcançado cada vez mais pessoas e consequentemente, o aumento da demanda tem sido cada vez mais crescente nos últimos meses.
“(Cantores e bandas seguem) lutando insistentemente por um reconhecimento de um ritmo tão maravilhoso, com uma identidade singular e que carrega consigo uma força cultural e popular periférica. Sou cantora de tecnomelody e muito fã do ritmo, amo e acredito na nossa força, sei que o momento desse reconhecimento tá chegando e sim, a união se faz super necessária, pode parecer uma frase clichê, mas “uma andorinha só, não faz verão”. Isso se aplica perfeitamente para artistas do nosso seguimento”, continuou a estrela.
Depois de Viviane, outros artistas como Gaby Amarantos – já em carreira solo e com apelido de “Beyoncé do Pará”, também começaram a atingir popularidade no restante do país, garantindo participações em programas de televisão nacionais. Em função dessa ampla divulgação do estado perante o Brasil, o estilo foi reconhecido como Patrimônio Cultural do Pará.
Músicas como “Olha Bem Pra Mim” e “O Jogo Virou” são os maiores hits de Viviane! As faixas e os videoclipes somam milhares de visualizações nas plataformas de streaming. No entanto, a virada de chave aconteceu com o lançamento da turnê “Rock da Rainha”, com shows especialmente voltados ao tecnomelody e ao famoso “rock doido”.
“(A turnê) fez eu enxergar meu próprio trabalho com mais segurança e entusiasmo. Eu sempre quis muito entregar um trabalho ao meus fãs e público dessa forma, com qualidade, visual, dança, efeitos, um espetáculo como eu amo ver em artistas internacionais e nacionais principalmente do pop, acho o Tecnomelody e o próprio brega extremamente pop. Criar o projeto Rock da Rainha, investir e acreditar que iria dar certo não foi fácil, porque não dependia só de mim ou da minha equipe, mas a resposta foi quase imediata, a aceitação e valorização foi incrível”, refletiu a diva.
A cantora mistura as tradicionais canções “marcantes” e um pouco das vertentes do brega e funk. Para a turnê, Viviane leva ao espetáculo, um cenário temático e arrebata seus fãs. Vale destacar que com essa popularidade, artistas como Pabllo Vittar e Pedro Sampaio passaram a utilizar o ritmo em faixas do álbum “Batidão Tropical” (2021) e no single “No Chão Novinha (Remix)” (2022), respectivamente.
Durante a entrevista ao POPline, a rainha do tecnomelody confirmou que está preparando o lançamento de novos singles, incluindo videoclipes e tem mais… A turnê ganhará uma segunda etapa, desta vez intitulada: “Rock da Rainha: A Evolução”.
“Estou gravando um set visual lindo pra disponibilizar aos fãs, de músicas novas e também recém-lançadas. Será um ano de muitos trabalhos visuais viu?!. E vem aí, o “Rock da Rainha: A Evolução”. Se já era muito bom, imagine ainda mais evoluído. Eu coloquei a palavra “Evolução” no novo show porque traz muito de mim, da minha história como artista e como mulher”, finalizou Viviane Batidão.
Vale destacar que em 2009, a Banda Djavú, apesar de ter surgido na Bahia, se tornou conhecida como um expoente do gênero no sul e sudeste do país, repercutindo nas rádios e programas de televisão com canções como “Me Libera” e “Não Desligue o Telefone”. No entanto, algumas pessoas acusaram o grupo de não fazer parte do movimento e lucrar sem ter a representatividade da cultura paraense.
Outro destaque vai para cantora e compositora Manu – também conhecida como Manu Bahtidão. A estrela recém-contratada da WorkShow, nasceu em Alagoas, mas logo que iniciou sua carreira na música, mudou-se para Belém e assumiu o posto de vocalista da BANDA BATIDÃO em 2009. O grupo se fixou no mercado paraense com diversos hits do tecnomelody.
Mas em 2015, a estrela decidiu investir em sua carreira solo e dedicou esforços na missão de tornar o tecnomelody cada vez mais conhecido no Brasil. Com seis álbuns lançados, suas canções e videoclipes acumulam milhões e milhões de streamings e visualizações. Além disso, a cantora soma parcerias com grandes nomes da música brasileira como Simone Mendes, Lucas Lucco, Tierry e muito mais.
Dentre os sucessos da diva, o destaque vai para o álbum “Maquina do Tempo”, lançado em fevereiro deste ano. O projeto chegou com 13 faixas incluindo seis grandes hits os quais seus videoclipes ultrapassam 30 milhões de visualizações. Com ampla repercussão nacional, a cantora ganhou destaque por influenciadores como Gkay.
Atualmente, a cantora soma 1 milhão de seguidores no Instagram e quase 500 mil ouvintes mensais no Spotify. Seu último lançamento é a faixa “Quem Perde é Quem Trai”, uma versão em tecnomelody do hit icônico “The Climb” de Miley Cyrus.
E os charts?
Mesmo com números super expressivos de streams e visualizações, ainda não observamos canções de tecnomelody chegando a charts nacionais como o Top 100 do Spotify Brasil, por exemplo. Qual seria a causa? Direcionamento? Investimento? Visibilidade por parte de gravadoras? No entanto, isso está prestes a mudar!
Um movimento cultural periférico – criticado e marginalizado, está caminhando em direção à ascensão nacional, graças a valorização de seus artistas que seguem batalhando pela consolidação do ritmo no cenário musical brasileiro como um todo, mesmo sem o apoio considerado “necessário” para romper barreiras.
Além disso, com o avanço das mídias sociais e o aumento do alcance da divulgação por parte de cantores nacionais como Anitta, Pabllo Vittar, Pedro Sampaio e mais, portas para artistas locais como Viviane Batidão e Manu Bahtidão, estão se abrindo cada vez mais. O fato é que o ritmo paraense está conquistando seu espaço e novos artistas estão chegando com capacidade de fazer história.