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Entrevista: Sheppard se encontra com POPline antes do Rock in Rio e avisa que “não chegou ao palco principal do nada”


Para muitos, a banda Sheppard caiu de paraquedas no Rock in Rio – tocando no Palco Mundo, em uma noite de grandes nomes: a headliner Rihanna e o vencedor de toda a última temporada de prêmios Sam Smith. Mas não é bem por aí. O grupo, vindo da Austrália, tem uma história bem interessante, e não começou ontem, como pode parecer. Ele chega ao festival carioca após um 2015 repleto de shows em todo o mundo, incluindo uma turnê por todos os festivais de verão europeu. Tipo… todos.

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Sheppard é o nome da família. A banda tem três irmãos – George, Emma e Amy – e começou despretensiosamente, em casa. Amy pediu ajuda do irmão para criar uma música para o trabalho de um curso, e aí firmou-se a parceria. A banda aumentou, com Emma e outros músicos de fora da família, e começou a chamar a atenção na Austrália, ainda de forma independente. O single “Let Me Down Easy” fez sucesso antes de assinarem com uma gravadora, mas foi “Geronimo” que os colocou em outro patamar. Já com gravadora e empresário top de linha (o mesmo do Justin Bieber), os irmãos ficaram semanas a fio no topo da parada australiana e ganharam um trampolim para tocar em outros países.

No Brasil, o Sheppard já tem até fã-clube, embora não seja exatamente popular. É o caso típico de uma banda indie, com público fidelizado, e longe do cenário mainstream. Mas o Rock in Rio pode mudar isso. Com uma plateia de 85 mil pessoas diante deles e mais todos os telespectadores, o Sheppard tem sua chance de conquistar um público maior com essa passagem pelo Brasil. Sempre antenado, o POPline bateu um papo com eles em um hotel em Ipanema.

Na última vez que falei com o George, ele disse que vocês queriam conhecer o Corcovado e eu vi que essa foi uma das primeiras coisas que vocês fizeram no Rio. Como foi?
Amy: Sim, foi maravilhoso! A gente é sortudo, porque acho que é baixa temporada no momento, então não havia tantos turistas e a gente pôde aproveitar bastante.
George: Mas a vista é o incrível! Quero dizer, a estátua é linda pra caramba, mas o principal pra mim foi a vista de todo o Rio. Poder ver toda essa cidade incrível foi demais.
Emma: A gente viu também o Pão de Açúcar. É assim que se diz? Maravilhoso. O pôr do sol atrás do Cristo… é tudo maravilhoso.

Então ontem foi dia de folga?
Emma: Sim! Fizemos tudo ontem.

O que mais vocês fizeram?
Emma: A gente foi no Cristo, jantamos, comemoramos o aniversário da Amy…
Amy: Fomos à Copacabana e fizemos compras!

Quais são suas primeiras impressões da cidade?
George: É muito bonita e as pessoas são muito amigáveis. Eu sou bem fã de praia, então qualquer cidade que tem praia já está boa para mim. (risos)

Alguns fãs estavam me mandando mensagens perguntando sobre informações de sua estadia no Rio de Janeiro. Vocês já encontraram eles por aí?
George: Sim! Nós, na verdade, temos um grupo de fãs aqui, chamado “Sheppard Brasil”. Eles são muito animados e vieram nos ver no hotel. Esperaram pela gente, tiraram fotos… É muito legal isso, porque somos pessoas normais, que começaram a fazer música e ninguém se importava com a gente há cinco anos… há dois anos… As pessoas ainda não se importam, na verdade! (gargalha)

Vocês são todos jovens e todo mundo sabe o que significa uma banda jovem na estrada: “vamos para as festas, ficar bêbados e fazer sexo com groupies do Brasil”.
Amy: ah…
George: Parabéns!!!

Maaaas… Eu sei que há uma “mamãe Sheppard” que viaja com vocês [é a empresária]. Isso os inibe de fazer coisas loucas na estrada?
Amy aponta para a mãe, que estava o tempo todo a um metro assistindo à entrevista.
George: Sim, nossa mãe está ali para parar qualquer fornicação! (risos)
Amy: Eu acho que “coisas loucas” não é o que queremos no fim do dia…
Emma não para de rir olhando para a mãe, que dá um aceno para o repórter.
George: Ela está ouvindo tudo.
Emma: Ela nos dá bastante espaço. A gente pode, sim, sair e beber se queremos, mas a gente é bem tranquilo.
George: Eu acho que as bandas hoje em dia não podem realmente fazer essas loucuras, tipo antigamente, num nível Rolling Stones. Uma banda bem sucedida é também muito ocupada. A gente tem que acordar cedo todos os dias, fazer os shows e você realmente acaba precisando dormir. Se você sair para festa e ficar bêbado, o que eu ainda faço (risos), é difícil acordar no dia seguinte e dar o seu melhor.

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Vocês vão tocar no Rock in Rio, que está com ingressos esgotados…
George: Uhul!!!

Vocês vão tocar para 85 mil pessoas…
George: Ual!

Já tocaram para tanta gente assim?
George: Uma vez, a gente tocou em Viena no festival de uma rádio para 80 mil pessoas, mas aqui é mais, né? Quantas são mesmo?

85 mil.
George: Sério? Ok, são cinco mil a mais que Viena. Vai ser nosso maior público.

E em Viena? Como foi ter tanta gente na frente?
George: Era o festival de uma rádio, com vários artistas e shows com setlist pequena, sabe? Foi literalmente… qual a melhor palavra para dizer? Surrealista! Você não sente que está na realidade, com tanta gente na frente e você no palco. Você não consegue identificar uma única pessoa. É uma loucura de gente!

E o que vocês estão sentindo para esse show no Rio?
George: Estamos incrivelmente excitados. A gente não planeja muito as coisas. A gente aproveita cada show que aparece, mas vai ser demais. Estamos muito animados.

Vocês tem só um álbum e vão tocar no palco principal do Rock in Rio. Vocês concordam que as coisas estão acontecendo bem rápido para a banda?
George: Hum.. Eu acho que é engraçado como o sucesso pode levar alguns anos para chegar. A gente está tocando há cinco anos juntos e sente que as coisas vêm acontecendo muito gradualmente. Não chegamos ao palco principal do nada. Sim, quando começou a acontecer, foi acelerado, mas, bem, estamos prontos! Totalmente prontos e animados.

Eu dei um Google e vi que vocês fizeram mais de 50 shows neste ano, contando os festivais, a turnê própria, a turnê com a Meghan Trainor…
Amy: 50?
George: É legal, que a gente nunca contou isso. Você contou?

Na verdade, tinha um site que mostrava todos os shows deste ano e apontava lá 53 apresentações até o momento.
George: Uau!

Quais foram os melhores momentos da turnê neste ano?
George: Acho que a melhor parte foi a turnê pela Europa. A gente fez todos os festivais de verão em um ônibus, dirigindo por aí e tocando nesses lugares incríveis. Essa etapa em especial foi a minha favorita neste ano.

E algum país em especial?
George: Portugal foi legal demais!
Jay: Sim, foi outro nível.
George: Demais.

2015 Radio Disney Music Awards (RDMA)

O álbum do Sheppard saiu há um ano e eu vi uma foto de vocês em estúdio recentemente. Já estão pensando no próximo?
George: Você tem que olhar para frente! Sim! (risos) A gente tem uma música gravada para o segundo álbum, e estamos empolgados. É tipo um experimento para nós. A gente teve cinco semanas para relaxar, e tivemos algum tempo em estúdio também ao mesmo tempo, então foi tipo ir lá muito relaxado e fazer experimentações para descobrir a direção que vamos seguir. Estamos tentando nos reinventar e estamos muito felizes.

A gente pode esperar o álbum para 2016?
George: Sim! A Austrália já está com o “Bombs Away” por mais de um ano. A Austrália provavelmente já está pronta para músicas novas do Sheppard. Mas é complicado, porque lançamos o álbum nos outros países bem depois, então tem isso tudo. Vamos ver o que acontece. Mas queremos lançar no ano que vem.

OneRepublic tocou aqui na semana passada no Rock in Rio e depois escreveu uma música sobre o Brasil. Vocês acham que essa experiência da turnê também vai refletir no álbum de vocês?
George: Eu acho que sim. É difícil que tantos meses nessa experiência não afetem você como pessoa. Nós todos crescemos imensamente com essa turnê, não apenas como músicos, mas como pessoas…

E há todas as questões intrínsecas, tipo saudade de casa, dos amigos..
George: Sim! Tudo isso faz parte de uma turnê. Todas as frustrações e os momentos maravilhosos. Isso nos ajuda a criar como artistas, então definitivamente vai influenciar o álbum.

E música brasileira? Vocês conhecem algo?
George: A gente conheceu uma banda amável chamada funk.

Funk? Funk é um é um gênero, na verdade. Vocês gostaram?
George: Sim, não está mal! *começa a cantar “Eu Vou Parara Tibum”*
Jay começa a rir. George gargalha. As meninas também. Tento continuar, mas é um ataque de riso real e ninguém para. Também começo a rir. 10 segundos depois…

Ouvi dizer que vocês vão participar da novela “Malhação”! Vão só tocar ou atuar também?
Amy: Eu não sei… A gente vai atuar? Eu acho que vamos só tocar. (George ainda está rindo)
George: A gente está sempre atuando! Sempre atuando! (risos) Talvez a gente fale algo, mas não recebemos nenhum script, então não acho que vamos ter nenhuma frase!
Amy: Acho que vai ter sim uma ou duas linhas para falar…

Vocês vão tocar “Geronimo”?
Amy: Sim!

Ok, última pergunta. Na última vez que falei com o George, pedi uma mensagem para os fãs brasileiros. Agora, quero que vocês mandem um recado para quem não conhece o Sheppard e vai estar no festival.
George: Bem, oi pessoas que não conhecem o Sheppard!
Amy: Por favor, dancem.
George: Nós amamos o Brasil, queríamos vir há muito tempo e estamos muito felizes de estar aqui. É incrível para a gente e vamos dar toda nossa energia no show. Só esperamos que vocês nos deem essa energia de volta!
Amy: Sim, estamos muito animados para o show e espero que vocês virem fãs da gente.