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Entrevista: Pablo Alborán, o espanhol que quer conquistar o Brasil


O cantor espanhol Pablo Alborán, indicado 14 vezes ao Grammy Latino, tem três álbuns de estúdio e dois ao vivo lançados – mas pouca gente no Brasil sabe disso. Quando faz turnês, percorre toda a América do Sul, inclusive com shows extras, mas nunca consegue se apresentar no país. E detalhe: ele é fã de música brasileira desde criancinha. Conquistar o mercado brazuca é um sonho – e pode estar prestes a realizar. Com o single novo, “Saturno”, Pablo conseguiu entrar no Top 50 do iTunes brasileiro e chamar alguma atenção. Veja o clipe:

Com a abertura do mercado nacional para a música em espanhol, Pablo não esconde seu interesse em visitar o país para promover seu álbum novo – que sai em novembro cheio de influências brasileiras. Quem é noveleiro talvez não saiba mas já conhece sua voz: ele é o cantor de “Dónde Está El Amor”, dueto com Tiê, que entrou na trilha de “Haja Coração”, da Globo. Agora, ele está com duas músicas sendo trabalhadas ao mesmo tempo: além de “Saturno”, tem também “No Vaya a Ser” – mais dançante. Conheça o som do cara e leia abaixo a entrevista que ele concedeu ao POPline!

É a primeira vez que uma música sua entra no ranking das mais vendidas por aqui. Quais são seus planos para o país?
Uau! Meus planos são ir ao Brasil. Estou louco para ir ao Brasil no ano que vem e poder cantar, conhecer meus fãs, e aprender mais sobre o seu país, que é maravilhoso. Estou muito agradecido pelo carinho e pela gente estar apoiando minha música nova.

A música em espanhol está começando a entrar no Brasil, por fim, com Luis Fonsi, Maluma, J Balvin. O mercado brasileiro também é um objetivo para você?
Sim, a música brasileira é uma chave para mim desde que eu era pequeno. Uma influência mesmo. Os clássicos brasileiros, da bossa nova, os clássicos em geral, me deixam louco. São parte de mim cada vez que componho. Sempre aparece uma bossa nova. Nesse disco novo, tem uma bossa nova e tem uma música com grandes instrumentos brasileiros de percussão. Eu necessitava incluir nesse projeto. Então… viva ao Brasil! Quero chegar aí.

Como surgiu esse interesse todo pela música brasileira?
Foi desde criança. A primeira coisa que aprendi a tocar no violão foi um padrão de bossa nova. Sou encantado. Adoro Caetano Veloso, Gilberto Gil, Alcione… existem muitos artistas brasileiros que eu gosto muito.

Você gravou com a Tiê e foi tema de novela aqui. Tem outros artistas brasileiros com quem você gostaria de gravar?
Sim, claro! Marisa Monte é uma artista que me encanta. Carlinhos Brown também. Alcione! Gosto muito da Alcione! Acho que ela é uma das clássicas e tem um poder impressionante cantando! Ah, muitos mais. Eu realmente gosto. Primeiro, tenho que ir ao Brasil, conhecê-los e que as pessoas mesmo me recomendem algo: ‘seria legal que fizesse uma colaboração com…’. Eu tenho muita vontade de aprender sempre. Aprender música brasileira!

Você sabia que tem um fã-clube brasileiro com quase duas mil curtidas no Facebook?
Sim! (risos) É maravilhoso. Eu tenho uma família no Brasil, que eu amo, que tenho muito carinho. Essa família cuida de mim desde o início e espero que ela cresça. Estou louco por conhecer a todos.

Você é conhecido em muitos países, já vendeu muitos álbuns e ganhou indicações ao Grammy. Não te chateia a ideia de começar do zero em um mercado específico como o Brasil?
Pelo contrário! Eu adoro esses desafios. Eu me chatearia se não tivesse essas oportunidades. Mais do que isso, poder ir a algum lugar como o Brasil, que não sei se conseguiria ir de outra maneira se não fosse pela música. Tenho que aproveitar esses presentes. Para mim, é um presente que me dá a vida, que me dá a profissão. Não me custa nada cantar. Pego o violão e, onde você me disser para cantar, eu canto. Pode ser para uma ou duas pessoas ou para 60 mil. Canto onde quer que seja e para quem quer que seja.

Falando sobre suas músicas novas – “Saturno” e “No Vayan a Ser”. Elas são muito diferentes. Por que a ideia de lançá-las juntas?
Precisamente por serem muito diferentes. “Saturno” é um pouco mais parecido com o que já fiz antes, mas “No Vayan a Ser” é algo mais extremo, com música eletrônica mesclada a música urbana e sons mais modernos. Eu queria que as pessoas descobrissem desde o início, e não no disco, que estou trazendo algo diferente. Escolhi as duas como singles simultâneos para mostrar que é um passo a mais, que esse álbum é diferente, que é uma evolução com relação aos anteriores. No álbum, terá mais coisa diferente. Tenho muita curiosidade para saber o que as pessoas vão pensar. É um álbum que tem muita emoção e, por outro lado, muito ritmo. Estão os dois polos, digamos assim.

O álbum já está finalizado?
Sim! Faltam só duas colaborações, que estamos terminando, e o previsto é que o disco saia em novembro.

Serão quantas músicas?
11 ou 12. Não posso dar certeza ainda. (risos)

Então a ideia é essa: dividir a tracklist entre baladas e dançantes?
Sim, estão os dois extremos. Existem músicas com sons mais orgânicos, como piano, violão, percussão, misturados com eletrônico, mas sempre com minha voz dirigindo tudo. Não deixei de ser eu mesmo. Sigo sendo eu mesmo!

O reggaetón está tomando conta do mundo inteiro. Você pensou em explorar isso no álbum novo?
Sim. Não tem reggaetón precisamente no álbum, mas tem ritmos urbanos, que são latinoamericanos, africanos, jamaicanos. Tem muita, mas muita percussão mesmo nesse disco. O reggaetón… o que você quer que eu diga? Eu gosto, quando a música é bonita, quando a letra não é ofensiva, quando transmita boas vibrações. O reggaetón não deixa de ser música. É bem vindo, claro.

Seus primeiros álbuns saíram com intervalos de um ou dois anos, mas “Terral”, seu último de inéditas, saiu em 2014. Por que demorou mais com esse novo?
Demorei porque precisava parar um pouco, voltar à minha casa, voltar à minha família, voltar à normalidade um pouco, e sobretudo compor sem estar contaminado. Pude escrever sem ter gente ao meu redor, sem sofrer o ritmo da indústria, que te deixa de um lado para o outro, com turnê, com entrevistas… Eu estava em um lugar puro, na minha casa, com minha família. Do nada, comecei a compor como um louco. Esse disco saiu quase de maneira explosiva nos últimos dois anos – como se fosse uma catarse. É um álbum muito pessoal justamente por isso. Tem músicas que falam de coisas que eu não poderia sentir ou viver se não tivesse parado.

Quando você começou esse processo criativo?
Foi há dois anos mesmo. Voltei para casa e comecei a compor: surgiram frases e melodias para mim. Apareceu uma necessidade quase sobrenatural de me sentar no estúdio e escrever. Isso não me acontecia antes.

“Terral” foi um sucesso em vários sentidos. Ele te colocou em turnê por anos e gerou um álbum ao vivo. Superá-lo é uma questão para você?
É um desafio, sim. “Terral” me deu muitas coisas boas, mas o anterior também, e o anterior do anterior também. Então, creio que cada disco vai ser assim, graças a Deus. É bom sonhar, porque a gente quer estar sempre se superando. Você tem que buscar maneiras de fazer coisas novas, porque quer e porque sente prazer nisso. Se acontecer de não vender tão bem quanto o anterior e não ser um sucesso profissional, pelo menos você sabe que a nível pessoal é uma superação. Quando alguém quer fazer coisas diferentes e aprender coisas diferentes, sempre é bom. Não pode ser mau!

O álbum já tem título?
Sim, mas não posso dizer! (risos) O que vou te falar é que o título do álbum é o mesmo de uma das músicas do disco. Não é nem “Saturno” nem “No Vaya a Ser”. É outra música.



Com o álbum saindo em novembro, você começa a turnê no ano que vem?

Sim. A partir de fevereiro, estarei em turnê por toda a América Latina e, a partir de maio, pela Espanha. Brasil, obviamente, está nos meus planos. Tomara que eu possa dar uma boa notícia em breve.

Coincidentemente, antes dessa entrevista, vi um vídeo da dupla brasileira Simone e Simaria no Youtube e a Simone disse que você é o “boy crush” dela…
(risos) Ah, sim? Deixa eu procurar aqui para vê-la. Como se escreve?

S I M O N E.
Encontrei! Aqui está! (risos) Diga para ela que também é minha “woman crush”.

Para terminar, deixe uma mensagem para seus fãs do Brasil.
Família do Brasil, amo vocês. Muito obrigado por todo carinho, pelo apoio, por acreditarem em mim, por sempre buscarem maneiras de que eu vá ao Brasil ou de que as pessoas no Brasil escutem minhas músicas. Vocês são mágicos para mim. Estou louco para conhecer a todos!