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Entrevista: Nate Ruess se declara um romântico, fala sobre 1º disco solo e o que muda sem os companheiros do fun.


Se o primeiro single de um disco resume seu conceito, “Nothing Without Love” não poderia ter sido a escolha mais perfeita para Nate Ruess. “Eu não sou nada sem amor”, canta o artista na abertura da faixa em um álbum escrito para a sua atual namorada e musa inspiradora do projeto.

O POPline conversou por telefone com Nate Ruess sobre os desafios de encarar pela primeira vez em 18 anos de carreira musical a estrada sozinho, o que diferencia seu momento atual do vivido com o fun. e seu coração mole! Isso mesmo! O cantor se diz um grande romântico, assim como no título do CD, e orgulhoso do produto final.

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Oi Nate! Tudo bom? Olha, quase tudo o que li sobre “Grand Romantic” foi sobre sua felicidade em fazê-lo!
Oi, tudo ótimo. Sei que não é legal dizer, mas eu sou um grande fã do disco (risos). Sempre me referi a ele como meu bebê e estou muito orgulhoso. Foi super divertido fazê-lo. Estou tentando abraçar a felicidade e fico feliz das pessoas comentarem sobre esse aspecto.

Quando foi que você decidiu que era hora de sair em carreira solo?
Na verdade, nesse período ano passado, eu tinha algumas músicas e achava que elas entrariam em um novo disco do fun., mas estava com tanto tempo livre que eu comecei a adorar fazer isso sozinho. Estou em bandas desde os 15 anos e nunca tive uma oportunidade de fazer tudo sozinho, passar um tempo comigo mesmo, entende? Tenho 33 anos e era hora de eu aproveitar a minha própria companhia e se você for fazer isso, que tire proveito.

Mas explica pra gente: quais são as diferenças no processo de criar um álbum com uma banda e como artista solo. Como os fãs podem perceber essa diferença?
É algo bem mais pessoal e gosto de pensar que cada álbum que faço é uma progressão, um amadurecimento natural, desde as bandas que participei antes do fun., com o fun. e agora. “Grand Romantic” também reflete o trabalho com as pessoas com quem estive em estúdio, como elas interpretam a sua música e o que elas podem adicionar. Com este álbum, eu ainda uso os mesmos colaboradores e produtores que usei em ‘Some Nights’, mas o álbum é diferente. Este disco é mais pessoal, passei muito mais tempo trabalhando nas letras e buscando o progresso que eu queria para mim como artista e não o amadurecimento que esperavam de mim.

Podemos dizer que “Grande Romantic” foi um desafio então?
Com certeza! E eu sou o tipo de pessoa que se eu não me sentir desafiado, me sinto complacente com a situação e não gosto disso. Não sou a melhor pessoa se não sou desafiado (risos).

Acredito então que a responsabilidade de tomar todas as decisões sozinho também seja uma diferença fundamental.
Ah, mas eu gosto desta responsabilidade. Quando se tem uma banda, sim, algumas coisas são mais fáceis, mas nem tudo. Às vezes, por exemplo, em entrevistas os outros membros podem lhe ajudar. Há momentos também que eu gostaria de ter uma opinião sobre vários assuntos, não apenas no estúdio. Sou uma pessoa confiante no estúdio, mas há ótimas razões para se estar em uma banda e eu estive em uma quase a minha vida inteira. Era hora de ter a oportunidade de me afastar um pouco disso.

Eu li na Rolling Stone que o “Nate Ruess é o Freddie Mercury dos surtos” por causa das letras sobre romance. O que você acha disso?
Isso saiu na Rolling Stone? Que legal! Adorei! Nunca tinha lido isso. É isso que eu quero ser. Acho que isso me descreve de uma certa maneira que as pessoas nem conseguem me entender através das letras. Esta é a parte legal de ser um compositor. Estou sempre muito focado no que eu penso e não sou uma pessoa de confrontar as outras então na minha cabeça eu surto sempre! Eu uso as minhas músicas como uma forma de externar isso e ler isso me faz sorrir.

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Você não sabia? Estava na resenha do seu disco. Você não costuma ler a opinião da imprensa?
Não, não leio.

Por que você não gosta ou prefere manter a opinião sobre seu trabalho apenas para você?
Acho que um pouco dos dois. As resenhas de discos me assustam um pouco, confesso. Não gosto de saber que a pessoa não gosta de algo que eu criei. Então, se você não lê você não precisa se preocupar com isso.

Você acha que algumas resenhas machucam?
Sim! Tento não ler. Você não pode deixar isso lhe afetar. Lembro até que ‘Some Nights’ não foi tão bem recebido quando foi lançado, mas depois as músicas começaram a tomar vida, as pessoas mudaram suas opiniões. Para mim é engraçado como são essas coisas porque fazer música demora muito tempo.

Agora eu achei um pouco contraditório porque você se diz bastante perfeccionista e romântico ao mesmo tempo, mas o amor não tem nada de certinho.
Você precisa aprender. Os relacionamentos podem ser bastante duros. Tento ser o melhor possível. Acho que sou uma pessoa boa para relacionamentos.

Então você se considera um “grande romântico” mesmo?
Ah, acho que sim. Principalmente ultimanente, mas você tem que perguntar isso para minha namorada. Eu escrevi um álbum inteiro sobre ela, então…

Acho que é o melhor elogio que uma garota pode receber. Um disco inteiro, falando de amor!
EXATAMENTE (risos). Acho agora eu não preciso dar balões ou nada disso posso apenas tocar as músicas apenas como uma desculpa para nunca lhe dar flores. Que acha?

Que injustiça! (risos)
É, eu sei que é. (risos)

Quero saber então se o disco é tão pessoal para você, qual a sua música preferida de “Grand Romantic”.
Nossa, muito difícil responde essa. No momento eu tenho meu Top 3: “Take It Back”, “Brightside” e por último, talvez, “You Light My Fire”.

O disco é bem pessoal, você está “sozinho” pela primeira vez em 18 anos, mas você não esteve tão desacompanhado assim, né? Você trabalhou com Beck e outros produtores brilhantes.
Nossa, eu me sinto muito sortudo em trabalhar não apenas com as pessoas com quem estive em bandas – não apenas por eles serem ótimos musicistas e compositores – mas poder trabalhar com pessoas como Pink, Bruno Mars, entender com essas pessoas trabalham… foi diferente. Mas ter Josh Klinghoffer, Jeff Tweedy e Beck, três pessoas que eu idolatro, nossa… foi levar o disco para outro nível. Me ajudou a me manter obsessivo pela música e me desafiou muito. Foi um sonho realizado. A música com o Beck e o solo de Jeff em “Take It Back”, se você me perguntar, são as melhores partes de todo o disco. O solo de guitarra é incrível.

Nate Ruess terminou o papo agradecendo o carinho dos fãs brasileiros. “Grand Romantic” foi lançado mês passado e inclui os singles “Nothing Without Love”, “AhHa” e “Great Big Storm”.