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Entrevista: Melim homenageia Djavan em “Deixa Vir do Coração”

“Essa vontade era muito forte e poder realizar as coisas tem sempre um sabor diferente”, afirmaram os irmãos Melim.

Foto: Sergio Blazer

Nesta sexta-feira (11) o Melim lançou o álbum “Deixa Vir do Coração”. Esse é um projeto muito especial, composto completamente de covers do Djavan, grande ídolos dos irmãos. São 13 faixas incluindo “Outono”, com a parceria do próprio.

O Portal POPline conversou com Gabi, Diogo e Rodrigo para saber tudo sobre esse momento único e especial da carreira. Eles deixaram bem claro o quanto Djavan com eles e a parceria foi uma cereja do bolo que o Melim nem estava esperando.

“A gente ficou tão feliz, ele é nosso ídolo máximo. A gente nem ousou em fazer esse convite, porque é algo tão grandioso que a gente não sentiu essa abertura, é audacioso demais”, disse Gabi.

“Mas quando a gente teve genuinamente essa homenagem, nós convidados o Max Viana para ser o produtor, que é o filho dele. Aí o Max veio falar que ele tinha vontade de participar e a gente demorou para acreditar! É tão grandioso, a gente é tão fã do Djavan, foi uma parada muito forte“, relatou ela.

Foto: Sergio Blazer

Essa notícia veio em uma reunião de brainstorm e quando o Max Viana soltou essa vontade do Djavan, foi uma sensação indescritível, como contou Diogo: “Para gente foi uma notícia que veio do céu, não passava pela nossa cabeça. Na verdade a gente sabia que, de alguma maneira o Djavan ia ficar sabendo, até por causa do Max e ele teria que liberar, mas realmente foi uma surpresa muito grande“.

O Max falou que a gente até furou fila de muita gente que queria gravar com o Djavan. Eu acho que o que a gente conseguiu foi chamar a atenção dele para algo que ele se sentisse realmente motivado a fazer. Ele gostou muito da ideia, ele viu nossas guias e até brincou com algumas notas, algumas coisas… Nós estudamos muito as músicas. Uma coisa é você cantar, outra é gravar e lançar“, disse Rodrigo.

Contato com o ídolo

Um momento especial para o Melim foi o encontro presencial com Djavan. Como o projeto é visual, houve essa proximidade, com todos os cuidados necessários. Assim, foi montado um estúdio no Reuel Studios, localizado na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, com aparatos para dar a vibe do projeto, onde todas as músicas foram gravadas em vídeo.

“Separamos um outro dia para gravar com o Djavan. Só foi quem realmente iria gravar, com um câmera e nós três. Todo mundo testado e com máscara… Mas sim, encontramos com ele e ficamos super nervosos”, soltou Diogo.

Eu não consigo pensar em outro artista que eu ficaria tão nervoso em encontrar a não ser o Djavan“, pontuou Diogo. “Foi realmente muito mágico. Aprontamos tudo no estúdio e falaram: ‘podemos chamar ele’? Isso mexeu com o coração de todo mundo. Tipo, cara, não tem como voltar atrás“.

E no final das contas o grande momento chegou. Felizmente, não decepcionou! Eles relatam o encontro como algo muito especial.

“Ele foi muito simpático com a gente, ouviu a música da forma que tava, deu para ver como ele se importa com cada coisa. A gente decidiu deixar ele sozinho no estúdio com o Max, até para dar conforto, mas a gente ficou vendo pelo vidro e ele estava super atento, ouviu quatro vezes a música e fez observações, completamente focado”, lembrou Diogo.

Foi super legal, ele foi muito gentil, fez várias perguntas pessoais. Ele disse que achava que a gente era do sul do país, olha isso? E que não sabia que a gente era irmão, então foi um momento muito legal“, completou o cantor.

Foto: Sergio Blazer

Gabi também fez sua observação: “Eu achei legal conhecer um lado dele que eu não sabia. Mesmo com tudo o que ele já realizou, ele ainda dá muita atenção para cada detalhe de cada trabalho. Ele não só participou, mas sugeriu muitas coisas. Então, ele é um casa muito interessado em tudo, muito 360″.

Diogo também comemorou muito o encontro com o ídolo, já que foi bem como ele imaginava: “Eu fui muito assertivo na projeção que eu fiz sobre como ele seria. Eu falei: ‘eu tenho certeza que ele vai ser leve e ao mesmo tempo focado. E foi isso“.

Outono

Foi o próprio Djavan que escolheu “Outono” para ser a parceria. “Anteriormente, essa já seria uma parceria. Juliano Moreira iria cantar com a gente. Só que quando o repertório foi para a mão dele, foi logo a que a gente tinha escolhido. E cara, ficou muito bonito, foi uma música que eu conheci tocando na rádio, era uma música que eu cantava junto, quase um dueto”, brinca Gabi.

Você podendo cantar olhando nos olhos do seu ídolo é muito legal. Eu achei legal até nos erros, por conta da divisão das músicas, tinham pedaços que nós errávamos e todo mundo dava risada. Esse é um momento que fica todo mundo exposto, foi muito legal além de poder ouvir e ver. Todo o momento que tivemos com ele foi bem rápido, mas foi bem especial“, relembrou Rodrigo.

A produção

Um dos maiores desafios do projeto foi buscar um balanço entre criar uma identidade própria com as músicas do Djavan e respeitar a obra original, ao mesmo tempo. Para isso, eles escolheram uma roupagem acústica.

“O primeiro ponto importante é que a gente decidiu que seria acústico. Eu acho que o acústico acaba mostrando melhor a essência da canção. A gente sempre teve uma conexão muito forte com o acústico desde o início da nossa banda. A gente costuma dizer que é um formato que a gente se mostra da melhor forma. Como somos uma banda que fazemos harmonia vocal, fica muito mais evidente os vocais com menos instrumentais. E também, realmente achamos que o acústico iria desvencilhar da obra dele, sem nenhum tipo de comparação, esse não era nosso objetivo“, explicou Rodrigo.

“Uma sugestão do Max foi: façam mudanças que sejam relevantes para parecer mudanças e não parecer erros”, ressaltou Rodrigo.

Escolha do repertório

O álbum tem 13 faixas: “Oceano”, “Lilás”, “Se”, “Eu Te Devoro”, “Azul”, “Navio”, “Nem Um Dia”, “Outono”, “Acelerou”, “Cigano”, “Flor de Lis”, “Linha do Equador”, finalizando com “Samurai”. No entanto, diante do vasto repertório de Djavan, foi muito difícil fazer essa seleção.

Isso foi difícil demais, você não faz ideia! Foi uma vida inteira fazendo música, então tem muita obra. Primeiro, a gente fez um corte de 20 músicas, mas era para escolher 10. No final, a gente conseguiu barganhar com a gravadora para ficar 13. E ainda ficou muita música de fora“, soltou Gabi. “Mas são 13 músicas que a gente gosta muito. São as músicas que mais a gente se emociona e um equilíbrio entre o lado A e o Lado B“, pontuou ela.

A gente não tentou fazer um resumo da obra do Djavan. É realmente uma homenagem que não chegue um critério cronológico ou de importância. A gente nem conseguiria fazer isso em um álbum de 13 faixas“, observou Diogo.

As favoritas dos irmãos Melim

É claro que cada uma tinha favorita. Diogo destacou “Eu Te Devoro“, que tem a ver com sua filha. “Eu comecei a ouvir com outros olhos quando eu prestei a atenção na letra e foi um período muito conturbado em relação à paternidade. Eu estava trabalhando tanto que não conseguia ter o contato com ela como eu gostaria“, refletiu.

Rodrigo falou de “Se“, a música que inspirou o título do projeto. “A gente tem uma recordação de infância. A gente ia para a escola e pegava carona com a mãe de um amigo nosso, a Tia Sueli, e ela tinha um CD do Djavan e todos os dias ouvíamos a música ‘Se’ e a gente ficava rindo da parte do dragão”. Eu nunca imaginaria naquele período da importância que aquele artista teria na nossa vida“.

Gabi diz que é muito apaixonava pelo Djavan e as preferidas mudavam com as épocas. Teve uma época de “Avião” e outra “Navio“. “Então, cada música marcou um pedaço da minha vida e toda vez que eu escuto, lembro das sensações que eu tinha. Mas quando a gente se mudou de Niterói para Rio de Janeiro, a gente ouvia muito o Djavan, então me trás uma nostalgia dessa época“, finalizou.

Djavan para outra geração

Um dos maiores trunfos do “Deixa Vir do Coração” será levantar o interesse de um público mais jovem, quem costuma ouvir as músicas do Melim. Para eles, isso é muito importante.

É interessante ver que a gente pode ser esse canal para trazer a obra do Djavan para um público mais novo. Eu lembro que quando eu era mais nova, com uns 14/15 anos, eu ouvia muito o trabalho da Maria Gadú e ela trazia obras antigas que ela regravava. Então, ela foi uma facilitadora para me conectar com a obra de artistas mais antigos e até ouvir propriamente os artistas. Isso, de fato, vai acontecer e é uma missão muito importante, porque muito do som que todo mundo escuta hoje, tem a influencia do Djavan muito forte“, refletiu Gabi.

“O Djavan está em tudo, ele está em cada obra, de cada pessoa. Ele faz parte do patrimônio do Brasil” – Gabi Melim.

Rodrigo ressaltou que até mesmo com o público infantil o Melim tem muita força, o que será interessante para essa renovação. “Essa vontade era muito forte e poder realizar as coisas tem sempre um sabor diferente. Eu espero que isso abra cada vez mais portas, quem sabe fazer uma turnê conjunta? Nós iríamos juntar os pais e os filhos. Eu torço muito para que isso aconteça“.

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