Entrevista: Maria Gadú fala sobre política, militância indígena e revela estudar antropologia
“Não sou ninguém para impor algo porque acredito no livre arbítrio, o que eu tenho certeza é que sou contra Bolsonaro”, opina Maria Gadú sobre a importância dos artistas se posicionarem politicamente
Voz atuante nas redes em prol dos direitos das mulheres, em um bate-papo com o POPline, Maria Gadú comenta a importância de se posicionar politicamente como artista e também explica a sua militância indígena, já que tanto durante o Prêmio da Música Brasileira e o Prêmio Multishow desse ano, usou pintura e adereços indígenas.
Maria Gadú e a esposa, Lua Leça, durante o Prêmio da Música Brasileira de 2018
“Não sou ninguém para impor algo porque acredito no livre arbítrio, o que eu tenho certeza é que sou contra Bolsonaro e a favor da minha vida íntegra como uma mulher gay. Então, vou lutando pelas coisas que eu acredito. Por isso que estou estudando antropologia porque é por meio da educação que vamos conseguir transformar consciências. Estudo antropologia há dois anos, não estou fazendo faculdade, mas estudo pelo mundo. Já visitei muitas aldeias indígenas com o apoio de grandes antropólogos”.
Maria Gadú durante o Prêmio Multishow 2018. Divulgação: Multishow
“Se eu fosse uma menina loira e tivesse militando pela causa, seria digno também”, salienta Maria Gadú
Maria Gadú ainda explica porque a sua militância indígena foi evidenciada em grandes prêmios da música. “A minha família é indígena, nós somos do Alto do Xingu e eu milito pela causa indígena há muitos anos, mas não tinha abertura e voz. O meu nome é Mayra, o meu pai é Moacyr, meu irmão Cauê e somos todos uma mistura de negros com índios. Há pessoas que me criticam, dizem: ‘Ah, é fantasia, apropriação cultural’, mas acho que as pessoas tinham que observar mais os movimentos do que julgar, o dedo não moda o cérebro e nem os sentimentos. Muita gente está pensando só com o dedo. E que fosse só uma representação – se eu fosse uma menina loira e tivesse militando pela causa, seria digno também. Quanto mais pessoas militando pela causa, melhor, porque isso precisa sim de visibilidade”.