Entrevistas

Entrevista: Lukas Graham fala sobre sucesso de “7 Years”, experiências pessoais, vivência no Brasil e o pop que quer para si

“Eu apenas odeio fazer músicas falando sobre outras pessoas. O que eu disse é que, se você quer uma música romântica típica, você pode ouvir Adele ou Taylor Swift”.

Você pode não conhecer o nome Lukas Graham, mas já deve ter ouvido “7 Years” por aí. Carro-chefe do segundo álbum da banda que leva o nome do seu vocalista dinamarquês, o single é um verdadeiro sucesso mundial. A faixa de “soul-pop” alcançou o topo das paradas em países da Europa, Oceania e América, chegando à vice-liderança da Billboard Hot 100. Contratados pela Warner, os músicos passaram a ficar mais tempo nos Estados Unidos, tratando da agenda de shows e da divulgação. Afinal, o país é uma porta de entrada para o mundo quando se trata de música. Dar certo lá é dar certo no Ocidente, pelo menos.

Em meio à essa nova rotina de viagens pelos Estados Unidos, Lukas Graham reservou um tempinho para conversar com o POPline sobre tudo que está acontecendo em sua vida, graças a “7 Years”. No meio do bate-papo, ele revela ainda ser um conhecedor acima da média sobre o Brasil, citando até nome de rua no Rio de Janeiro e se confessando amante do baile funk e do forró. Imperdível. Confira a entrevista completa na íntegra, mas antes dê play na música:

O single “7 Years” é um enorme sucesso. Alcançou a vice-liderança na Billboard e o nº1 em alguns países. Por que você acha que as pessoas gostam tanto dessa música?
Eu diria que é fácil se deixar tocar pela música. Claro que a melodia se comunica com as pessoas, mas todo mundo pode se identificar com a letra, sobre começar a envelhecer, olhar para trás e ver sua própria vira de fora. Eu acho que as pessoas se conectam com essa canção porque elas conseguem entrar nela.

Você se lembra quando escreveu “7 Years”?
Sim. Foi há mais ou menos três anos. Acho que foi em 2013. Estava no estúdio com os outros caras e os produtores começaram a tocar piano [imita a melodia da música]. De repente, comecei a cantar. Três horas e meia depois, essa música estava finalizada.

Uau! E seu segundo álbum foi lançado mundialmente no dia 1º de abril, alcançando o Top 10 em um monte de países. Vocês escreveu todas as músicas. Como é saber que agora pessoas de países que você nem conhece estão ouvindo suas letras?
Eu acho que é maravilhoso! É um sentimento realmente maravilhoso. Eu tive muita ajuda escrevendo as músicas, mas, você está certo, basicamente, eu escrevi tudo. Eu gosto dessa independência. Você escreve suas experiências, faz o álbum e depois apenas canta.

Muitas pessoas pensam que você e a banda apareceram do nada com “7 Years” e se tornaram um sucesso mundial. Mas vocês estão juntos como banda desde 2011 e tiveram um disco conhecido apenas na Dinamarca. Como foi a trajetória do Lukas Graham?
Você pode dizer que todo mundo que é bem sucedido enfrenta uma jornada muito, muito grande. Não é da noite para o dia. Não dá para comparar o trabalho duro, você construindo para si mesmo uma carreira, com você entrar para o “X-Factor” e estourar em uma noite. Para as pessoas normais, isso não acontece em uma noite. Foram 19 anos até eu chegar aqui. Comecei a cantar profissionalmente quando tinha 8 anos, fiz algumas coisas no Brasil quando era garotinho… e agora posso voltar ao Brasil com 27, com minhas músicas. Então, você pode dizer que foi uma longa trajetória (risos).

“7 Years” foi lançada como single em outubro do ano passado. Já escolheram o próximo?
Não. Eu acho que isso é com os caras da gravadora, sabe? Nós somos as pessoas criativas, focadas em viver o momento, e eles podem ter reuniões sobre o que fazer amanhã.

Você não tem medo de virar um desses one-hit-wonders [artistas de um único sucesso]?
Não. Não tenho medo disso. Eu sempre tive ambição de ter uma música como “7 Years”, que estoura e se torna um sucesso pop. Eu posso dizer que “7 Years” é um bom cartão de visitas para mim e minha vida, sobre o que eu canto e sobre o que gosto. Mas acho que, quando você ouve “7 Years”, você quer conhecer mais, não?

Falando sobre sua vida, desde que assinou com a Warner, você fica muito tempo nos Estados Unidos. Como é para um garoto dinamarquês passar tanto tempo na América, longe de casa?
Os Estados Unidos são um país muito, muito grande, e você pode dizer que cada estado é um país diferente. Mas eu realmente gosto disso. Amo viajar. Nasci para fazer isso.

Aconteceu algo muito novo nos Estados Unidos recentemente: nenhum artista americano conseguiu chegar ao topo da parada de singles por nove meses. A parada vinha sendo liderada por estrangeiros. O que você acha disso?
Eu não sei. (risos) Eu não sabia disso! Nunca tinha ouvido falar nisso. (risos) Não sei o que falar, mas, se você diz, você deve estar certo!

Ok, ainda sobre os Estados Unidos: viajando tanto, você deve ter conhecido vários ídolos. Quais foram as pessoas que você sempre admirou e finalmente teve a chance de conhecer e conversar?
Posso dizer que quero conhecer Dr. Dre, Eminem, Jay Z… A música que eu mais gosto é o rap.

Você disse em uma entrevista que não quer escrever músicas de amor como Adele e Taylor Swift. Qual o seu problema com esse tipo de composição?
Eu apenas odeio fazer músicas falando sobre outras pessoas. O que eu disse é que, se você quer uma música romântica típica, você pode ouvir Adele ou Taylor Swift. Eu escrevo músicas sobre minha vida e, como tenho minha mulher, não preciso mais escrever músicas infelizes de amor. Eu não tenho interesse em escrever esse tipo de música, nem nunca tive. Gosto de escrever sobre as coisas reais da vida. Mas eu sei que o amor é um aspecto central na vida de muita gente…

Na sua entrevista para a Billboard, você falou que tem amigos que cresceram vendendo drogas, carregando armas e foram para a cadeia…
Eu cresci vendendo drogas!

Oh, ok. Qual a mensagem por trás disso? Que tipo de imagem você quer construir como uma pessoa pública?
Imagem? Eu não ligo para imagem. Todo mundo que se importa com imagem já que está morto. Eu cresci em um bairro que seria o equivalente à favela no Brasil [diz “favela” em português], basicamente. A polícia quando aparecia estava sempre com colete à prova de balas. Quando você cresce em um lugar assim, você tem um sentimento forte de comunidade, de pertencimento e fidelidade aos seus camaradas. Então, quando você cresce em um bairro pobre assim, você se torna impermeável sobre o que as outras pessoas pensam sobre isso. A mídia vai escrever o que quer, as pessoas vão pensar o que querem, então, no fim do dia, danem-se todos! Isso faz sentido?

Você falou sobre o Brasil. O que conhece de música brasileira?
Eu gosto muito do baile funk [fala em português “baile funk”]. Gosto de forró, também.

Nossa, resposta pouco óbvia! Conhece mesmo.
Sim! (risinho) Eu estive no Brasil há sete anos, quando comecei a escrever músicas. Fui na “Semana Santa” [também fala em português]. Fiquei no Rio de Janeiro, em Copacabana, na rua Paulo Freitas, e passei algum tempo lá. Assisti ao jogo de futebol entre Flamengo e Fluminense, era uma final, foi muito legal.

Você é tipo um expert!
(risos) Eu gosto de explorar o mundo quando estou viajando. Eu acho que o grande problema do sucesso é que você não conhece muito das cidades pelas quais passa. Você só vê quartos de hotéis, estúdios de TV e de rádio, casas de shows… Mas minha parte favorita da vida é viajar e conhecer pessoas novas.

Você tem planos de voltar ao Brasil para shows?
Sim! Eu quero muito voltar! Eu não tenho nenhum plano concreto, mas acho que tem que acontecer. Estive no Brasil criança, com 12 anos, e agora quero ir adulto. Eu gostaria muito, muito, muito. Seriam dois dias para shows e duas semanas de férias. (risos)

Tomara que seja assim! Para terminar, mande um recadinho pra nossos leitores.
Para vocês todos que ouviram “7 Years” ou qualquer outra música nossa, muito obrigado por isso. Fiquem ligados, porque temos muito mais músicas para vir por aí. “7 Years” não é nossa melhor música, de qualquer maneira. (risos)

Destaques

Copyright © 2006-2024 POPline Produções Artísticas & Comunicações LTDA.

Sair da versão mobile