Luiza Martins está alinhada com os astros e se revela uma típica escorpiana em seu último EP, “A culpa é do meu SIGNO”. Lançado no início de fevereiro, o compilado introduz uma abordagem mais lúdica, descontraída, e que reflete uma Luiza sem meio termos. Ao POPline, a artista detalhou o processo criativo por trás do EP, contou que um novo álbum está a caminho e falou sobre a ausência de mulheres pretas no sertanejo a partir do caso viral de Raquele do BBB 24.
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Por trás do novo EP de Luiza Martins
Em “A culpa é do meu SIGNO”, Luiza se permite dialogar com o humor em letras que se debruçam sobre características do seu íntimo. Nas quatro faixas que compõem o projeto, ela esmiúça a personalidade de uma escorpiana nata, trazendo uma abordagem mais divertida se comparado aos seus últimos trabalhos. Até a maneira da cantora interagir com o público nas redes sociais mudou, fazendo, agora, parte de uma atmosfera de signos.
“O Destino”, “Carinho e Respeito”, “Tá Na Sua Mão” e “Brinquedinho Roxo” foram canções que nasceram fruto de muitas vivências e de autoconhecimento. Para o projeto, a cantora quis conciliar características fortes do seu signo ao seu próprio crescimento pessoal, às percepções que têm de si mesma e as que os outros têm também.
“Eu cheguei num momento da minha vida que eu precisei que as coisas fizessem muito sentido pra mim. Eu quis imprimir o máximo da minha personalidade. Comecei a entender o que fazia sentido, o que fazia parte da minha personalidade, tudo o que eu entendi na vida, os lugares que passei. Então coloquei numa bandejinha tudo o que eu já ouvi, pensava sobre mim, e percebi que, mesmo antes de entender sobre signos, eu me comportava muito como uma pessoa de Escorpião desde nova. Então juntei esse lance de ser um signo mais bruto, mais debochado, mais ‘f*da-se’, com coisas que eu ouvi, tipo ‘menina não fala palavrão’, ‘olha essa boca’, ‘essa voz é grossa demais'”, detalhou Luiza.
Influência da mulher, Marcela McGowan, no projeto
Dentro de toda essa intimidade refletida no EP está o relacionamento de Luiza com a médica, empresária e ex-BBB Marcela McGowan. Marcela ajudou na composição de uma das músicas do compilado – “Carinho e Respeito” – e ainda é uma das inspirações por trás da faixa “Brinquedinho Roxo”. A ex-sister do BBB 20 é dona de uma sex shop.
A cantora de sertanejo contou ao POPline que a música nasceu em um camping de composição, no qual se juntou a outros compositores. Marcela estava presente na ocasião, e acabou participando da criação da letra. “Começamos [Luiza e os outros compositores] a escrever, e ouvimos a Marcela rachando de rir lá da sala. Aí ela veio, do nada: ‘Posso dar uma opinião? A música tá genial’. Aí a gente falou pra ela ficar ali, e aí ela ajudou com a letra da música. E acho que ela é uma pessoa que super tem propriedade pra escrever tal composição, e assim saiu, e tem várias frases da minha mulher nessa música”, disse Luiza a respeito da faixa que narra com humor um término de relacionamento.
Diferença de narrativa entre o atual EP e o disco anterior, “Continua”
O mais recente EP de Luiza Martins é bem diferente do compilado anterior da artista, o “Continua (Ao Vivo)”, que foi lançado em dois volumes no ano passado. Além da mudança de narrativa, “A culpa é do meu SIGNO” reflete um outro momento da vida e da carreira da cantora.
“São coisas muito diferentes. Isso é uma proposta de vida, fazer coisas diferentes, com sentido. Eu não parei pra pensar no tamanho da receptividade de um pro outro, eu acho que tem sentimentos diferentes. O ‘Continua’ foi o meu primeiro projeto em carreira solo, e após o falecimento do meu parceiro [Maurílio, com quem fazia dupla], então ele teve um repertório escolhido em torno de uma Luiza que estava de luto, de uma Luiza que estava ressignificando, se reconhecendo novamente sozinha, no palco, na vida […]. Já o ‘A culpa é do meu SIGNO’ veio como algo mais pessoal, mais voltado pra minha essência, pra minha personalidade”, explicou a artista.
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Novo álbum e projetos futuros
A próxima empreitada da voz do sucesso “Cê Não Me Superou” é um novo álbum, que virá como uma continuação da narrativa apresentada no EP lançado no mês passado. Em “Intensa Até Demais”, título do compilado, Luiza continuará pontuando seus traços enquanto escorpiana, mas dessa vez mais focado no amor e na paixão – que, por vezes, podem vir avassaladores.
“Se eu pudesse eu gravava um HD, com 85 músicas. Eu tenho esse problema, eu quero gravar todo dia, lançar sempre. O ‘Intensa Até Demais’ é um álbum que vem com o começo sendo ‘A culpa é do meu SIGNO’. Esse próximo álbum também fala da minha personalidade, e tem tudo a ver com signo porque escorpiano é intenso, não adianta correr. É tudo ou nada, oito ou oitenta, não tem um meio termo […]. O ‘Intensa Até Demais’ fala de um sentimento puro, que rasga o peito, da parte mais sentimental de uma pessoa de Escorpião”, adiantou a cantora.
Para este ano, além do novo disco, a artista já está se preparando para embarcar em um projeto de regravações. Ela não deu maiores detalhes, mas afirmou que quer que seja algo bem diferente do que tem sido feito no mercado. Além disso, Luiza irá investir em parcerias com outras artistas mulheres.
Representatividade LGBTQIA+ e negra no sertanejo
Cada vez mais, Luiza Martins tem cravado seu nome como um dos mais fortes quando se fala na presença feminina no sertanejo. Ela, inclusive, é uma das poucas mulheres LGBTQIA+ do gênero no mainstream. A artista imprime sua representatividade a cada trabalho que entrega. Recentemente, inclusive, ela participou de um painel sobre música sertaneja no SXSW, um dos maiores eventos de inovação e criatividade do mundo, no Texas, Estados Unidos.
No que tange a pauta de representatividade, o POPline convidou a artista a falar sobre a ausência de mulheres pretas no sertanejo. O assunto foi discutido há pouco nas redes sociais depois que viralizou um vídeo de Raquele Cardozo impressionando com seus vocais ao cantar uma música de Marília Mendonça e Xamã dentro do BBB 24.
“Eu acho que ainda estamos pra trás, mas tem acontecido várias mudanças. Eu acho que tem que ter todas as pessoas em todos os lugares que elas quiserem ocupar. Nós estamos muito presos no que a gente aprendeu e acha que tem que ser. Acho que vamos vivenciar muitas mudanças daqui pra frente e eu oro e trabalho muito pra que as pessoas aceitem, porque mudança é bom em todos os cenários. Em todos os lugares profissionais, artísticos, tem que se ter todas as pessoas, de qualquer jeito, porque todas essas linhas [padrões] que a gente criou na cabeça da gente, elas foram ensinadas, construídas e elas são imaginárias”, opinou Luiza.
Ouça o EP “A culpa é do meu SIGNO”: