“Chifrudo”, seu clipe mais recente, estreado em janeiro, tem mais de 2,1 milhões de visualizações no Youtube. Um sucesso, claro. E se alguém não gostou, Lia Clark não quer saber: ela não lê mais comentários negativos na Internet. Confira o bate-papo!
Seu clipe novo, “Chifrudo”, bombou. A que você acha que se deve essa popularidade?
Essa música sempre foi a favorita de todo mundo no EP, desde que lancei. Todo mundo escutava e, desde o começo, era a que tinha mais plays em todas as plataformas. E o clipe tem toda essa história do cinema, a participação da Pepita, que é uma imagem muito forte online e cheia de carisma, e tem os memes dela na letra. Acho que essa junção inteira fez o sucesso da música.
Como você falou, “Chifuro” tem participação da Mulher Pepita. Com quem mais você gostaria de gravar uma música?
Eu quero muuuuito gravar com o Bonde das Maravilhas para meu primeiro CD. Sou muito fã. Quero gravar com a Candy Mel da Banda Uó também: amo, amo, amo ela por completo – como pessoa, como artista. E vai ter o remix com a Pabllo agora, né, “TOME CUrtindo”.
Vai ter clipe para esse remix?
A gente ainda não sabe. Não sei. A gente vai ver como vai ser a repercussão, como vai acontecer. Isso eu não sei. Mas o próximo clipe vai ser de “Boquetáxi”, isso já está definido.
Para quando?
A gente quer lançar em meados de maio ou junho.
Como é a relação de você e Pabllo? Tem alguma competição?
Jamais! Não, nunca! A gente é amiga mesmo. A gente fica trocando meme por Whatsapp, a gente já fez show junta, a gente se xinga… Não, não. (risos) Eu sempre falo nas minhas entrevistas que sou muito fã dela. Sou vittarlover, que é o nome dos fãs dela. Eu me sinto muito privilegiada de ter ela em uma música minha, de eu estar no CD dela também, e da gente ficar trocando mensagem e experiência. É realmente uma amizade.
Mudando de assunto, a música “Clark Boom”, que dá título ao EP, foi escrita pelo Mateus Carrilho da Banda Uó. Como surgiu essa parceria?
O pessoal da Banda Uó sempre me apoiou, antes até de sair “Trava Trava”. Quando souberam que eu ia fazer um funk, ficaram superanimados, e o Mateus sempre foi o que mais conversava comigo. “Vai amiga, vai dar certo”. Quando “Trava Trava” deu certo, eu pedi mais músicas desesperada e, depois, ele me disse “olha o que escrevi na academia”. Ele me mandou, eu amei, e achei o nome muito bom: “tem que ser o título, porque faz luz ao meu sobrenome”. Foi bem natural. Ele me mandou uma música, depois outra, eu dou uma revisada, etc. Quem sabe a gente não faz mais.
A cena drag está em um ótimo momento, com aumento de público e espaço na mídia. Mas não foi sempre assim. Como foi seu caminho até aqui?
Eu comecei, como a maioria das drags, nas boates, me montando de brincadeira, para ver como que era. Aí comecei a tocar como DJ, conheci o produtor musical Pedrow, e tive a ideia de fazer um funk. Sempre fui conhecida como funkeira. Quando tocava como DJ, meu set sempre era de funk, sabe? Então, fiz um funk meu, assim, do nada. Com a repercussão, a gente resolveu fazer outras músicas, para não morrer na praia. Aconteceu assim, de forma bem natural. Vimos que estava dando certo, então a gente se jogou.
As portas sempre estiveram abertas? Sempre teve esse espaço?
Como eu comecei depois que o “RuPaul’s Drag Race” se popularizou, ficou mais fácil. Não musicalmente. Eu digo sobre as boates aceitarem drag tocando, ao invés de só baterem cabelo. A drag já era vista como uma coisa a mais – não só aquela do bate cabelo, do lipsync, etc. Aí o lance musical foi vindo. Pabllo lançou e deu super certo, depois vim eu, essa enxurrada de artistas que vieram juntas, com trabalhos bons. Isso ajudou a popularizar.
A Pabllo agora tem o clipe original de drag mais visto do mundo. Superou a RuPaul!
Sim! Eu vi hoje! Muito bom, muito bom! Uma brasileira!
Você já passou por alguma discriminação com relação a entrada na mídia?
Então… Como eu sou muito artista de nicho, ainda não senti, porque dentro do meu nicho sou bem aceita e está todo mundo achando muito legal. Mas, obviamente, se acontecer de eu estourar, o preconceito será maior: “esse menino que se veste de menina”, sabe assim? Em questão de veículos online, as coisas aconteceram naturalmente. No início, muitos não ligaram, aí veio o EP, os clipes, e fomos entrando aos poucos.
Eu não leio mais comentário (risos). Vou na notícia, leio a notícia e não leio nenhum comentário. Acho que energia negativa não pode parar na gente. Parei de ler. Eu já estava neurótico: jogava meu nome no Twitter – Lia Clark – para ver o que estavam falando. Li dois tweets falando mal e nunca mais fiz isso. Eu não vejo. Sei que as mensagens que vão chegar até mim são positivas, das pessoas que me apoiam, e é isso que quero levar para minha vida.
O que você gosta mais de fazer: gravar as músicas, gravar clipe ou fazer show?
Olha, dos três, o meu preferido é gravar clipe. É a melhor coisa do mundo! Quando a gente já tem a data, eu deixo marcado em todos os calendários e fico em contagem regressiva. É muito empolgante, muito bom! E depois que grava o clipe, até sair a edição, é muito agoniante. Eu não consigo pensar em outra coisa.
Você idealiza tudo?
Inteiro. Totalmente. Eu sou minha própria agente, meu próprio tudo. Hoje, eu liguei lá no estúdio que a gente vai gravar “Boquetáxi” e já agendei uma visita. Eu sou meio assim. Eu tenho que estar envolvida, senão não transmite o que eu sou.
Qual sua maior ambição como drag queen?
Ficar rica! (risos) Aloka! Não. Minha maior ambição como artista é cada vez aumentar meu público, fazer um show maior, e levar essa imagem que o LGBT pode fazer isso, que drag queen pode ser cantora, que pode estar em todos os lugares. A gente pode, a gente tem talento.
Você falou em álbum. Já está escrevendo música nova?
Eu comecei neste mês a fazer alguns rascunhos, e o Pedrow me mandou algumas batidas para a gente ver. A gente já começou também a conversar sobre colaborações. Ainda não tem data, mas algum dia vai sair.
Você então quer começar a fazer isso neste ano?
Neste ano, quero terminar a divulgação do EP “Clark Boom”. Quero lançar o remix, quero lançar o clipe de “Boquetáxi” e dar um final para o “Clark Boom”. Quero trabalhar todas as músicas, porque sou muito orgulhosa do trabalho inteiro. Depois que acabar, a gente vai se jogar por inteiro no álbum.
Para terminar, mande um recado para os leitores do POPline.
Quero agradecer a todo mundo que me manda mensagem positiva, torce por mim e pelos artistas LGBT. Vamos nos unir, vamos nos divertir, jogar energia boa para o universo. Minha música é feita para você se jogar e se divertir, não pensar muito e dar risada. É energia boa para as pessoas.