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Entrevista: Lia Clark fala sobre remix com Pabllo Vittar, próximo clipe e planos para primeiro álbum


A cena drag está crescendo no Brasil, e Lia Clark é um dos nomes representativos do segmento. Prestes a lançar um remix da música “TOME CUrtindo”, com participação de Pabllo Vittar, ela conversa com o POPline sobre esse momento de sua carreira e os planos para o futuro.

“Chifrudo”, seu clipe mais recente, estreado em janeiro, tem mais de 2,1 milhões de visualizações no Youtube. Um sucesso, claro. E se alguém não gostou, Lia Clark não quer saber: ela não lê mais comentários negativos na Internet. Confira o bate-papo!

Seu clipe novo, “Chifrudo”, bombou. A que você acha que se deve essa popularidade?
Essa música sempre foi a favorita de todo mundo no EP, desde que lancei. Todo mundo escutava e, desde o começo, era a que tinha mais plays em todas as plataformas. E o clipe tem toda essa história do cinema, a participação da Pepita, que é uma imagem muito forte online e cheia de carisma, e tem os memes dela na letra. Acho que essa junção inteira fez o sucesso da música.

Como você falou, “Chifuro” tem participação da Mulher Pepita. Com quem mais você gostaria de gravar uma música?
Eu quero muuuuito gravar com o Bonde das Maravilhas para meu primeiro CD. Sou muito fã. Quero gravar com a Candy Mel da Banda Uó também: amo, amo, amo ela por completo – como pessoa, como artista. E vai ter o remix com a Pabllo agora, né, “TOME CUrtindo”.

Vai ter clipe para esse remix?
A gente ainda não sabe. Não sei. A gente vai ver como vai ser a repercussão, como vai acontecer. Isso eu não sei. Mas o próximo clipe vai ser de “Boquetáxi”, isso já está definido.

Para quando?
A gente quer lançar em meados de maio ou junho.

Como é a relação de você e Pabllo? Tem alguma competição?
Jamais! Não, nunca! A gente é amiga mesmo. A gente fica trocando meme por Whatsapp, a gente já fez show junta, a gente se xinga… Não, não. (risos) Eu sempre falo nas minhas entrevistas que sou muito fã dela. Sou vittarlover, que é o nome dos fãs dela. Eu me sinto muito privilegiada de ter ela em uma música minha, de eu estar no CD dela também, e da gente ficar trocando mensagem e experiência. É realmente uma amizade.

Mudando de assunto, a música “Clark Boom”, que dá título ao EP, foi escrita pelo Mateus Carrilho da Banda Uó. Como surgiu essa parceria?
O pessoal da Banda Uó sempre me apoiou, antes até de sair “Trava Trava”. Quando souberam que eu ia fazer um funk, ficaram superanimados, e o Mateus sempre foi o que mais conversava comigo. “Vai amiga, vai dar certo”. Quando “Trava Trava” deu certo, eu pedi mais músicas desesperada e, depois, ele me disse “olha o que escrevi na academia”. Ele me mandou, eu amei, e achei o nome muito bom: “tem que ser o título, porque faz luz ao meu sobrenome”. Foi bem natural. Ele me mandou uma música, depois outra, eu dou uma revisada, etc. Quem sabe a gente não faz mais.

A cena drag está em um ótimo momento, com aumento de público e espaço na mídia. Mas não foi sempre assim. Como foi seu caminho até aqui?

Eu comecei, como a maioria das drags, nas boates, me montando de brincadeira, para ver como que era. Aí comecei a tocar como DJ, conheci o produtor musical Pedrow, e tive a ideia de fazer um funk. Sempre fui conhecida como funkeira. Quando tocava como DJ, meu set sempre era de funk, sabe? Então, fiz um funk meu, assim, do nada. Com a repercussão, a gente resolveu fazer outras músicas, para não morrer na praia. Aconteceu assim, de forma bem natural. Vimos que estava dando certo, então a gente se jogou.

As portas sempre estiveram abertas? Sempre teve esse espaço?
Como eu comecei depois que o “RuPaul’s Drag Race” se popularizou, ficou mais fácil. Não musicalmente. Eu digo sobre as boates aceitarem drag tocando, ao invés de só baterem cabelo. A drag já era vista como uma coisa a mais – não só aquela do bate cabelo, do lipsync, etc. Aí o lance musical foi vindo. Pabllo lançou e deu super certo, depois vim eu, essa enxurrada de artistas que vieram juntas, com trabalhos bons. Isso ajudou a popularizar.

A Pabllo agora tem o clipe original de drag mais visto do mundo. Superou a RuPaul!
Sim! Eu vi hoje! Muito bom, muito bom! Uma brasileira!

Você já passou por alguma discriminação com relação a entrada na mídia?
Então… Como eu sou muito artista de nicho, ainda não senti, porque dentro do meu nicho sou bem aceita e está todo mundo achando muito legal. Mas, obviamente, se acontecer de eu estourar, o preconceito será maior: “esse menino que se veste de menina”, sabe assim? Em questão de veículos online, as coisas aconteceram naturalmente. No início, muitos não ligaram, aí veio o EP, os clipes, e fomos entrando aos poucos.

No POPline, às vezes aparecem comentários de leitores criticando as vozes das drag queens. Como você lida com isso?
Eu não leio mais comentário (risos). Vou na notícia, leio a notícia e não leio nenhum comentário. Acho que energia negativa não pode parar na gente. Parei de ler. Eu já estava neurótico: jogava meu nome no Twitter – Lia Clark – para ver o que estavam falando. Li dois tweets falando mal e nunca mais fiz isso. Eu não vejo. Sei que as mensagens que vão chegar até mim são positivas, das pessoas que me apoiam, e é isso que quero levar para minha vida.

O que você gosta mais de fazer: gravar as músicas, gravar clipe ou fazer show?
Olha, dos três, o meu preferido é gravar clipe. É a melhor coisa do mundo! Quando a gente já tem a data, eu deixo marcado em todos os calendários e fico em contagem regressiva. É muito empolgante, muito bom! E depois que grava o clipe, até sair a edição, é muito agoniante. Eu não consigo pensar em outra coisa.

Você idealiza tudo?
Inteiro. Totalmente. Eu sou minha própria agente, meu próprio tudo. Hoje, eu liguei lá no estúdio que a gente vai gravar “Boquetáxi” e já agendei uma visita. Eu sou meio assim. Eu tenho que estar envolvida, senão não transmite o que eu sou.

Qual sua maior ambição como drag queen?
Ficar rica! (risos) Aloka! Não. Minha maior ambição como artista é cada vez aumentar meu público, fazer um show maior, e levar essa imagem que o LGBT pode fazer isso, que drag queen pode ser cantora, que pode estar em todos os lugares. A gente pode, a gente tem talento.

Você falou em álbum. Já está escrevendo música nova?
Eu comecei neste mês a fazer alguns rascunhos, e o Pedrow me mandou algumas batidas para a gente ver. A gente já começou também a conversar sobre colaborações. Ainda não tem data, mas algum dia vai sair.

Você então quer começar a fazer isso neste ano?
Neste ano, quero terminar a divulgação do EP “Clark Boom”. Quero lançar o remix, quero lançar o clipe de “Boquetáxi” e dar um final para o “Clark Boom”. Quero trabalhar todas as músicas, porque sou muito orgulhosa do trabalho inteiro. Depois que acabar, a gente vai se jogar por inteiro no álbum.

Para terminar, mande um recado para os leitores do POPline.
Quero agradecer a todo mundo que me manda mensagem positiva, torce por mim e pelos artistas LGBT. Vamos nos unir, vamos nos divertir, jogar energia boa para o universo. Minha música é feita para você se jogar e se divertir, não pensar muito e dar risada. É energia boa para as pessoas.