in

Entrevista: Li Martins dá detalhes de sua turnê de shows cantando Céline Dion


Céline Dion sempre foi uma referência e uma das grandes inspirações para Li Martins, do Rouge. Ela só nunca poderia imaginar que algum dia rodaria o Brasil fazendo shows com o repertório da cantora canadense. Mas é exatamente isso que vai acontecer. Aproveitando as férias da girlband, Li aceitou o convite para estrelar o espetáculo “Uma Saudação a Céline Dion”, que estreia no dia 12 de dezembro no Rio de Janeiro, no Theatro Net Rio, e ainda passará por São Paulo (13/12), Campinas (10/1) e Fortaleza (17/1). O projeto tem idealização e direção de RafaelMello, o mesmo de “Uma Saudação a Whitney Houston”, que existe há trêsanos.

A turnê é uma grande homanegam à cantora de sucessos como “My Heart Will Go On” e “All By Myself”. Li Martins se apresentará por duas horas com banda ao vivo e bailarinos, usando figurinos que são réplicas das usadas por Céline Dion e criads pela estilista Iris Goya. A ficha técnica inclui ainda o diretor musical Breno Brito e o produtor Danielson Maroto.

Céline Dion já vendeu mais de 200 milhões de cópias de singles e álbuns mundialmente, tornando-se uma das maiores vendedoras de música de todos os tempos. Aclamada também pela crítica, a cantora foi premiada com cinco Grammys desde 1993 e está em residência em Las Vegas desde 2003, com público estimado de mais de 4,4 milhões de espectadores.

Como surgiu esse projeto de cantar Céline Dion?
Na verdade, é um projeto do Rafael. Ele já tem o da Whitney, que já está há três anos e a Vanessa [Jackson] está fazendo. Ele me contou sobre o projeto, e eu falei “ah, mas pelo amor de Deus, não é para ser cover da Céline não, né?”. Não tenho essa… como é que eu vou dizer? Lógico que seria uma honra, mas nem se compara, né? Não chego aos pés de Céline Dion, imagina. Aí ele falou: “é uma saudação mesmo, Li Martins cantando, interpretando, músicas da Céline Dion”. Ele me falou que a ideia surgiu porque ela já falou que não vai fazer turnê, está residente em Las Vegas, e não é todo mundo que tem condições de ir pra Las Vegas assistir a um show da Céline. Ele tem um contato com vários fãs e fã-clubes da Céline, então foi uma forma que ele achou de atender esse público, fazendo uma saudação a ela. Fiquei super honrada com o convite, e acho que vai ser um grande desafio, porque as músicas da Céline são muito difíceis e exigem bastante vocalmente. Ela foi uma das divas que me inspiraram, assim como Mariah Carey, Whitney Houston, Toni Braxton, todas essas. Eu sempre sonhei em cantar… Engraçado que eu lembrei disso hoje, quando a gente estava lá ensaiando: quando eu era criança e estava assistindo ao Oscar, quando a Céline cantou “My Heart Will Go On” na época do “Titanic”, falei para minha mãe que meu sonho era cantar que nem ela, músicas assim, em um teatro. Olha que louco! Agora eu vou fazer exatamente isso: um musical inteirinho só com músicas dela, em teatros. Vou rodar o Brasil em teatros. Olha que louco! Acabei jogando sem querer pro universo e o universo me trouxe essa oportunidade. Estou até um pouco com medo, porque acho uma responsabilidade muito grande cantar as músicas da Céline, ainda mais sabendo que os fãs dela que vão acabar indo assistir. Eu falei até para o Rafa: “vamos deixar bem claro para as pessoas que eu não vou imitar a Céline, não é um show cover da Céline, não é um musical biográfico como teve Tim Maia, Elis…”. É uma saudação à Céline mesmo. Vamos deixar isso bem claro, senão depois os fãs da Céline vão me massacrar.

Essa proposta dele surgiu há quanto tempo?
Olha, a gente está nessa conversa tem um tempo. Desde antes da volta do Rouge. Quando rolou o convite para a volta do Rouge, o Pablo [Falcão, empresário] falou “vamos deixar isso pra depois, vamos focar, porque a gente não sabe como vai ser a demanda com o Rouge, e eu preciso que você dê prioridade para o Rouge”. Aí eu falei “o Rafael está super flexivo, ele entende, e o Rouge bombando é bom pra ele também”. Ele entendeu que a prioridade é o Rouge, está super aberto com relação a datas, super fléxivel. Mas, mesmo assim, a gente chegou a um consenso que era melhor, naquele primeiro momento, não fazer, até para não dividir a atenção e focar só no Rouge naquele momento. A gente continuou conversando e eu falei pra ele “dá uma segurada aí, se você não encontrar outra cantora…”. Porque, de repente, ele poderia encontrar outra cantora e decidir fazer um cover da Céline mesmo. Sei lá se ele acha uma cantora que canta igual! Falei “vamos dar um tempinho… se a vaga ainda estiver disponível daqui a um tempinho, você me fala que eu quero fazer”. Ele procurou a gente de novo há uns seis meses atrás… Foi quando eu anunciei o [espetáculo] infantil. Ele viu e perguntou se eu ainda tinha interesse. Falei que sim, que a agenda estava mais tranquila agora e estava dando para conciliar projetos paralelos, que a Lu também tinha o “Dancing” e tal. Retomamos o projeto.

Vocês anunciaram quatro datas. Serão só essas ou vão fazer mais?
Por enquanto, são só essas. Há outras datas em negociação, mas a gente ainda não bateu o martelo, inclusive porque precisa checar mesmo a disponibilidade com a agenda do Rouge.

Mas então tem a possibilidade de estender, né?
Tem, tem.

Você falou dessa memória de infância vendo a Céline na TV. Qual a sua relação com o repertório dela e quais as músicas que mais gosta?
Cara! É muito louco isso, porque a Céline foi muito referência para mim, então todas as músicas têm uma história. Eu cantei muito em casamento, em formatura, esse tipo de evento em que essas músicas são clássicas. Sempre tocam em casamento. Eu cantei “Immortality” muito, “To Love You More”… “My Heart Will Go On” não teve gente: como foi muito sucesso com o filme, toda noiva pedia sempre essa música (risos). “Because You Loved Me” também era uma música que eu gostava muito e me marcou bastante. “All By Myself”… Tem muita música, na verdade! Acho que tem muita gente que nem faz ideia. A Céline é um nome forte, mas ao mesmo tempo não é um nome como Whitney Houston. É mais quem curte a Céline que conhece o repertório todo. As músicas famosas… Por exemplo, meu pai: ele sabe que a música é conhecida, mas não sabia quem cantava, entendeu? (risos) Acho que com certeza vai ter gente que vai assistir e reagir assim: “nossa, essa música é dela?”. Porque ela tem músicas muito icônicas, mas que muitas vezes muita gente não associou à imagem dela. Acho que sabem mais as músicas pós-“Titanic”. As músicas de antes, nem tanto. Como eu sou meio fã, percebo isso. É um pouco diferente do que tem com a Whitney Houston. A Whitney é meio que inconfundível: todo mundo sabe e conhece todas as músicas. A Céline, eu acho que tem um pouco disso: tem muita música famosa, e às vezes não sabem que é ela que canta. Já ouvi isso do meu pai! (risos)

Ela é conhecida pelo alcance vocal e o virtuosismo. Quais as músicas que você considera mais difíceis de cantar?
Ela tem de virtuosa, ela é a mais técnica. Eu acho que, de todas essas cantoras, ela é a mais técnica e a que mais conseguiu conservar a voz. É a mais estudiosa. Sempre foi muito, muito, muito regrada com os cuidados com a voz. Se eu não me engano, ela faz semanalmente um ou dois dias de repouso vocal quando está em turnê, fazendo show. Eu acho que a música que mais me exige vocalmente – para mim, é a mais difícil – é “All By Myself”, porque precisa de muito fôlego. Tem uma hora ali que ela sustenta um agudo, “anymooooore”, e ela fica naquela nota ali pra sempre. Precisa de um fôlego, que Nossa Senhora! Eu até falei para o Rafael: “não sei se consigo dar essa nota mais, hein?” (risos) Há quinze anos, quando cantava Céline em casamento, eu já sofria pra fazer. Agora, 15 anos depois, depois de ser mãe e tudo, não sei se tenho esse fôlego mais. Ele falou “você tem, vai sim…”. Bom, vamos lá. Vou ralar e suar aqui para conseguir. Ele até falou “você não precisa sustentar, não precisa fazer igual”. Imagina! Você acha que as pessoas não vão ficar esperando esse momento? (risos) Se não tiver essa nota sustentada até o final, acabou o show! O show pode ter sido todo lindo, maravilhoso, mas se essa nota não der certo vai acabar com todo o show. Não tem como não ter!

Como estão sendo os ensaios?
Uma delícia! Estou relembrando os tempos em que eu cantava tudo da Céline. Eu pegava o CD, que tinha o encarte com as letras, e ficava ali brincando de karaokê mesmo. Cantando as músicas no microfone e lendo as letras no encarte. Os ensaios me levaram para um outro lugar – 20 anos atrás – época em que comecei a cantar profissionalmente. Na verdade, a época em que comecei a pensar em fazer isso profissionalmente, porque meu sonho sempre foi ser médica.

Ah, é?
É! Aí comecei a pensar em cantar mesmo quando comecei a fazer casamentos e me chamavam para fazer eventos, essas coisas. Aí que eu descobri que tinha dom para cantar. Cantei no coral da escola e tal. Nunca foi uma coisa “meu sonho é ser cantora”, sabe assim? A freira que cuidava do coral da escola que me descobriu, vamos dizer. Ela gostou da minha voz, falou que eu era afinada e começou a me colocar para “solar” bastante. Aí cantava nos eventos da escola, nos eventos da cidade, começaram a me notar, me chamar para cantar aqui e ali, e aí que eu fui descobrindo que eu tinha potencial. Até então, eu cantava só por hobby. Então, é muito legal voltar lá atrás e reviver essas coisas. Fazia muito tempo que eu não cantava esse tipo de música. Até mesmo nos eventos que eu fazia, depois que o Rouge parou, era com musical, então era mais focado nos musicais da Broadway. Então, esse tipo de música, eu nunca mais tinha cantado. Está sendo muito gostoso, estou matando a saudade.

Falando em musical, você quer voltar a fazer musicais?
Com certeza! Por isso que já estou fazendo, na medida do possível. Só não volto mesmo agora, porque é uma rotina que não dá mesmo para conciliar com a rotina do Rouge. Musical é de quarta a domingo, não tem como. Mas eu sinto muita saudade. É muito gostoso. É uma experiência diferente. Os dois são muito gostosos. Quando eu estava fazendo musical, sentia saudade de fazer show no palco, com a interação com o público e essa resposta instantânea, algo que a gente não tem no teatro musical. Aí agora que estou do outro lado, eu sinto saudade também do teatro musical. Fico meio dividida, é difícil! (risos) A gente quer fazer os dois, mas infelizmente não dá.

Então, terminando: em 2019, você começa fazendo os shows da Céline e ainda vai ter música nova e turnê nova do Rouge.
Isso! Por enquanto, só. O infantil talvez a gente continue em mais algumas cidades, mas ainda não bateram o martelo. Tem algumas cidades que talvez a gente passe. Mas, a princípio, por enquanto, a gente encerra em dezembro.