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Entrevista: IZA fala sobre novo single “Evapora”, clipe gravado nos EUA, interesse dos gringos pelo Brasil e “torcida” do público pelo seu sucesso


Depois de um ano recheado de boas oportunidades, na TV e nos palcos, IZA chega ao final de 2019 com uma música que pode vir a ser uma grande virada em sua carreira. “Evapora”, parceria dela com Ciara e o Major Lazer, foi lançada na última sexta-feira (8) e é a primeira aventura internacional da cantora carioca. Apesar de afirmar que este não é o início de uma carreira lá fora, ela sabe da grandeza e da qualidade deste trabalho e o que ele pode lhe proporcionar neste momento e no futuro. No evento de lançamento de “Evapora” em São Paulo, o POPline conversou com IZA sobre o novo single, clipe gravado em Los Angeles, interesse dos estrangeiros pela música brasileira e ainda sobre a “torcida” do público brasileiro e de outros artistas pelo seu sucesso. Confira!

Hoje a sua carreira foi elevada a um outro patamar com o lançamento de um single internacional! Como você enxerga esse momento?

A gente tem falado muito de carreira internacional ultimamente e gente, ainda não é uma carreira internacional! Risos. É só uma oportunidade maravilhosa que apareceu pra mim! Eu encontrei com o Diplo sem querer, encontrei com a Ciara sem querer e pensamos em fazer uma música e acabou acontecendo, sabe? Eu não enxergo muito como uma carreira internacional, mas com certeza é a primeira coisa que eu faço com artistas lá de fora e foi logo com a Ciara e com o Major Lazer, que super tem disposição e tal. Com certeza, em termos internacionais, isso pode me trazer alguma coisa, mas é muito mais um presente da música do que uma carreira internacional.

Em “Evapora” você está ao lado de uma mega cantora, Ciara, famosa pelo potencial de sua voz e uma queda pro R&B, assim como você! Porém nessa música, vocês terminaram indo mais pro mundo do Major Lazer! Como chegaram nessa música e porque escolheram esse caminho?

Eu tava em Punta Cana com o Sérgio em Lua de Mel e a gente encontrou com o Diplo, porque ia ter um festival lá perto do hotel em que a gente estava. A gente já se conhecia pelo Instagram, mas não pessoalmente. Ele logo falou “a gente tem que fazer uma música juntos” e eu é claro também falei que estava “louca pra fazer”. E aí, depois de um mês, ele me mandou várias bases e a gente escolheu por esta, que ainda não tinha nome. Então entrei no processo de compor música; escrevi “Brisa” em um dia e “Evapora” no dia seguinte. Chamei a Glória (Groove) para ir na minha casa – acho que ela é uma compositora incrível, sinceramente uma das maiores compositoras de música pop, com letras inacreditáveis e eu queria muito trazer a escrita dela para as minhas músicas, sabe? Então chamei ela e os meninos que sempre fazem música comigo, Sérgio, Pablo Bispo e Ruxell, e foi bom demais. Ela também tá muito feliz, é um sonho de todo mundo.

Mas você não tem vontade de gravar um R&B com a Ciara no futuro? Acho que é a cara das duas e vocês têm potencial vocal para isso…

Siiimm! Eu tenho vontade de gravar com a Ciara o que ela quiser! Risos. Até um podcast, “Baby Shark”, qualquer coisa! O que ela quiser! Risos. A Ciara é uma grande referência pra mim. Eu fico muito emocionada de pensar que hoje eu estou do lado dela! É uma mina que eu assisto desde sempre… Cantora negra, bailarina, beleza, tudo isso nela fazia eu me sentir muito especial quando eu a assistia. Saber que hoje ela faz parte de um clipe meu e se dispôs a cantar em português é um presente!

Achei que a Ciara foi dedicada e se esforçou muito para que ficasse legal, nosso idioma não é exatamente fácil!

Ela foi muito respeitosa, sabe? E eu acho que é assim que o Brasil tem que ser tratado. Temos o mundo inteiro cantando “Garota de Ipanema”, sabe? Eu acho que a gente tem que ensinar mais português para os gringos!

Eu concordo! O Diplo tem interesse em nossa música há muito tempo, desde o início dos anos 2000 quando produziu “Bucky Done Gun” da M.I.A e o documentário “Favela On Blast”, de 2008, mas não é só ele. O que você acha do interesse dos estrangeiros em nossa cultura e nossos ritmos?

Eu acho que o Brasil sempre foi um expoente de música e sempre foi uma potência na música. Eu acho que a música brasileira é a mais bonita do mundo! De verdade! As nossas essências, os nossos ritmos, nossas percussões, nossas letras… Tudo é muito incrível! Eu acho que a gente precisa muito parar com o complexo de vira-lata e entender que o país é inacreditável. A gente mora em um paraíso que está realmente machucado e que precisa ser cuidado, sabe? As pessoas vêm passar férias aqui! Como eu já disse, cantam “Garota de Ipanema” em português, Ivan Lins vai cantar em português em Tóquio! Acho que é isso que as pessoas precisam começar a entender!

Sempre que escuto alguém falar da sorte do artista brasileiro de gravar com um gringo, eu penso também na sorte desse gringo de ter a oportunidade de gravar com o brasileiro!

Exatamente! É óbvio que eles estão me trazendo coisas incríveis e quanta generosidade também tem nessa participação – não só em relação a esse featuring, em relação a nossa vida, mas o outro lado também é verdadeiro. Temos belezas naturais incríveis, recursos incríveis, pessoas lindas e inteligentes! Nós somos inventivos. Já assistiram “Bacurau”? É isso, sabe?

Falando nisso, o clipe foi gravado em Los Angeles e você levou o Felipe Sassi junto com você, que foi o responsável pelos seus vídeos anteriores. Em algum momento pensou em gravar com um diretor de lá?

Eu me sinto muito segura com o Sassi e ele era a pessoa mais indicada para fazer isso. O Felipe entende muito de pop, de cortes, de coreografia, de intenção e eu sabia que ficaria muito tranquila estando com ele. Felipe também entende super de cinema, tem contato com uma galera lá de fora, chamou uma produtora de lá – por conta dos equipamentos e tal – e juntou todo mundo para fazer esse clipe.

O mais legal dos trabalhos do Sassi é esse fio condutor que ele constrói em todos os clipes que dirige. Você assiste e sabe que é dele!

Pois é… Acho que isso é talento, né? Ele tem a assinatura dele e eu acho ele muito especial e ficou todo mundo muito feliz com o trabalho dele. Realmente ele fez uma entrega que eu sei que não teríamos se eu fosse fazer com outra pessoa, no tempo que a gente fez, com o orçamento que a gente fez, todas essas questões, né? O Felipe sempre faz funcionar!

Foto: Divulgação / Rodolfo Magalhães

E a ideia para o clipe de “Evapora” foi sua? De gravar em local desértico?

Eu sempre dou as ideias do clipe. A questão do navio com marinheiras da Jamaica, em “Brisa”, foi minha também e acho que tem que ser assim. Nesse clipe em específico, “Evapora”, a minha ideia foi a gente no deserto dentro de um cubo de vidro, suando. Aí dele desenhou tudo em torno disso, sabe? Então esse clipe tem muito dedo do Felipe na direção de arte e na criação. Da Bianca Jahara também, a minha stylist, a gente faz a direção criativa juntos.

Esse momento na sua carreira é bem especial, mas você também vem de um ano com muitas conquistas. Três programas de TV e ainda aquele show memorável no Rock In Rio! Eu tava lá na plateia e digo que foi muito mágico! Você também percebia isso lá de cima do palco? Pra mim, parecia que algo muito especial estava acontecendo ali! As pessoas te assistiam com brilho nos olhos!

Tava rolando um negócio, né? Risos É muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Eu tava recebendo uma pessoa muito importante, que era a Alcione, com muita coisa na minha cabeça. Inventei de botar escada no palco e quando cheguei lá só pensei: “eu vou rolar daí pra baixo, vou cair, que ideia de jerico foi essa?”. A gente só teve um ensaio lá, que foi rápido e no meio da chuva, então eu realmente estava com muita coisa na cabeça. Mas quando a gente saiu do palco, a Alcione falou: “Você sabe que hoje tinha um negócio diferente no palco? Tinha uma luz diferente”. Eu não acho que é porque era o meu show, o que acontece é que existe uma questão social rolando e muito forte, sabe? Então eu acho que eu não tinha um público, eu tinha uma torcida muito bacana ali e foi isso que e eu senti.

Você falou de Alcione e ela não é a única artista consagrada que fala de você com muito gosto e muito respeito também. Além do público, que também é bastante respeitoso com você. Como você avalia este local em que você está? E pra você, ao que se deve esse olhar das pessoas sob você?

Eu não faço ideia! Risos. Eu só tenho a agradecer, na verdade, por todas essas coisas incríveis que eles têm a generosidade de falar. É muito legal quando você abraça quem está chegando, é muito legal quando a sua história pode fazer diferença na vida das outras pessoas e é isso que eu sinto, que eles estão ali sendo muito generosos. A sensação que eu tenho é que é quase uma benção e isso só me dá mais vontade de trabalhar.

Falando em “mais vontade de trabalhar”, eu sei que “Evapora” nasceu hoje e é meio chato até pedir mais, quando você acabou de entregar! Risos Mas eu preciso saber qual seu planejamento para 2020! Teremos o sucesso de “Dona de Mim”? Como planeja a sequência de “Evapora”?

Com certeza teremos o sucessor! Eu ainda não consigo garantir se teremos mais lançamentos para esse ano, mas tem mais coisas vindo por aí e provavelmente no início do próximo ano já tem música nova e em 2020 tem álbum novo em nome de Jesus! Risos.