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Entrevista: Halsey fala sobre sucesso, feminismo, novo álbum e amizade com Ariana Grande


Halsey já cravou seu nome na história da música pop. Conhecida por uma personalidade forte, empoderada, e por músicas com letras íntimas e impactantes, ela prepara seu terceiro álbum de estúdio e, em entrevista exclusiva ao Portal POPline, promete que o momento é de ousar e de arriscar, ainda mais.

Atualmente a cantora está no topo das paradas com “Without Me”, de outubro. A música já entrou no top 5 da parada Billboard Hot 100, a principal dos Estados Unidos, e continua subindo. “Te encontrei quando seu coração estava quebrado / Eu enchi seu copo até transbordar”, canta ela.

Leia nosso papo exclusivo com a Halsey:

Parabéns por seu sucesso com “Without Me”! Eu gostaria de saber, o que essa música significa pra você?
Acho que “Without Me” veio em um momento muito importante da minha carreira. Acho que antes dessa música, eu não sabia que o novo álbum seria tão conceitual e complexo. Fiz músicas sobre várias coisas da vida e demorei meses pra organizar. Mas com essa foi tão diferente, porque eu fiz de uma vez, gravei e logo lancei, foi tão espontâneo. Fazer música pra mim sempre foi algo tão particular e delicado, mas dessa vez eu simplesmente sabia o que dizer.

Recentemente você conquistou o #1 no iTunes dos Estados Unidos e comemorou mandando uma mensagem para Ariana Grande, você estava feliz que duas mulheres estavam fazendo sucesso ao mesmo tempo, já que anteriormente o posto era dela com “thank you, next”…
Essa situação com a Ariana, tipo, nós somos amigas, nos costumamos nos falar, e eu sei o que ela passou para buscar inspiração para fazer “thank u, next”. Isso foi tão importante pra mim, tudo o que ela disse na música, a gente já tinha conversado antes. Então quando você vê uma amiga fazer sucesso, você fica muito feliz. E eu acho que tanto eu, quanto a Ariana, temos sido um pouco polidas pela mídia, e a última coisa que eu queria era contribuir pra isso, como se fosse uma batalha que eu estivesse tirando o lugar dela. Nós estávamos realmente torcendo uma pela outra. Eu levanto muito a bandeira do feminismo e a coisa mais importante, no final das contas, é que as mulheres estão se destacando, mas não precisa ser você. Entende? No momento que você pensar, ‘ah, precisa ser eu’, então você não é feminista. Não é sobre a individualidade, é sobre a mulher como um todo.

Você não é só uma voz do feminismo, você representa o empoderamento de muitas maneiras. Você percebe o quanto está ajudando tanta gente?
Toda vez que um fã me diz que eu estou ajudando é como uma grande surpresa. Eu sinto, que na verdade, eles estão me ajudando, eu tento encarar com muita humildade quando eles dizem que eu ajudo, a cada ouvida, a cada streaming, a cada tweet, a cada ingresso, é como se eu estivesse dizendo “você é lindo, você não está sozinho”. E você sabe? As pessoas não fazem arte porque se sentem confortáveis, elas fazem porque se sentem desconfortáveis. Você faz porque se sente sozinho, confuso, complicado, e as pessoas começam a se identificar com você, percebendo que não está louco, ou exagerando. Para mim, então, a razão que eu tenha uma fan base tão forte é que nós ajudamos uns aos outros, não é um lado só.

Ok, já estou sabendo que você vai lançar um novo álbum… Tem alguma novidade pra contar ou ainda é segredo?
Bem, eu estava muito inspirada e animada! A coisa mais legal é que dessa vez eu não tive pressão. Quando eu fiz meu primeiro álbum, o “Badlands”, eu estava aterrorizada, tipo… ‘Ok, essa é a primeira coisa que eu vou lançar. É assim que as pessoas vão me conhecer, o que elas vão dizer?’. Já no segundo, o “Hopeless Fountain Kingdom”, o sentimento era, ‘ok, agora tenho que provar que posso fazer de novo. Não quero decepcionar meus fãs”. Então, a partir do momento que isso tudo já passou, dá pra sentir mais liberdade. Eu sei que meus fãs não vão me abandonar… Você sabe, eu fiz sucesso, pude mostrar o que sou, agora eu quero fazer algo que é mais específico.

Estou MUITO MUITO MUITO animada e quero fazer algo que as pessoas não esperam de mim.

Você acha que sua música mudou com o amadurecimento?
Agora eu já tenho 24 anos, estou numa fase da vida que eu realmente entendo quem eu sou. Quando eu estava fazendo música com 21 anos, não vai me refletir pra sempre. Talvez quando eu estiver com 40, não vou me identificar com as músicas de hoje. Tipo, “o que eu estava pensando?” (risos). Todos os nossos pais e avós passaram por isso, estão sempre mudando e crescendo, mas quando você é um musicista, tudo fica registrado pra sempre. Isso é assustador! Mas com 24 anos estou mais estabilizada e confortável, eu quero assumir riscos.

Os seus dois maiores sucessos em carreira solo foram “Bat At Love” e “Without Me”, ambos top 10 na parada Billboard Hot 100. Você já refletiu sobre o motivo que as pessoas gostaram tanto dessas músicas?
Eu espero que seja por causa da honestidade. Tipo, em “Bad At Love”, eu estava falando sobre quatro pessoas que eu saí. Não é que eu estivesse namorando com quatro, eu só estava conversando, vendo o que acontecia… Duas dessas pessoas eram homens e duas eram mulheres, o que tornava mais complicado. Então eu pensei em colocar essa música na rádio e as pessoas ao meu redor não entenderam, mas eu acho que o sucesso veio porque reflete o que nós somos culturalmente, essa experiência mais diversa, muita gente se identificou, seja homem, mulher, bi, gay ou hétero. Todo mundo procura por um amor que funcione e, mesmo com falhas, não podemos deixar de ter esperanças.

Já com “Without Me” é pela honestidade, acho que todo mundo já se sentiu usado antes. Aquele momento que você acha que está dando muito mais que a outra pessoa pela relação. Então, as duas músicas são músicas bem vulneráveis e mostra bem o que já vivi. As duas fazem sentido sobre o quão complicado é amar.

Pessoalmente, minha música favorita da sua carreira é “Colors”, do seu primeiro álbum. É tão estranho que a sonoridade é tão linda, mas a letra é tão triste…
Ah, obrigado! “Colors” é sobre um relacionamento meu que era muito “colorido” e animador, mas começou a ficar mais pra baixo e escuro. No passado isso me mudou muito, mas também fez que eu evoluísse. A letra fala sobre encontrar alguém que eu pensava que me amava do jeito que eu era, mas depois começa a querer te mudar e você percebe que não era bem aquilo. Você percebe a ironia disso? “Eu não gosto de você porque você não é assim”… Tipo, o que? Eu nunca fui assim! Eu escrevi essa música quando tinha apenas 19 anos e ainda é tão relevante. Em cada relação acontece isso e eu fico louca! É uma história que sempre acontece.

Pra finalizar, quer mandar uma mensagem para seus fãs brasileiros?
Quero que meus fãs saibam o quanto o quanto eu os amo, o quanto eu ao o Brasil. Eu fico muito animada sempre que eu vou aí! Tive um ótimo momento da última vez. Além disso, quero que saibam que sempre que precisarem de apoio e motivação, eu estou aqui. Estamos juntos, somente seja exatamente que é. Isso é especial.

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