Se me pedissem para descrever Kylie Minogue em poucas palavras, creio que seria: simpatia, carisma e talento. São mais de 30 anos de carreira, só na música (vale lembrar que ela começou como atriz na série “Neighbours”, da TV australiana), sempre sem medo de se arriscar (sim, estamos falando de você, “Impossible Princess”), mas sempre demonstrando muito talento em tudo o que faz.
E ela já fez de tudo: se arriscou no cinema (mas não estamos aqui para falar de seu papel em “Street Fighter – O Filme”), cantou com orquestra, sofreu por amor e venceu um câncer de mama. Na Austrália, sua terra natal, ela é quase um verdadeiro tesouro nacional: mesmo quem não gosta necessariamente de sua música, sai em sua defesa quando alguém ousa falar mal dela (acredite, eu já testemunhei isso).
Kylie Minogue é muito mais do que “Can’t Get You Out of My Head”, música de maior sucesso internacional de sua carreira, e para celebrar esses mais de 30 anos de carreira, Kylie vai lançar mais uma coletânea de sucessos: “Steb Back in Time”. O título, bastante apropriado para um álbum de Greatest Hits, vem de uma música da própria Kylie lançada em 1990.
E nós do POPline tivemos a oportunidade de entrevistar Kylie Minogue por telefone, de forma exclusiva para a imprensa brasileira, e conversar com a australiana sobre todas as etapas de sua carreira e o que o futuro nos espera: turnê nova, show no Glastonbury e, claro, vinda ao Brasil.
Confira a entrevista:
Oi Kylie, como você está?
Estou bem, obrigada. E você?
Estou ótimo.. Obrigado por perguntar. Primeiramente gostaria de dizer que eu sou um grande fã seu e estou honrado e um pouco nervoso de estar falando com você agora [risos]
[risos] Ok, está tudo bem! Não se preocupe com nada! Obrigada.
Vamos ser profissionais agora…
[risos] Bom!
Você tem um novo Greatest Hits chegando, mas você já tem alguns álbuns de Greatest Hits em sua discografia.. Por que você acha que essa é a hora certa para lançar outro?
É o momento certo para lançar um Greatest Hits porque… A: senti que era uma ótima hora e B: eu tenho vários shows de verão chegando nos próximos meses, incluindo o Palco Lenda no Glastonbury, que é algo muito muito importante pra mim.. E então é um tempo para refletir, celebrar e agradecer. Eu sou muito grata por essa oportunidade.. Eu não sou normalmente uma pessoa que fala e olha pro passado.. Eu normalmente penso no que eu estou fazendo agora ou a próxima coisa, então é emocionante, com certeza, olhar pra trás, mas simplesmente sinto que é o certo.
Então, falando sobre esses shows que você tem chegando.. O que os fãs podem esperar deles? Tipo “Showgirl 2.0”? Country? Disco?
Eu acho que vai ser apenas Kylie, sabe? [risos] Não será de um tema em particular, como foi “Showgirl” ou “Aphrodite”. Eu acho que cheguei em um estágio, especialmente depois da “Golden Tour”… As pessoas amam um espetáculo, nós todos amamos um espetáculo em um show, mas o que me permite me conectar mais com as pessoas, ter certeza da qualidade humana no show… Eu me sinto viva quando estou perto da banda, quando posso sentir a presença da banda. Eu acho que você vê a música de forma diferente quando vê que a banda está ali trabalhando em um show de duas horas. Então, eu não acho que terá um tema, eu vou tentar apenas estar presente, toda brilhante [risos].. eu adoro um brilho, é o que eu acho que vai ser pra mim.
Você falou sobre o Glastonbury, que é muito especial para você. Você está planejando para ele algo diferente dos shows que estão por vir?
Sim, eu acho que você sempre espera fazer algo diferente e definitivamente você quer que seja bom. Quero dizer, eu tocarei em outras incríveis arenas neste verão, mas claro que estou focando no Palco Lenda do Glastonbury e é claro que eu estou preparando algumas surpresas.
E você lançou sua nova música, “New York City”, na última semana, mas você já tem essa música há algum tempo já…
Eu acho que eu tenho essa música há um ano e meio, mais ou menos…
E por que você decidiu lançá-la agora e não antes, tipo na era do álbum “Golden”?
A música foi concebida durante as sessões de composição para o “Golden”, agora que as pessoas estão familiarizadas com o que foi o álbum “Golden”, ela não soava com o álbum de jeito nenhum [risos]. Mas nós apenas tínhamos uma versão do refrão, fizemos no final do dia quando eu estava trabalhando em Oxfordshire, no Reino Unido, e eu sei que estávamos gostando muito da música, mas pensamos que não estávamos fazendo o trabalho que deveríamos estar fazendo [risos]. Isso não faz sentido nenhum para o “Golden”, mas eu e meu time gostamos bastante dela então guardamos ela. E durante essa promoção que eu fiz para o “Golden”, eu fiz esse show em um teatro bem pequeno em Nova York e simplesmente eu tive essa epifania… Essa música simplesmente não deixava minha cabeça. Então, vez em quando, nós fazíamos mais um verso, apenas para completá-la e nós tocamos ela e a plateia amou.. E as pessoas começaram a pedir pela versão de estúdio, porque eu nunca cheguei a gravá-la, então para encurtar a história, nós pensamos que ela seria ótima para o Greatest Hits e eu voltei ao estúdio. E eu tinha chegado da Austrália em Londres apenas três dias antes, então eu estava completamente com jetlag e passei 12 horas no estúdio para terminar a música, mas eu estou muito feliz por termos produzido ela da forma que queríamos.. E essa é a história de “New York City”.
A música é incrível!
Obrigada! E eu acho que ela é tão perfeita para o Greatest Hits porque ela soa meio que antiga, sabe?
Exatamente!
Claro que ela soa como uma música nova, mas ela tem esse tipo de sensação retrô nela.
Ela é bem Disco, a música… essa é a direção que você está planejando para o seu próximo projeto? Tipo, teremos a Disco Kylie novamente?
Eu adoraria explorar um pouco disso sim. Quero dizer, eu não saberei até eu terminar esses shows de verão, mas eu acho que é sempre uma possibilidade pra mim. Seja Pop Disco, Electro ou uma versão, um amálgama de tudo o que eu já fiz até agora. Eu definitivamente sei que o que eu aprendi e experienciei fazendo o “Golden”, do ponto de vista de composição, vai ficar comigo e será inserido no estilo que eu venha a fazer no futuro.
E você está celebrando mais de 30 anos de carreira em música agora..
Eu nem sei como que isso aconteceu, de verdade [risos]
Eu não vou te perguntar por uma música preferida..
Obrigada, porque isso seria impossível.
Mas você consegue escolher um álbum preferido?
Uau! Eu acho que não.. Quer dizer, eu estou tentando te dar uma resposta, mas não consigo! Eu estou quebrando minha cabeça! Eu acho que “Rhythm of Love” foi importante porque tinha meio que começado a me colocar melhor no cenário da música. “Impossible Princess” foi um álbum esquisito, no sentido de que não foi muito bem sucedido, mas se eu pudesse dizer que era “underground”, ele tinha um som mais “underground”. “Aphrodite”.. Quer dizer… Eu não sei, eu não sei.
Vou tentar te ajudar. Pra mim, eu fico dividido entre o “X”, “Body Language” e “Aphrodite”, com certeza.
Ah, sim! Ok! Eu acho que se a gente falar sobre o que poderia vir no futuro, eu acho que.. Eu não posso nunca duplicar uma música, sabe? Mas se eu pudesse ter minha versão 2.0 de “All The Lovers” ou “Can’t Get You Out Of My Head” ou “Spinning Around”, qualquer uma dessas músicas, seria um milagre!
Você veio pro Brasil fazer show apenas uma vez e a gente está doido pra ter você de volta aqui…
Eu sei! E eu posso te dizer! Primeiro, o tanto que eu gostei, e segundo como estou triste de nunca ter podido voltar. Eu prometo a você, eu falo para as pessoas que eu adoraria ir e fazer shows em seu país novamente. Eu absolutamente amei!
Nós estamos esperando! Mas você pode me dizer qual a sua principal memória de seu tempo aqui no Brasil?
O público. O amor e a paixão do público, sem dúvidas.
Você é considerada um dos maiores ícones LGBTQ+ do mundo. Quão importante é isso para você, tanto pessoalmente como profissionalmente?
É algo muito natural para mim. Eu quase quero dizer que não teve esforço, mas claro que tudo precisa de esforço. Mas é uma relação muito orgânica e natural que começou há muito, muito, muito tempo atrás. E eu tenho orgulho de que foi antes de termos coisas como propaganda, marketing para esse tipo de público. Nada contra, é sempre bom termos propaganda para todos os tipos de pessoas, mas para mim foi algo muito natural, normal e que grupo leal de fãs e apoiadores. É maravilhoso.
Você colaborou com alguns artistas diferentes durante toda sua carreira, mas os fãs, como eu eu mesmo, queremos saber quando vamos ter um álbum colaborativo completo seu e de sua irmã Dannii?
[risos] Ah, oh meu Deus! Nós já tivemos problema suficiente fazendo apenas uma música juntas, então isso pode demorar um pouco! Mas você está certo, seria incrível! Quero dizer, até mesmo para nós, nós temos que voltar e perguntar “essa é você ou sou eu?”, quando gravamos “100 Degrees”. As diferenças entre nossas vozes são muito sutis e com certeza você teria que ser um especialista para diferenciá-las.
Eu amo a versão que vocês fizeram de “The Winner Takes It All”, do ABBA, é uma das minhas músicas favoritas.
Ah, obrigada. Não são muitas pessoas que ouviram ela…
E para terminar essa conversa incrível, eu quero agradecer mais uma vez por você ser ter tão simpática e incrível e te agradecer por sua música e tudo mais…
Ah, você fez o meu dia! Muito obrigada!
Você pode mandar um recado para o POPline e todos os seus fãs brasileiros que são realmente loucos por você?
Claro. Olá todos do POPline e todos vocês lindos fãs do Brasil! Estou mandando pra vocês um grande beijo no coração! Eu amo vocês!
O Greatest Hits “Step Back in Time”, será lançado por Kylie Minogue no dia 28 de junho e virá com mais de 40 sucessos da cantora australiana.