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Entrevista: Conversamos com a banda Melim sobre seu álbum de estreia, influências e aquela coisa de serem irmãos em uma banda


Não é novidade no mundo da música que irmãos se juntam para formar um grupo ou banda. Tivemos exemplos positivos, com Jacksons 5 e Sandy & Junior, e até uns exemplos onde, apesar de bem sucedidos, os irmãos não paravam de brigar, como na banda Oasis.

E a banda Melim é mais um bom exemplo de que irmãos se dão bem em uma empreitada musical.

Catapultados para a fama durante sua participação no programa Superstar, a banda Melim, composta pelos irmãos Rodrigo e Diogo, gêmeos, e a caçula Gabriela, já escrevia sucessos para outros grandes artistas da música brasileira, como Ivete Sangalo e Luan Santana.

O estilo, que eles mesmo descrevem como “good vibes”, mistura vários ritmos musicais, como reggaeton, pop e reggae. Sempre com aquela vibe praiana digna de nativos da cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, romantismo e harmonia perfeita das vozes.

Além do talento como compositores, instrumentistas (cada um toca pelo menos dois instrumentos) e cantores, a banda Melim também se destaca pela grande simpatia e alegria de seus integrantes.

Para esta entrevista, conversei com a Gabi (já fiquei íntimo), e logo que começamos a falar, depois dos cumprimentos já bem animados, comentei sobre o álbum de estreia do grupo e revelei, para a surpresa de Gabi, que minha música preferida é “Confusão”. “Jura? Esse feedback é muito bom, porque quando a gente grava o disco a gente não imagina que música que a galera vai se identificar. Essa quase ficou fora do álbum”, afirmou Gabi.

Vocês já têm uma base de fãs muito grande, mas ainda tem muita gente que não conhece vocês, o som de vocês e eu queria começar essa conversa com você contando pra gente como a música entrou na vida de vocês e quando vocês decidiram se lançar como uma banda juntos os três…
Então, a música sempre fez parte da vida da gente, desde criança a gente sempre gostou muito de karaokê, meu pai comprou instrumentos pra gente. Mas depois que a gente foi crescendo, a gente começou a levar isso de uma maneira mais profissional. Falando de mim mais, eu sempre tive uma convicção de que eu quero ser cantora, já desde criança criança mesmo. Os meninos sempre tocavam música assim, tipo rock, e quando tinham uns seis anos tiravam tipo Beethoven de ouvido no piano.
Com 15 anos eu gravei meu primeiro disco, eu era solo. A gente se juntou faz dois anos e pouco, mas aos 15 anos lancei esse disco de samba de raiz, com influências de MPB e Bossa Nova e com esse disco acabei indo pra fora, Europa, Estados Unidos, até pra África do Sul.. E isso me deu muita bagagem, de palco, de tudo. Os meninos sempre tocaram em barzinhos, sempre foram multi instrumentistas. Aí chegou um ponto que a musicalidade ficou muito próxima, enquanto eu comecei no samba, eles estavam no pop/rock, mas aí eles vieram mais pra esse lado Pop “good vibes” e eu também. E aí a gente estava numa festa e eu tive a oportunidade de tocar no palco e subimos no palco e a galera começou a aplaudir de pé depois, dizendo “como essa banda é ótima”. E depois eu fiquei com o Diogo de madrugada pensando em montar a banda e por isso que a gente diz que o Melim simplesmente aconteceu. Mas foi uma felicidade lá pra casa, os filhos juntos na música. (risos)

Então, esse processo de encontrar a musicalidade de vocês, essa coisa “good vibes”, reggaeton, reggae, foi algo natural pra vocês…
Sim! A gente tem muita influência de vários artistas e eu sempre gostei muito de MPB, surf music, R&B, jazz, blues e os meninos sempre gostaram muito de música Pop e de R&B também.. então acho que a gente mistura um pouco de tudo, a gente gosta muito de reggae. A gente é de Niterói, da região chamada Oceânica, então a gente foi muito dessa vibe de praia, e a gente acaba trazendo um pouco disso pra música, essa coisa da natureza, boas vibrações, falar de amor. Sou muito romântica também.

Nesse primeiro álbum vocês não contaram com participações especiais, foi uma escolha ciente de vocês ou foi algo que simplesmente aconteceu?
Simplesmente aconteceu, porque na verdade a gente pensou em chamar algumas pessoas, mas foi um processo meio corrido, sabe? Apesar de termos ficado três meses em estúdio, pra gente que gosta de criar tudo, se envolver em todos os aspectos.. desde a composição, todas as músicas são autorais, e depois a produção, os arranjos, a escolha do repertório, de tudo. Então acabou que três meses ficou pouco pra gente.. chegou no limite que não deu pra esperar a gente fazer um convite, esperar a pessoa mandar.. isso ia acabar tardando todo o planejamento que a gente tem. Então acabou não acontecendo, mas a gente pensou sim em chamar várias pessoas… (risos)

Tem algum nome que você poderia dizer pra gente que vocês quase convidaram?
A gente quase falou com a galera do Maneva, porque tinha uma música que tinha tudo a ver com eles, mas aí ficou corrido.

E se vocês pudessem escolher apenas um artista ou banda para fazer uma colaboração, quem seria?
Só um? Um é muito pouco! (Risos)

Tá, então fala três…
Três tá bom! Natiruts com certeza, é uma banda que a gente ama. Falando de sonho, acho que Ivete, que a gente ama de paixão também. E falando de sonho sonho sonho, muito sonho, seria Djavan. Um baita sonho assim.. Aquele sonho mesmo! Pra viajar! (Risos)

Todas as músicas são autorais, como você falou, então como foi pra você esse processo de composição das músicas?
A gente sempre gostou de escrever pra outros artistas, então começou a ser algo bem natural, sabe? A gente escreve porque gosta de escrever, a gente gosta de compor. A gente escrevia na nossa vibe, da nossa banda, aí de repente outro artista se identificava e levava pro universo dele, criando arranjos que levava para outro segmento.
E pra gente foi mais fácil, porque já tínhamos uma visão do que a gente queria fazer. A gente queria trazer um pouco de todas as influências da Melim.. é até muito difícil rotular a gente porque a gente passeia por muitos estilos, mas a gente comunica de uma maneira Pop, mas com muitas influências.

E essas experiências de escrever para outros artistas, como Ivete Sangalo, Luan Santana, Matheus & Kauan… Pra você, qual foi a importância artística de ter grandes nomes da música brasileira cantando músicas de vocês?
Se a gente parar pra pensar, na época que eles gravaram, a Melim nem existia. A gente não tinha uma proporção que a gente tem hoje. Então isso dá uma certeza que a gente tá seguindo algum caminho. Um grande nome como Ivete, que a gente adora, que a gente é fã, estar com uma canção nossa é uma coisa assim.. “Caraca!”. Então a gente tá no caminho certo, a gente tá fazendo com amor, com o coração e a gente tá na trilha certa. E acho que pras outras pessoas também é legal. Eu acho que você acaba ganhando o respeito da galera da música, quando te enxergam como compositor, além de cantor, de artista.

E você tem alguma música preferida desse álbum?
(risos) Eu sou muito vira-casaca, cada dia falo que é uma!

E hoje, então, qual seria?
Hoje eu tô “Ouvi Dizer”. (Risos)

Falando das influências musicais da Melim, você falou dos estilos que formaram o som de vocês, mas teriam alguns artistas específicos que influenciaram bastante a musicalidade da banda?
Total, acho que o Natiruts, o Skank.. Nossa, maior galera! Depende muito da música, mas de uma maneira geral o Natiruts é bastante. Cidade Negra, Lulu Santos.. Muita banda gringa também, o MAGIC! é uma que é uma referência máxima também. Tem uma música do disco que chama “Não Demora”, a gente teve muita influência do Ed Sheeran nessa música, na hora de fazer o arranjo…

Depois de um momento de papo de comadre falando sobre as nossas músicas preferidas do álbum de estreia da Melim, entramos naquele questionamento que todo mundo que tem irmão em casa, sempre se pergunta.

O relacionamento de irmãos atrapalha ou ajuda na hora do profissional?
Então, a gente tem as vantagens e as desvantagens, mas com certeza eu diria que ajuda, 100%. Porque além dos meninos serem pessoas muito boas de coração, não é porque são meus irmão não, mas eu aprendo muito com eles, são pessoas muito generosas, não guardam rancor de nada, são pessoas muito do bem.
Mas falando de uma maneira mais genérica, o irmão é aquela pessoa que você confia. Então estar perto de alguém que você confia, quando a gente tá na estrada, a gente tá longe da família, mas a gente está em família, porque está sempre nós três ali juntinhos.
E acho que a desvantagem seria… Tomar cuidado pra não misturar as coisas porque a gente tem muita intimidade. Quando a gente tem muita intimidade, às vezes a gente não tem rota pra falar, né? A gente vira e fala! (Risos). E a gente tem que pensar que não, estamos tipo num ensaio, tem mais gente aqui, não é legal ficar brigando, discutindo. Mas a gente vive bem, cada vez mais a gente se respeita mais e a gente não é de brigar, é difícil.

Sem saber de onde sou (Natal-RN), o papo segue ainda mais gostoso quando falamos dos planos de uma turnê da banda Melim pelo Brasil. Gabi cita o desejo de visitar Natal, com muitos elogios à cidade e ao seu povo, e outras cidades do Brasil e espera que com o lançamento do álbum de estreia da Melim isso possa finalmente acontecer.

O papo de comadre maravilhoso que se transformou essa conversa (e que a gente não queria que acabasse ainda) segue até nos despedirmos, com esse desejo de nos encontrarmos em um show aqui em Natal e com uma mensagem para o público do POPline que acompanha a banda Melim: “Queria dizer que a gente tem muito carinho por todo mundo e esperamos que a galera curta o álbum novo! Um super beijo e a gente ama todo mundo”, afirmou Gabriela, com muita alegria e simpatia, uma marca registrada da banda Melim.