Se tem uma coisa difícil de acontecer é ver Cleo se intimidar. Arriscar, ousar, inovar nunca foram uma problema para a atriz e cantora, que afirma que sempre “se sentiu uma rockstar”. Em seu primeiro trabalho na música, o EP “Jungle Kid”, Cleo meteu o pé na porta e sem faltar coragem, deu a cara a tapa para flutuar por esta vertente artística, que para ela sempre foi tão comum e para nós é novidade.
Com cinco faixas inéditas, Cleo deu um “restart” na carreira e parece estar realizada em sua nova fase. Em um bate-papo com o POPline, ele contou mais detalhes sobre “Jungle Kid”, falou sobre suas influências, comparações com outros artistas e sobre planos para o futuro na música.
Cleo, apesar da forte influência musical dentro sua família, sempre fomos apresentados à você como atriz. Como está sendo essa transição para a música?
Pra mim não foi uma transição, porque sempre me senti uma rockstar! Haha A verdade é essa, sempre quis fazer isso da minha vida, mas também sempre respeitei muito os sinais. Eu achava que se estava indo pelo lado esquerdo e a vida me dava sinais para eu seguir pelo lado direito, eu iria ver o que há por lá, sabe? Meu caminho como atriz foi muito legal, eu queria este caminho e ele me proporcionou muitas coisas, mas eu queria mais a música. Quando eu era criança, imaginava que seria uma cantora faz alguns filmes e me tornei uma atriz que faz vários filmes, novelas… Acho que a transição mesmo foi em como comunicar isso ao público, porque pra mim e pra minha família isso sempre foi muito claro.
Como foi o seu processo criativo na produção de “Jungle Kid”? Como foi a essa curadoria? Quais são suas principais influências…
O processo criativo é algo que não tenho muita consciência dele. Eu não sei muito bem como ele acontece… Às vezes sento e escrevo sobre algo que estou sentindo ou começo pela melodia e escrevo algo em cima. Já as minhas influências são milhares… Eu gosto muito de rock, sempre ouvi muito Incubus, as bandas do Mike Patton. Hip hop também, ouço muito Wu-Tang, Kanye… Funk brasileiro também sempre está na minha playlist.
Você trabalhou em parceria com o produtor Guto Guerra na concepção deste trabalho. Como aconteceu esta colaboração? É um flerte antigo?
Não, eu conheci através do meu ex-empresário em setembro e mostrei minhas letras pra ele. Logo depois ele começou a musicar e fez algumas melodias. A partir daí eu praticamente morei no estúdio dele haha
Você lançou um EP com cinco faixas, sendo três delas em inglês. Qual motivo pelo qual você flutuou para a composição em outro idioma, já que esta é a sua introdução como cantora no mercado brasileiro?
Na verdade, foi como sempre escrevi. Fui alfabetizada em inglês e português e me expressar em inglês sempre foi mais fácil. Pode parecer ‘metida’, mas é a verdade, sabe? Pra mim sempre foi assim. As músicas que sempre ouvi também eram em inglês em sua maioria, os filmes também, a moda… Me identificava muito com esta cultura, então isso faz muito sentido pra mim. Quando comecei a escrever mais em português, falei com meu pai Orlando [de Morais] e até escrevi uma letra pra ele… Mas sempre foi algo que fazia com muito esforço. Escrever em português é mesmo mais difícil e talvez seja algo para qual eu ainda não tenha tanta competência.
“Jungle Kid” é um trabalho bem plural, cada uma das faixas apresenta uma faceta musical bem diferente da outra. Você está encarando esse material como uma espécie de amostra para projetos futuros?
É tudo que eu gosto! Ainda falta muita coisa, falta samba, funk e algo mais eletrônico, mas essas vão sair no álbum. Eu acho que sim, é uma amostra. Eu gosto muito desse EP porque acho que ele é plural, eclético, livre. Não tem amarrações, não tem rótulos, não tem gênero.
Como foi a escolha dessas cinco faixas que vieram a compor Jungle Kid? Existem outras músicas prontas?
Foi bem difícil, cara. “Jungle Kid” tinha que tá, pois queria que este fosse o nome do meu primeiro trabalho. Sobre as outras…. Queria que tivesse algo em português, porque também quero cantar em português e já tinha me aventurado a compor em português e queria mostrar isso. Foi basicamente assim: “Jungle” que é o título e mostra de onde venho, “Impulses” que é um rock eletrônico, “Cloud” que é mais clássico, melancólico, e duas em português. Uma mais pop-rock e outra um reggaeton mais pop, algo bem dançante mesmo. Eu queria que tivesse um leque que me representasse bem e também usar as músicas que estavam mais ‘prontas’, porque temos outros rocks e reggaetons, temos quinze músicas prontas, mas essas eram as mais finalizadas e pareciam ser mais corretas.
Como você pretende trabalhar essas músicas? Pretende lançar clipes?
Por enquanto, temos planos para lyric videos. Todo esse processo foi meio atropelado. Quando decidi que eu realmente queria fazer uma coisa como esta, lembrei de que precisava de um empresário legal. Em uma semana encontrei a Fátima e logo depois começamos. Tudo isso foi feito em um mês, então não tive tempo de fazer algumas coisas. Mas quero muito fazer clipes. Eles são a formação da minha vida! Sempre assisti muitos clipes e adoro.
Ao ouvir “Jungle Kid” – o single – percebe-se influências diferentes, mas talvez as mais latentes para o cenário pop atual sejam Lorde e Lana Del Rey. Inclusive há muitos comentários mencionando essas duas artistas no seu canal no YouTube. Como você lida com essas comparações?
Eu odeio ser comparada, mas já que estou sendo comparada, fico feliz que seja com duas artistas que eu consumo e gosto. A influência acho que vem por osmose, de ouvir, de gostar, mas nunca foi algo pensado, tipo ‘quero fazer uma música que soe como Lana ou Lorde’. Pra mim, as minhas referências sempre foram PJ Harvey, Marilyn Manson, Nina Simone, Michael Jackson, Caetano, Marina Lima, Fernanda Abreu… Eram outras vertentes.
Você sempre se comportou de maneira muito autêntica e nunca foi de esconder o que pensa. Este posicionamento também está em suas composições? Sente que pode explorar ainda mais seus posicionamentos através da música?
Muito mais! É muito mais legal, porque vejo tudo tomando forma. Para mim, quando só penso ou sinto alguma coisa, parece que aquilo não existe ou não tem lugar. Mas quando você transforma isso numa letra, numa música, na parte de um show, em um clipe, isto ganha vida. Se transforma.
É um tanto clichê, mas não poderia deixar de perguntar sobre a opinião de seu pai e seu irmão sobre seu trabalho. Houve alguma troca com eles em termos de palpite, dicas? O que eles acharam do resultado?
Cara, acho que o Filipe (Fiuk) ainda não ouviu! Eu botei o link nos grupos das famílias, né? haha Mas como no último mês eu estava mais no Rio e mais próxima dos “Pires de Morais”, eles já ouviram muitas coisas. Eles adoraram e meu pai (Orlando) conheceu a minha empresária e deu vários palpites. Ele tem uma coisa muito legal, ele só dá conselhos partindo de você e não dele. Então, ele vê quem você é e do que você gosta e vai tentando te ajudar, mas sem impor. Então, foi muito bom trocar com ele. Antônia (Morais), minha irmã, também foi uma grande inspiração. Já do lado dos “Ayrosa Galvão”, a minha irmã Tainá já viu, meu pai (Fábio Jr) também viu e postou, mas ainda não conseguimos conversar muito sobre isso.
Você gostaria de fazer parceria com algum deles?
Já gravei com meu pai. Na verdade, todo tempo que tenho para passar com minha família eu gosto e acho muito legal que todos nós fazemos a mesma coisa e podemos estar nesse universo juntos, sabe?
Acredito que agora, mais do que nunca, você estará ainda mais atenta ao cenário musical mundial. O que tem mais chamado sua atenção? Quais artistas não saem de suas playlists?
Eu gosto muito da SZA, acho ela maravilhosa. Lana Del Rey e Lorde com certeza. Anitta eu também adoro e ouço muito e acho que ela faz uma coisa muito legal e está levando o funk lindamente lá pra fora. A Pabblo, Rico Dalasam, Karol Conká, Glória Groove, Aretuza Lovi… Todos esses!