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Entrevista: Clau fala sobre novo EP “VemK”, foco na carreira, cobranças por um álbum e novas parcerias


A escada para o sucesso possui muitos degraus e algumas armadilhas prontas para te colocar no início novamente. Clau sabe exatamente disso e com calma ela vem trilhando a sua própria jornada no mundo da música nacional. O seu segundo EP saiu há menos de um mês, um single novo está sendo trabalhado, clipe lançado e já mostra um outro lado dessa versátil gaúcha de Passo Fundo que já lançou parcerias com grupos de rap, coletivo de funk e cantoras pop. Sem rótulos, Clau só quer apresentar a sua verdade mesmo que, para isso, precise adiar planos – como o primeiro álbum.

Nessa entrevista sobre “VemK”, falamos sobre os rumos da carreira, o sucesso de “Pouca Pausa”, a atual música de trabalho “Moreno”, o consumo imediatista dos fãs, cobranças e parcerias que já estão em sua lista de desejos.

Foto: Guto Costa/Divulgação

Vamos começar obviamente por “VemK”. Quem te acompanha pelas redes sociais vê que você não para de gravar, está sempre em estúdio… Mas como você reuniu as faixas?
É (risos). Como dá para imaginar, eu fiz muita música nesses últimos tempos. Desde que lançou “Pouca Pausa”, eu estava há bastante tempo sem lançar nada, mas estava o tempo todo em estúdio, compondo, gravando… então várias músicas ficaram prontas nesses meses e a gente estava até na dúvida de como iríamos lançá-las porque ainda não é o momento de lançar um álbum, por exemplo. Mas também lançar só singles não era para ser… ficar todo esse tempo afastada para vir com um single só, sabe? Então escolhemos algumas músicas para esse EP. E começamos no processo de audição das músicas. Às vezes os fãs perguntam como eu escolhi essas músicas, quais os critérios e não depende apenas de mim. Eu sou apenas uma das opiniões porque tenho uma equipe enorme, a gravadora, enfim. Particularmente “Meia Noite” era a minha música favorita e eu queria que entrasse. Só falei assim: essa é a minha única exigência, que não quero esperar para lançar. As demais eu deixei a escolha mais livre e dei meu “ok” final.

E as que não entraram?
As que ficaram de fora a gente vai lançar depois, elas vão ficar por enquanto guardadinhas. Eu estou todo tempo fazendo música. Além dessas que já estavam prontas eu estou agora gravando, escrevendo mais. É bom porque me dá bastante opção e fazer um trabalho melhor.

Como é mostrar as novidades após o sucesso de “Pouca Pausa”? Eu pergunto porque a música trouxe uma atenção maior à sua pessoa como artista.
Olha, eu procurei não sentir isso como pressão porque mesmo tendo um grande sucesso, a “Pouca Pausa” é um single, tem participações de Haikaiss e da Cortesia Da Casa, foi uma música que a gente conseguiu se conectar com a galera e foi muito incrível. Mas eu não me deixei lidar como uma pressão e sim como motivação. Tipo, que bom que deu certo, vamos aproveitar essa música, foi meu primeiro hit, vamos dizer assim… mas acho que o principal é continuar trabalhando para entregar músicas cada vez melhores. Então não fico preocupada ou exigindo números porque acho que não está aí o segredo. Assim como “Pouca Pausa”, que a gente não teve a intenção de fazer um grande hit, acho que não dá para colocar pressão nas demais músicas para “ser um hit”, comparando com “Pouca Pausa”. A música foi uma fase e aproveitamos ela ao máximo, a trabalhamos ao máximo. Acho que quando a gente fala que vai ser sucesso, coloca essa pressão, aí é que não vai ser. Prefiro focar em um trabalho bem feito, que eu vou me orgulhar e que estou me superando. Foi isso o que pensei para este EP. Agora é uma nova fase, um resultado que eu me esforcei muito.

Pra mim, uma enorme diferença entre o EP do “Relaxa” e o “VemK”, é o amadurecimento na sua voz. É claro a sua maior segurança. Você também enxerga isso?
É, acho que rola isso sim porque… imagina, meu primeiro EP foi minha primeira experiência real em um estúdio, por exemplo. Por mais que antes de ter assinado com a gravadora eu já tivesse músicas lançadas, eu tinha duas músicas lançadas independente, mas era aquela coisa amadora, entendeu? Ia no estúdio de um amigo, não era um trabalho profissional de estúdio. O EP “Relaxa” foi meu primeiro contato e foi incrível para aprender como funcionada tudo, como era compor com produtores incríveis, fazer um trabalho profissional. Considero enorme realmente o amadurecimento não só da minha voz ou da forma de cantar, mas de tudo o que envolve a profissão. Minha segurança, auto-confiança, tudo foi fortalecido, não foi apenas por causa do sucesso até porque eu estava trabalhando nessas músicas há bastante tempo. Acho que foi um processo de auto-conhecimento mesmo e saber exatamente o que eu estou fazendo, como minha voz funciona, estudo muito. Gosto, por exemplo, de trazer elementos de voz nas minhas músicas. Se você ouvir com um fone você vai perceber que tenho mil vozes gravadas em cada uma, no fundo, eu faço os backings, dobras, enfim. Realmente gosto de mostrar essa evolução e que posso proporcionar produções cada vez melhores.

E a escolha de “Moreno” para single? Será o único single ou a gente pode dizer que é o primeiro single deste EP?
É primeiro single! Na verdade a escolha foi por ser a música mais pop do EP, a mais leve. E como eu já tinha vindo com “Pouca Pausa” que tem muito rap, é uma música mais pesada digamos assim, de batida, de letra mais sensual, depois a gente veio com “Dame Mais” que foi minha parceria com Tropkillaz e com Rincon Sapiência que também era mais pesada, um batidão e muito rap e eletrônico… então eu tinha essa vontade de mostrar também esse meu lado mais suave, mas tranquilo, mais pop, mais romântico.

Eu particularmente gosto muito da sua voz cantando esse R&B, charme. Combina muito.
Ah, brigada (risos). Como você mesma disse, a “Moreno” eu falo que é a “Relaxa” desse EP. Elas tem o mesmo, mas acho que a “Moreno” consegue trazer mais, na letra, uma intensidade maior. Quando eu a escrevi pensei muito em um amor romântico, respeitoso, aquele amor no melhor sentido da palavra, sabe? Quis escrever essa música justamente para mostrar esse outro lado da Clau, esse lado mais especial, mais “fofo” digamos.

Você vem de uma série de parcerias e o EP tem ainda esse outro “lado” de ser só você, mas teremos mais colaborações este ano?
Tenho uma música gravada com a Cynthia Luz, que a gente quer trabalhar depois do EP. Ainda não tá confirmado, mas é uma possibilidade porque é uma música muito legal e já está gravado. E tenho muita vontade de fazer mais parcerias. Queria muito… queria muito não, quero e vai acontecer, só não sei quando… (risos) mas quero gravar com a Gloria Groove. É uma pessoa que seria uma colaboração incrível! Eu já tenho até a música.

Vou torcer pela Gloria! Vocês duas combinam demais juntas.
Quero muito! Pode até dizer aí que sou muito fã da Gloria e estou fazendo a música já pensando em chamá-la para a parceria. A gente se fala e fica nessa ‘ah, vamos fazer?’, ‘vamos!”, nesse papo, sabe? Mas ainda não cheguei com a música e disse ‘ó, é essa o que você acha?’. Estou fazendo, ficando incrível, para ela amar e querer participar (risos).

Você disse que não era hora de um disco e com certeza você é cobrada dos fãs. Por que esse álbum ainda não rolou? Não é a hora para você, não é a melhor hora em questão de mercado…
Olha, acho que é no geral, sabe? É muito difícil lançar um álbum completo porque é um trabalho muito grande, são meses e meses, talvez anos para depois trabalhar, talvez, três músicas com clipe e as outras ficarem próximas de quem é fã mesmo e não serem tão conhecidas do grande público… Claro, é meu segundo EP, eu já não estou tão no início, já tenho alguma experiência, digamos assim, mas ainda me considero uma cantora em início da carreira. Acho que o álbum seja mais interessante ser lançado mais pra frente, quando eu tiver um público maior, quando eu puder atingir mais pessoas com meu trabalho porque é um esforço tão grande para fazer um álbum que o retorno tem que ser muito incrível. Não digo retorno financeiro, de números, mas de reconhecimento mesmo.

Você acha que o comportamento de quem consome música, esse imediatismo e prazo de validade rápido dos lançamentos, pesa nessa balança?
É… Hoje em dia é tudo muito simultâneo, tudo muito rápido. As pessoas consomem muito rápido e já querem uma nova notícia, uma nova música, lançamento então o álbum é lançado e ele tem que ser trabalhado por um bom tempo. É difícil lançar o álbum e trabalhar esse álbum e ser trabalhado por esse tempo sendo que o público quer novidade a cada momento. Esse interesse é ainda mais rápido quando o artista é pop, né? Por isso acho que é mais interessante quando você é um artista estabilizado que o público já está esperando por uma obra completa com o maior número de material possível.

Você é o tipo de fã que ficava aguardando ansiosamente o lançamento de um disco?
Com certeza! Muito!

Você lembra de algum episódio especial?
Eu esperava muito da Avril Lavigne! Eu sou de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, então lá rolava um “delay” para chegar nas lojas. Eu arrumava alguém para ir para Porto Alegre para arrumar o CD e eu poder ter o CD o quanto antes porque não ia para a minha cidade assim que ele era lançado. Era muito louco porque eu ficava meses e meses aguardando e quando saída eu ainda tinha que esperar alguém ir para outra cidade buscar pra mim.

E certamente o seu apego à discografia da Avril é totalmente diferente do “relacionamento” que se tem hoje.
Ah sim… e tinha também o encarte com todas as letras da músicas. Era todo um processo para consumir aquela obra. Hoje em dia é tudo mais fácil.