Coachella

Entrevista: Atração do Coachella, Oliver Sim fala sobre novo disco do The xx, Rihanna, Shakira e Florence Welch

Músico falou sobre relação da banda com o cenário de música pop da atualidade.

Por Mari Pacheco

Depois de ser ovacionado pelos fãs e sair do Lollapalooza Brasil como um dos melhores shows de toda a edição de 2017, o The xx está de malas prontas para mais um grande festival na carreira. A banda se apresenta nos dias 14 e 21 de abril em Indio, California. O baixista do The XX, Oliver Sim, nos cedeu um pouco de seu tempo para falar sobre o novo álbum da banda, a mudança na
sonoridade da música produzida por eles e a relação que tem com o cenário de música pop da atualidade.

Sem amarras ou constrangimento, Oliver confirmou que ama música pop e que ficou feliz com as versões que Rihanna e Shakira fizeram de suas músicas! Confira a entrevista na íntegra:

POPline: Como se sente em estar no Brasil mais uma vez?

Oliver: Maravilhoso! Essa viagem tem sido diferente, porque normalmente quando viajamos não temos tempo para nada, mas dessa vez estamos aqui há quatro dias e tivemos dois dias livres, está sendo muito bom. Fomos ao Parque Ibirapuera e eu também me perdi no Beco do Batman?! Aquele lugar com todo aquele grafite… Muito lindo.

Como foi o show do Lollapalooza?

Aquilo foi… O melhor show que fizemos desde que voltamos a nos apresentar. Foi mágico e espero que as pessoas tenham percebido isso também. Nos divertimos muito e estávamos muito felizes. Certamente está no meu Top 5 de shows da nossa carreira.

A volta do The XX ao Brasil é interessante, pois na primeira vez que estiveram aqui o show foi inteiramente financiado pelos fãs (através da plataforma “Queremos”) e agora vocês se apresentaram em um dos maiores festivais do país. Você gosta de tocar em festivais?

Sim, eu adoro festivais. Eles são diferentes em termos de controle sobre a apresentação, mas posso afirmar por mim e pelos outros (Rommy e Jamie) que adoraríamos voltar para apresentar o nosso próprio show. Ao mesmo tempo, acho que (festivais) também são muito legais porque nem todo mundo que está ali foi para te ver e conhece sua música. Então é necessário trazer as pessoas até você, o que é ótimo.

Dessa vez, vocês vieram ao Brasil com o novo álbum “I See You” e ele é bem diferente dos anteriores, “XX” e “Coexist”. Como você descreveria essa nova era, essa nova sonoridade?

Hmmm. Quando você faz seu primeiro disco, é impossível fazê-lo novamente. No nosso segundo disco, escolhemos um pouco de tudo do que as pessoas mais gostavam sobre nós e o que nos destacou e levamos tudo isso a um novo patamar. Nesse novo álbum, a gente meio que deixou para trás algumas regras que estabelecemos para nós mesmos e deixamos novas ideias
aparecerem. Nós amamos música pop e não nos sentimos culpados por isso, mas talvez a gente tivesse um pouco de timidez em relação a demonstrar esse sentimento. Agora, tentamos mostrar um pouco mais.


“On Hold”, 1º single do álbum “I See You”

Como foi esse processo criativo do “I See You”?

Foi muito diferente dos outros. Levou muito tempo, chegou a ser frustrante, mas eu não mudaria nada agora, pois isso teria modificado o álbum, mas de fato espero que o próximo não seja tão demorado. Foi divertido; primeiramente porque tentamos fazer coisas que não fizemos antes. Gravamos sessões no Texas, Islândia e em Los Angeles. Também trabalhamos em Londres, mas foi legal sair de nossa casa, onde nos sentimos mais confortáveis.

Você diria que esse álbum é mais eletrônico e menos experimental do que os outros?

Sim, definitivamente é mais eletrônico. Acho que o álbum solo do Jamie tem uma grande influência nisso. Especialmente para mim e para Romy, que fizemos parte daquele disco, de algumas músicas, e fomos inspirados sobre uma perspectiva de fã. Acho que todo o processo foi mais experimental. Acredito que é muito mais difícil faz uma boa música pop do que fazer música mais abstrata. Romy viajou para Los Angeles para trabalhar com máquinas pop, que fazem músicas perfeitas, o que me soa fascinante e talvez um pouco sem alma, pois também e um tanto mecânico. Ela voltou de lá com uma outra sensibilidade para o pop.

Alguns fãs e veículos especializados chegam a dizer que vocês parecem “mais felizes” agora, quando comparado a uma versão antiga e mais soturna do The XX. Você concorda com isso?

Sim, concordo. Sinto que muito do que acontecia no início era porque éramos adolescentes e muitas vezes o nervoso e a timidez podem lhe travar, mas sempre fomos felizes. [Agora] tentamos escrever músicas mais otimistas. Foi levemente intencional, por conta de variedade, e também deixamos de lado os corações quebrados. Em momentos mais tristes, nos sentimos muito mais inspirados para escrever e talvez quando você se sente melhor, normalmente você está apenas aproveitando o momento. Normalmente, quando se escreve músicas otimistas é fácil cair em um caminho doce demais, até mesmo cafona.

Com toda essa mudança, ficou mais difícil montar setlists que agreguem as músicas mais antigas e as mais novas de uma maneira harmoniosa?

É muito mais legal, porque temos mais músicas para selecionar, mas também é mais difícil não incluir certas músicas. Você trabalha tanto nelas, elas são como filhos que você precisa dizer: “Hoje você não sairá de casa para brincar”, sabe? Mesmo assim, agora fazemos as pessoas dançarem! Temos esses momentos, temos mais variedade e podemos montar algo como uma jornada.

Você acredita que, com essa mudança na sonoridade, o seu público venha a mudar? Talvez atrair um público de diferentes faixas etárias?

Com certeza. Um bom exemplo disso é que meus pais gostam do que fazemos, sabe? Além de apenas gostar porque são meus pais. Normalmente em nossos shows, as primeiras duas fileiras são de pessoas bem jovens, porque eles têm energia para ficar ali por muito tempo.  Também acredito que nosso público está crescendo junto com a gente… Quando se faz música pensando apenas nos fãs, eles vão querer  que você faça sempre o primeiro disco diversas vezes, então você deve ter esperança de que eles irão crescer e evoluir junto com você.

Bem, você já afirmou que ama música pop e, no passado, Rihanna e Shakira usaram samples de músicas do The XX (“Intro” e “Islands”) em suas próprias produções. O que você achou disso?

Eu amei! Achei muito divertido. Conheci as duas pessoalmente. Shakira se apresentou no programa Jools Holland, na Inglaterra, no mesmo dia em que estávamos lá e ela veio até nós e disse: “Amei essa música que vocês tocaram, é fantástica.” Mais uma vez, não temos vergonha de dizer que amamos pop, não tenho nenhuma reserva em afirmar que nossa música é pop. Pop não significa nada, além de “popular”.

O The XX também foi responsável pelo remix de “You Got The Love”, música do Florence and The Machine. Como é a relação de vocês com a Florence Welch?

Fizemos uma performance com ela recentemente, há umas duas ou três semanas. Ela é a nossa melhor amiga na música. Sempre tentamos fazer amigos, amo músicos; é algo interessante (essas amizades). Esse é mais um ponto positivo dos festivais, temos oportunidade de conhecer outras bandas. Hoje mesmo, tomamos café da manhã com o The 1975 e ontem vimos o The Weeknd. É incrível. Voltando a Florence, ela  também nos contou um pouco sobre o Lollapalooza Brasil antes de virmos para cá… Também temos o nosso próprio festival, que se chama “Night + Day”, onde podemos ser anfitriões e convidar artistas que queremos conhecer. É muito louco conhecer alguém que você realmente ama!


Vídeo com imagens do festival “Night + Day”

Sobre esses artistas que você ama, existe algum que seria a sua “colaboração dos sonhos”?

Björk! Eu adoraria passar um tempo com ela, sou um grande fã. Ela é tão criativa. Olhe para a carreira dela, a maneira como sempre está evoluindo. Muitos falam que a Madonna é a rainha da “reinvenção”, mas acho que Björk é muito mais, especialmente pelo fato de que ela ainda é tão ou ainda mais fascinante do que no passado. Adoraria ver o mundo com os olhos dela.

Sei que você tem uma pequena relação com o Brasil, já que praticou capoeira por alguns anos. Você conhece algo da nossa música?

Sim, pratiquei capoeira por oito anos em Londres, antes de fazer parte do The XX. A música é uma grande parte da capoeira. Todas  essas raízes africanas e o samba… Hoje percebo que ganhei muito com isso. A capoeira me deu confiança e me ensinou muito sobre performance, movimento e música. Eu estive aqui no Brasil quando tinha 15 anos e passei seis meses praticando capoeira, mas sobre artistas brasileiros, você me pegou! Não consigo lembrar de nenhum nome agora!

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