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Entrevista: Anitta responde sobre encontro com Drake, parceria com DJ Khaled e planos para álbum


Juntos, os três clipes do EP “Solo” da Anitta já acumulam cerca de 40 milhões de visualizações. O projeto trilíngue da cantora – em português, inglês e espanhol – espelha os interesses da brasileira e sinaliza três momentos simultâneos que ela vive atualmente. Anitta já é uma artista consagrada no Brasil (o mercado em português), está despontando nos países latinos, onde já é conhecida e recebe prêmios (o mercado em espanhol), e dá seus primeiros passos nos Estados Unidos, estabelecendo sua rede de networking e estudando a melhor maneira de basicamente começar do zero (o mercado em inglês). Em entrevista ao POPline, a cantora celebra a boa fase e conta um pouco do que está por vir.

ANITTA – Oi gente!

POPLINE – Oi, Anitta, tudo bem?

ANITTA – Tudo mara, e vocês?

POPLINE – Parabéns pelo projeto e pelos três lançamentos.

ANITTA – E aí, vocês gostaram?

POPLINE – Gostamos! Estamos vendo aqui agora de novo, em looping.

ANITTA – (risos) Que mara! Que bom! Isso aí! Me dá bastante view.

POPLINE – Então, “temos cobras”. Não temos mais medo?

ANITTA – Não. Cara, na verdade, eu já não tinha tanto. É que aquela de “Sua Cara” atacava. Atacou, eu tenho medo. Se ataca, eu tenho medo. Mas se ficar ali quietinha, eu não tenho.

POPLINE – Na Amazônia, você também estava com medo.
ANITTA – Na Amazônia, eu estava com medo porque estava no meio d’água. Sei lá o que poderia acontecer! Mas sabe que a pior parte, pra mim, foi me melecar naquela lama de veneno com aquelas pessoas?

POPLINE – Por quê?
ANITTA – Foi pior. Eu detesto a sensação de melecação. Quando eu lavo cabelo, por exemplo, detesto que ele fique encostando aqui atrás. É uma sensação de melecação que eu não gosto. Foi a pior parte pra mim!

POPLINE – E beijar tantas bocas? Era uma vontade ou um conceito?
ANITTA – Cara, era um conceito. A minha ideia nesse clipe era desproblematizar o fato de você beijar quem quer que seja, entendeu? Sempre que colocam o beijo entre duas mulheres, ou com uma trans, diferença de idade, é usando o tema ‘olha, agora um casal de duas mulheres, um homem mais velho e uma menina…’. A minha intenção era desproblematizar as relações. Minha ideia era fazer com que todas essas relações sejam resumidas em uma relação. Na música, estou falando da personalidade da Anitta de marrom, que é tão irritante que afugenta todas aquelas pessoas. O x da questão ali é que ela foi tão arrogante que afugentou todo mundo – e não se é mulher, se é homem, se é não sei o quê. É justamente para desproblematizar e passar para as pessoas que é uma coisa natural. E não criar sempre uma discussão ao ver algo assim e ter que se debater e etc. Acho que, quando você desproblematiza, vira normal. Quando a gente é heterossexual, ninguém precisa chegar e falar ‘oi, deixa eu contar aqui para vocês uma coisa, eu sou heterossexual…’. Não existe isso. É uma coisa comum. Ou quando está com uma pessoa da mesma idade: ‘oi, estou com uma pessoa, que é da mesma idade’. Não! Isso é normal. Minha intenção era justamente mostrar que pode ser tão normal quanto.

POPLINE – Você vinha há anos lançando apenas singles e agora lançou uma compilação de três singles e clipes juntos. O que te fez mudar de ideia?
ANITTA – Cara, acho que a necessidade do meu trabalho agora. Quando eu lanço só um idioma, acabo deixando o outro mercado querendo. Graças a Deus, meu trabalho tem dado muito certo fora do Brasil, então já tenho um público bem grande e a galera fica na expectativa. O mercado latino, eu comecei há pouquinho mais de um ano, então já tenho um público bacana. Agora, no mercado em inglês, são muitas pessoas da indústria querendo ver mais coisas minhas. Acho que, quando começa um novo artista, as primeiras pessoas que ficam sabendo são quem trabalha com isso. Depois, o grande público. Então, a galera da indústria fica querendo ver mais. Por uma necessidade…Eu estava precisando.. Era uma demanda. Coloquei os três idiomas para fora, mas de uma maneira bem parecida. As três músicas têm uma identidade sonora e poética bem similares. Sensualidade e tal. É uma crescente, né? O inglês, que é o idioma que trabalho há menos tempo, é uma música menos comercial. Depois a gente vai para “Veneno” e depois para “Não Perco Meu Tempo”.

POPLINE – Os fãs estão muito curiosos sobre “Goals” e perguntando se vai ter divulgação nos Estados Unidos. O que você está preparando para esse mercado de língua inglesa?
ANITTA – Então, a música em inglês, ainda não… Não vai ser uma música trabalhada. Ela foi feita justamente para ter o material conceitual bonito para me apresentar ao mercado. Ainda não é uma música de trabalho, que a gente vai impulsionar, como está sendo “Veneno”, que a gente vai fazer no mercado latino. Não é esse momento agora. A gente está amadurecendo a Anitta em inglês para que a gente chegue no próximo ano com um potencial maior de divulgação e de engajamento dos públicos. “Goals” é realmente uma música conceitual para me posicionar, mas não tem nada a ver com hit e comercialização. Mas a gente está fazendo um super promo do EP em geral. Agora na semana do Grammy Latino, Las Vegas inteira vai estar coberta de Anittas e “Veneno”, porque eu sou a cara da campanha do Youtube Music, novo aplicativo do Youtube. A campanha começa na semana do Grammy, então a gente vai ter minha cara na América Latina inteira, usando já ‘Veneno’. A divulgação está bem legal. A gente hoje está com um outdoor na Times Square. Nossa equipe de divulgação separou esse dia para fazer entrevistas para o Brasil de manhã e depois Europa e América Latina. A gente está trabalhando bastante na divulgação!

POPLINE – Esse EP encerra seu ano de lançamentos ou ainda vai ter mais música, parceria?
ANITTA – Então… (pausa de três segundos) Encerra, mas tudo pode acontecer. A gente tem algumas coisas no forno bem incríveis. Dependemos de algumas agendas internacionais. Talvez a gente consiga colocar em prática antes, talvez não. Mas acho que, por esse ano, como já estamos em novembro, vai ser difícil correr.

POPLINE – Eu pensei que, nesse EP, a música em português seria a “Vai Malandra” de 2019 e não foi exatamente isso que você entregou.
ANITTA – Eu acho que qualquer pessoa que tenta copiar um hit, refazer um sucesso ou reincidir em algo, é o segredo do fracasso. O grande segredo do sucesso é vir com alguma coisa diferente, inesperada, surpreender as pessoas e criar esse buzz”, comenta a cantora, direto de Miami, “seria muito errado se eu fosse buscar o novo “Vai Malandra”, porque eu não iria conseguir. A partir do momento que você faz algo se baseando em outra coisa, as pessoas vão sempre comparar. Comparação não é bom em momento nenhum. Esse EP é justamente para mostrar um outro lado meu, inusitado. “Vai Malandra”, as pessoas já viram. Está lá, já foi.

POPLINE – Mas você está preparando alguma coisa para o verão e o Carnaval?
ANITTA – Sim.

POPLINE – A música com Kevinho ficou esquecida no churrasco? O que houve?
ANITTA – Não ficou esquecida no churrasco. É porque eu quero um bom momento para lançar. Ela é muito boa. Mas eu quero um bom momento para lançar. Inclusive estou puxando a orelha do Kevinho. Bota uma matéria aí para ver se ele corre, porque estou arrumando um negócio pra ele e ele está me enrolando. Porque, assim, eu acho que não adianta nada eu vir sozinha e ficar o tempo todo: ‘Brasil, Brasil, Brasil’, e eu sozinha. Eu tenho que ter gente comigo, né? Quanto mais artistas eu puder chamar para compartilhar com outros e poder também estar ali… Na minha festa de lançamento de “Solo”, eu tinha vários artistas do mercado latino – o Prince Royce, o Juan do Piso21, enfim, alguns outros rappers que são mais famosos no mundo latino – e eu botei funk a noite inteira. Eles amaram! Ficaram dando Shazam em todas as músicas. Para mim, sempre vai ser essa a intenção: subir e levar um monte de gente comigo.

POPLINE – Depois desse EP, existe a possibilidade de um álbum?
ANITTA – Existe.

POPLINE – Para o ano que vem?
ANITTA – Sim. Existe.

POPLINE – Você foi na festa de aniversário do Drake, e sempre falou que é seu sonho trabalhar com ele. Falou com ele sobre isso?
ANITTA – (pausa) É que eu não fico falando muito essas coisas, senão depois vira matéria, o povo fica marcando, aí ele deve pensar “olha essa fanfarrona!”. Aí eu não gosto, entendeu? Mas foi maravilhoso, superlegal, conheci várias pessoas, não só ele, foi isso. Superlegal. É que, se eu falo, o povo vai, faz matéria, aí marca, aí depois a pessoa olha e pensa “nossa, que oportunista”. Prefiro ficar caladinha, tudo certo, “oi galera, valeu, valeu”.

POPLINE – E com DJ Khaled, vai ter parceria?
ANITTA – Sim. Apresentei tudo de funk pra ele. Ele está só aguardando algumas finalizações que eu estou trabalhando – de funk – porque eu quero fazer uma coisa específica. Mas ele amou a ideia. Está louco para fazer um funk. Falou que embarca em qualquer coisa que eu criar!