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Entrevista: Agnes Nunes e Xamã falam da sintonia entre os dois, nova música “Cida” e projeto em homenagem às mulheres


Nesta quarta-feira (12), em pleno dia dos namorados, Agnes Nunes e Xamã liberam música e clipe de “Cida”, primeiro gostinho do EP “Elas Por Elas” (com lançamento para 5 de julho). O conceito do projeto foi concebido para fazer uma homenagem às mulheres. Serão quatro faixas, cada uma com um nome feminino.

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Agnes Nunes, de 16 anos, tem se destacado por sua bela voz e talento natural. Ela nasceu na cidade de Feira de Santana, na Bahia. Chamando a atenção de 1,6 milhão de seguidores no Instagram, ela tem como admiradores assumidos nomes como Lázaro Ramos, Pablo Vittar e DJ Alok. Já Xamã é um rapper carioca, nascido na zona oeste da capital. O artista tem como suas principais influências nomes como Racionais Mc´s, Ike Big, Nat King Cole, Charlie Brown Jr, Legião Urbana e o rock dos anos 80/90.

Em entrevista ao POPline, Agnes Nunes e Xamã mostraram uma sintonia evidente, sempre mostrando muito admiração um ao outro. Eles falaram sobre o novo projeto, que representa uma fase nova para ambos.

Vocês resolveram fazer esse projeto em homenagem às mulheres. Me contem um pouco sobre o projeto criativo, como tudo aconteceu?
Xamã: A gente teve a ideia de homenagear nossas mães. Tivemos essas figuras maternas nas nossas vidas como a mãe da Agnes e a minha mãe adotiva… Entre as mulheres que a gente homenageou, só a Dolores que seria uma imaginária. A ideia foi passar uma linguagem a partir da questão de que eu sou rapper e a Agnes sempre teve essa parada de melhorar a música de todo mundo. Ela já pegava músicas de rappers e fazia como se fosse uma bem diferente. Acho que ela é uma das melhores intérpretes que eu vi na minha vida toda. Ela vai ser uma das melhores! Então, a gente misturou essa arte e deu muito certo! Parece que a gente se conhece há muito tempo, mas na verdade foi pouco. Quando entramos em estúdio, sempre ficamos muito relaxados. Como nós dois fomos criados só por mulheres, tia, avó, irmãs, esse caminho foi natural, é muito importante.

A primeira música lançada é Cida, que é mais romântica e doce. O que ela representa pra vocês?
Xamã: Como eu sou do rap, eu sou um romancista. A Agnes também tem isso, a gente acaba romantizando as coisas. “Cida” é uma homenagem à mãe da da Agnes e à minha madrinha também. Achamos que a ideia era passar esse clima mais romântico mesmo, combinando com o dia dos namorados. É um casal, dos anos 70, como é bem representado no clipe (produzido pela própria Agnes). No clipe eu fiquei como uma versão brasileira do John Travolta (risos), é como um casal de uma série de TV dos anos 70. Tem até uma participação da mãe da Agnes, quero ver se a galera vai perceber.

Falando do clipe, é interessante que vocês representaram os anos 70, uma época que vocês nem viveram. Como surgiu esse conceito?
Agnes: Assim que a gente começou a pensar nisso, a gente logo pensou nos anos 70. Eu acho que o “amor” anos 70 é uma palavra mais forte, mais pura, sem as redes sociais, tinha mais contato, mais presença.
Xamã: Na época a gente não poderia marcar um encontro pela internet. A gente teria realmente que se encontrar, era mais puro. Foi todo esse romantismo que o diretor tentou passar. Aliás, nos quatro clipes que a gente fez, a gente entrou forte nos personagens. São quatro temas bem diferentes, de Guerra nas Estrelas à Indiana Jones.

Vocês acham que tem um lado de empoderamento feminino no projeto, até feminismo, ou é uma homenagem mais pura?
Agnes: Tem também algum traço feminista, mas nosso principal propósito foi homenagear as mulheres de forma pura. É um trabalho novo pra Xamã, porque ele focava no rap, e pra mim, querendo ou não, também é o novo – é o primeiro que eu faço em dupla. Tudo foi feito com muito carinho, suor e esforço. Então, eu acho que para além de homenagear, também faz parte do feminismo. Tanto que é um “EP” chamado “Elas Por Elas”, todas as quatro faixas são nomes de mulheres. Um forte exemplo é “Dolores”, acho que é a mais feminista…
Xamã: Sim, “Dolores” representa o relacionamento de duas mulheres que se sentem culpadas por se amarem. Então a gente tentou passar esse sentimento bem dolorido, mas ao mesmo tempo doce, com a voz da Agnes. É uma música curtinha, mas é impactante.

As músicas do projeto são “Cida”, “Dolores”, “Sonia” e “Rose” e como você disse só a “Dolores” é fictícia. Por que essa necessidade de criar essa quarta mulher?
Agnes: A gente criou a “Dolores”…. Pelo nome a gente já representa o quanto a música é Dolorida. Tem dor no nome. Sinto que o amor entre pessoas do mesmo sexo está quebrando tabus, mas ainda é uma luta que a gente tem que superar. “Dolores” é uma moça que sofreu repressão e nunca ganhou flores na vida. A única vez que ela ganhou flores, foi no caixão. É uma música muito forte.
Xamã: Quisemos levar essa mensagem que o amor pode ser vivido de qualquer forma!

Como as mulheres homenageadas reagiram quando ouviram as músicas?
Agnes: Elas amaram! A minha mãe, a Cida, estava junto em todas! Ela está sempre me acompanhando.

Eu vi que vocês dois se conheceram na internet, mas fico curioso como aconteceu essa identificação forte. Como vocês acham que se completam?
Agnes: De início, foi o Xamã que mandou uma mensagem pedindo pra gravar uma música comigo. Aí eu fui ao Rio para gravar, nossas almas meio que se reconheceram. Acho que a gente tem uma coisa de outras vidas, porque nossa energia é incrível. Quando a gente está junto é surreal, tudo flui, tanto na música, quanto pessoalmente.
Xamã: Sim, a gente faz comentários sem graça que só a gente ri! A gente fica muito relaxado. Quando eu estou com ela, eu sempre fico mais tranquilo. É uma energia inexplicável. E acho mesmo que ela vai ser uma das maiores da história.
Agnes: Maior da história será você, eu já falei! (risos)

A Agnes canta mais MBP, já o Xamã é do rap. Esses estilos conversam bem? Como foi essa imersão no universo de cada um?
Xamã: Eu comecei a fazer rap porque foi o campo que me abraçou. Eu sempre ouvi muita coisa de música brasileira, que é o que eu mais gosto. Acho que isso agregou no meu rap, com referência às bandas de rock nacional que eu gosto. Já a Agnes tem essa referência de blues, soul. Então ela melhorava tudo o que eu fazia! Eu mudei a forma como as pessoas interpretam minha música. É um ponto de vista diferente e facilita muito. Com certeza, é uma das melhores coisas que a gente já fez. Eu não sei fazer mais nada além de música, então quero fazer muito bem.

A Agnes tem como referência alguns ícones do pop, como Rihanna e Beyoncé. Como os fãs podem encontrar um pouco dessas divas no trabalho que está fazendo?
Agnes: Eu admiro muito Rihanna e Beyoncé, são influencias muito forte para meninas como eu. Eu não tenho pretensão de ser igual a elas, eu acho que a minha parada é mais suave, mais de coração. Então, as referências são muito sutis. O jeito que elas se vestem, acho da hora. O cabelo, o visual… O pessoal fala que eu sou a “Rihanna brasileira” e eu fico… ‘Que isso, não’. Mas acho muito bom, se as pessoas veem traços da Rihanna em mim é muito positivo.

Você ainda estuda, não é mesmo? Como é conciliar essa vida “comum” com o trabalho de cantora?
A minha escola é maravilhosa. A ajuda que a escola me dá contribui muito. Ela não deixa desandar. Quando eu falto prova, ela me deixa repor. Se eu falto a reposição, ela deixa repor de novo. Ela dá uma ajuda muito grande. Na questão de shows, a gente abriu a agenda agora. Como esse é o meu último ano, a gente está dando uma segurada para conciliar da melhor forma.

O Xamã era um vendedor ambulante antes de iniciar na música. Como essa bagagem influencia na sua música?
Eu trabalhava em uma loja de um shopping e eu ouvia muito rap. Aí eu pensava, ‘acho que eu consigo fazer isso’. Aí eu saí e fui vender coisas no trem, eu aproveitava essa situação para fazer música. Acho que eu conseguia vender mais pelos meus raps do que qualquer coisa. Aí eu comecei a ganhar batalhas de rap no Rio de Janeiro, postei vídeos na internet e bombaram. Não faz tanto tempo, são quatro anos, eu olho pra trás e nem acredito que aconteceu.

Eu sei que é injusto perguntar, mas vocês conseguem citar as faixas preferidas do projeto?
Agnes: Assim… Eu penso que minha música favorita é “Cida”. Aí eu lembro que existe “Rose”. Daí me vem “Dolores” e mudo de ideia. Aí eu escuto “Sonia” e percebo que não dá! Então eu fiz um compacto e escuto todas!
Xamã: (Risos) É mesmo injusto escolher, tenho carinho por todas.