“Tem dois Brasis, o oficial e o não oficial. O Brasil ‘oficial’ é o grande freio de mão do Brasil ‘não oficial’, que é o Brasil que a gente ama. E o Brasil ‘não oficial’ precisa chegar ao poder“. Foi nesse tom o papo entre Emicida e o canal “Papo de Música”. Em uma conversa com a jornalista Fabiane Pereira, o artista destrinchou elos que vê no mundo ao refletir sobre as conexões que faz nesse território de brasilidades alternativas.
Na conversa, Emicida fala de assuntos como a infância difícil e faz correlações com o triste episódio ocorrido com o menino João Pedro numa comunidade carente de São Gonçalo (RJ). “Eu pego muitas fotos da gente no começo da Laboratório Fantasma, com todos nós moleque, sonhador. Com os mesmos corte de cabelo, o mesmo bigodinho ralo do menino João Pedro, sabe? Poxa, cara! Me falta força“.
Contudo, também houve espaço para falar de música e arte. Como artista, não há dúvidas que Emicida atingiu o auge criativo em seu último disco, AmarElo (2019). “Eu adoro fazer conexões, AmarElo é um projeto que tem como centro de tudo a relação humana, é na relação que a vida acontece. É quando eu me encontro com você que a gente consegue contemplar a existência“, pensa.
Emicida explana sobre diferentes formas de resistência
Inquieto, Emicida reflete sobre como mudar a triste realidade que estamos imersos e enumera diferentes formas de resistência. “Em geral, as pessoas tendem a achar que isso é abaixar a cabeça, porque a gente foi tão doutrinado a entender que resistir é ficar mordendo uma faca e pulando pro front“, explica.
“A gente não consegue ler que as nossas mães foram resistência, que as nossas avós foram resistência, que os nossos pais – à maneira deles – foram resistência. Entretanto, isso é uma coisa que me encanta muito, porque eu acho que é ali que tá a chave de salvação desse país“, conclui.