Marcelo D2 está em Paris para apresentar nesta sexta-feira (5) o show de divulgação do disco “Amar é para os fortes”. E na noite de ontem, o cantor esteve nos estúdios da RFI na capital francesa para um bate-papo com a jornalista Maria Paula Carvalho. “Há algum tempo eu queria escrever sobre o amor, o amor ao próximo. É um momento especial para mim porque escrevi um filme, gravei meu 10º disco… Por isso esse álbum é uma ambição artística também, um passo à frente”.
A entrevistadora relembrou a juventude do artista como um carioca apaixonado pela boemia da Lapa e conhecedor da violência urbana das favelas. Como se sabe, há pouco mais de 20 anos D2 e seus companheiros de Planet Hemp foram presos por apologia ao uso de maconha após um show em Brasília. Sobre o tema, ele acredita que houve um fracasso da estratégia de combate ao tráfico de drogas. “Está bem claro que essa guerra às drogas faliu, não vai dar certo, é tapar o sol com a peneira. Não é nem um paliativo, porque não diminui a violência a curto prazo”, diz.
É claro que o assunto “política” veio à tona. D2 é um ferrenho opositor ao presidente Jair Bolsonaro, usa as redes sociais para se expressar e pede às pessoas para que não confundam conservadorismo com atraso. “Isso tem sido uma onda mundial, a gente vê com o Trump, com tantos presidentes pelo mundo que me fazem pensar assim. No Brasil, a gente lutou tanto para conquistar um pouco de direitos humanos, principalmente para negros, gays, mulheres e uma população pobre, e a gente vai retirar isso de novo?”, questiona.
“Quando se fala em conservadorismo, com a ideia de que as coisas não devem mudar, é importante dizer que vivemos num mundo desigual e que precisamos avançar. Em poucos meses do governo Bolsonaro, a gente teve um retrocesso gigante, andamos para trás e perdemos direitos que pareciam óbvios”, finalizou D2.