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A parte chata da autogestão

Mila Ventura - Pedagoga Empresarial especialista em Comunicação Integrada e Fundadora do Mundo da Música.
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Segundo Bauman, diante da sociedade de consumo, somos todos mercadoria e compradores.

Exibimos na vitrine do nosso dia a dia as virtudes que nos colocariam no patamar de mercadorias interessantes aos olhos das outras pessoas.

 

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Shopping – Banco de Imagens

 

Diante deste olhar, o artista é um produto em constante evidência ou alguém que busca incansavelmente essa vitrine, seja pelo desejo de ter seu trabalho reconhecido pelo maior número possível de pessoas, seja por vaidade.

Em muitos casos, por ambos. Enquanto produto, quanto maior o nível de visibilidade alcançado, maior a quantidade de olhos direcionados a todos os detalhes que envolvem aquela personalidade, do palco à vida pessoal.

À medida que a carreira deste artista cresce, maior o cuidado em amarrar de forma criteriosa cada ponto da engrenagem que faz o negócio andar. Isso envolve todos os profissionais que cuidam direta ou indiretamente desta máquina.

 

Quando um artista decide tomar as rédeas de sua carreira, um dos erros mais recorrentes é cercar-se de amigos e parentes, distribuindo-lhes funções e responsabilidades.

Na maioria das vezes, sem preocupar-se com a falta de experiência, não havendo tempo nem investimento para o preparo necessário. Esta ação ocorre, além do laço óbvio de confiança, pela necessidade de sentir-se feliz cercado por pessoas queridas que certamente não medirão esforços para atender todas as suas vontades.

 

Enxergar a carreira como empresa exige o entendimento que sem uma equipe preparada e experiente por trás da engrenagem, por maior que seja o talento e o carisma do artista, em algum momento a máquina haverá de travar.

Quanto maior o tempo que se leva para enxergar e aceitar as falhas do sistema, maiores e mais profundos serão os problemas apresentados pela organização e mais difíceis serão as ações de correção.

 

Certamente a gestão familiar não é exclusividade das carreiras artísticas e, assim como existem empresas bem-sucedidas e estabelecidas com esta prática há anos, temos também exemplos de artistas que possuem carreiras estáveis e consagradas tendo à frente esposas, maridos, pais, irmãos e amigos de longa data.

Por trás deste sucesso está além da aptidão natural dos indivíduos e o tempo necessário de preparo, a disposição para fomentar equipes bem preparadas e geri-las de forma eficaz e generosa.

Entende-se que a questão não é quantos amigos e familiares ocupam a folha de pagamento, e sim a necessidade de uma avaliação justa e transparente quanto ao nível de preparo que cada função exige, além do conhecimento real das responsabilidades e atribuições de cada uma delas.

 Em um outro quadro, existe ainda o risco do próprio artista entender-se como único capaz de gerir a própria carreira, sendo o responsável exclusivo pelas tomadas de decisão, um fator absolutamente comum no início da carreira, mas que ganha contornos preocupantes com o crescimento das demandas artísticas.

 

Selecionar e gerir equipe, compor, gravar e se apresentar. Cuidar da escolha dos figurinos, da luz do palco, da qualidade do som, vender shows, negociar os cachês e as escolhas de contratos publicitários.

Não existe qualquer possibilidade de alguém cuidar sozinho de todos estes itens, citando de forma resumida as demandas que envolvem uma carreira artística. Contar com profissionais capacitados é fundamental para a sobrevivência e progresso de qualquer empresa.

Entretanto, isso não exime o artista de conhecer e acompanhar os processos administrativos que envolvem o seu negócio.

É o artista, como grande líder, o responsável por apontar a direção que busca para sua arte e então, contar com um bom gestor para direcionar de forma eficaz cada um dos setores de sua empresa.

 

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Mila Ventura é Pedagoga Empresarial especialista em Comunicação Integrada e Fundadora do Mundo da Música.

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