Não tem nem um ano que Kevin O Chris chegou ao topo das paradas. Direto do subúrbio fluminense, o DJ, cantor e produtor recriou o funk carioca e trouxe novos ares para o segmento, constantemente perseguido e censurado no país. Apesar das dificuldades e resistência da mídia com suas faixas explicitas, a internet transformou Kevin em um gigante e na noite desta quinta-feira (07) o registro do seu primeiro projeto audiovisual vai fincar sua bandeira no disputado território dos artistas mais relevantes do mainstream nacional.
Antes de falar sobre o que o POPline viu nos bastidores do ensaio geral na última madrugada, é preciso voltar ao começo do ano quando Post Malone convidou Kevin O Chris para participar do Lollapalooza em São Paulo. O festival, que tem uma das curadorias mais resistentes aos segmentos de massa do circuito nacional, teve que estender o tapete vermelho para o funkeiro. Foi durante o show do headliner que Kevin O Chris entendeu sua potência como showman e as possibilidades de fazer o movimento do qual faz parte resistir e crescer. A partir daí, o que vimos foi uma sequência de hits nas paradas, a conexão com bregafunk (com Felipe Original, da periferia de Recife), espaço na TV – tivemos performance no Faustão, no MTV Miaw e no Prêmio Multishow – e o cachê decolar.
Entregar um novo show, em menos de um ano de carreira, se tornou algo essencial no alpinismo orgânico entre o baile de favela e os festivais de funk. A fórmula que o mercado pede neste momento era nítida: precisamos de um DVD. No Brasil, o produto é o cartão de visitas para qualquer artista há quase duas décadas. Levantar fundos, atrair prestígio dos outros artistas e criar uma experiência única para o público são os três passos necessários para gerar o produto que comprova seu tamanho e relevância. No entanto, no universo do funk, onde os recursos são limitados, precisamos constatar que apenas três artistas fizeram registros audiovisuais de grande porte em 2019: Ludmilla, em fevereiro; Nego do Borel, em agosto; e agora, Kevin O Chris, que conseguiu chegar ao êxito em menos de um ano de carreira.
Horas antes de chegarmos ao ensaio geral no Espaço Hall, na Barra, Kevin O Chris ganhava uma publicação no feed do Drake, o maior artista do mundo da atualidade. Seguidores brasileiros que foram pegos de surpresa podem ficar impressionados quando constatarem o rolê surreal que começou a desenrolar durante a última edição do Rock in Rio. Precisamos abrir um longo parênteses aqui, na verdade, um parágrafo:
Naturalmente carioca, o Rock in Rio, desde 1985, sempre celebrou a cultura brasileira, entre erros e acertos no line up com grandes estrelas globais. No entanto, as latinhas lançadas ao Carlinhos Brown, cantor de axé da Bahia, é um marco histórico de uma possível intolerância do público. Este trauma talvez tenha refletido na longa resistência dos organizadores com fenômenos de outros segmentos que nascem nas diversas camadas multiculturais do nosso país.
Cortamos para 2019: pela primeira vez tivemos um “funkeiro” com show no palco mundo (Anitta) e um rapper como headliner (Drake). Aqui podemos dizer que as resistências se atraem. E foi num “after party”, promovido à distância por Anitta que estava em Fortaleza para um show, que Drake ouviu Kevin O Chris. Impactado, o canadense não mediu esforços para experimentar o funk carioca ao lado de um artista local. Não se tratava de uma apropriação, um sample para o próximo álbum ou mixtape, o que o Drake queria era, de imediato, lançar um remix com Kevin O Chris. De lá pra cá, a execução do projeto – acredito que tenha um toque divino aí – fluiu para que à véspera da gravação do show “Evoluiu”, “Ela é do Tipo” chegasse às plataformas de todo o mundo na nova versão. Noticiada por todos os veículos de música no globo, a música traz Drake cantando em português e se tornando, mesmo que a distância, a cereja do bolo que degustaremos esta noite. Aguardemos surpresas!
Por falar em bolo, festa boa é com bons convidados. E se tratando de gravação de DVD, o ecossistema do circuito nacional o faz com excelência: Kevin O Chris vai reunir mais de 10 nomes do importantes da cena participações especiais. Com destaques para Wesley Safadão – aqui um spoiler: a parceria inédita é tão chiclete e viral que pode tomar proporção imediata – e Ferrugem, dois expoentes “lotadores de estádios” Brasil afora. Também tem Pocah, Gaab, Poesia Acústica 7, Mc Jottapê, Mc Maneirinho, Mc Allyson, Mc Calvin, Sodre, entre outros astros da cena urbana.
Contudo, ao analisar ao line up o que mais impressiona é a quantidade de DJs/produtores renomados envolvidos. Temos Papatinho, DJ Zullu, DJ FP do Trem Bala e DJ Juninho 22 e isso dá credibilidade a faceta que justifica o título de showman do funk que falamos no começo do texto. Kevin O Chris é DJ e produtor prestigiado pelos nomes mais quentes da atualidade.
Obviamente sem banda, o palco gigantesco, que tem passarela em formato da letra K, será ocupado por um exército de bailarinas (são 20 no total) que estarão em grande parte do espetáculo entregando coreografias otimizadas e orquestradas pelos beats sob o olhar do artista. A estratégia, aliada com “lighting experience” de ponta, tem tudo para funcionar e gerar um conteúdo visual de registro ao vivo que o brasileiro ama!
POPline estará a gravação do registro audiovisual “Evoluiu”, do Kevin O Chris, e você poderá acompanhar tudo ao longo da noite nas nossas redes sociais.