A primeira temporada de “Drag Race Brasil” foi encerrada com a vitória de Organzza. A drag queen carioca, vivida por Vinícius Andrade, saiu com a coroa e, também, com o prêmio de R$ 150 mil. Em um papo com o POPline, a participante refletiu sobre o programa, os ataques nas redes sociais e, também, revelou os planos para o futuro.
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Durante o papo, Organzza, nomeada como “máquina de fazer drag”, revelou que era um sonho ser a vencedora da primeira temporada da versão brasileira do reality show criado por RuPaul. Ela, inclusive, reforçou que só descobriu o resultado durante a exibição do programa.
“Foram muitas emoções acontecendo ao mesmo tempo. Também tinha uma sensação de alívio, de ‘chegamos ao fim dessa trajetória’. Mas, no meu coração, também, foi uma sensação de certeza do meu propósito, de que eu finalizei muito bem o que eu fui fazer lá nesses meses”, pontuou.
A drag queen, que finalizou a temporada com o maior número de vitórias, explicou que nunca esteve certa sobre nenhum dos resultados dos episódios, especialmente por tudo ser muito imprevisível. Além disso, Organzza contou que não conseguia ter o mesmo olhar que o público, exatamente por estar vivendo tudo intensamente durante as gravações.
“Todas as minhas vitórias não eram certezas na minha cabeça por mais que eu soubesse que eu entreguei e que foi muito que eu entreguei. E que, talvez, nem a edição tenha mostrado tanto o quanto eu e outras meninas entregamos nos desafios. Mas é isso, é tudo muito imprevisível isso”, comentou.
Durante a entrevista, Organzza disse que um dos momentos mais desafiadores do reality, para ela, foi dividir o lipsync com Shannon Scarlett. Para boa parte do público, no entanto, esse foi uma das melhores apresentações da temporada.
“A gente não ensaiou o lip sync e não combinamos nada. A gente só tinha uma certeza de que se se essa situação fosse acontecer, a dublagem não seria por uma rivalidade entre nós. Ela ia ter que acontecer por uma irmandade entre nós”, explicou.
A drag ainda aproveitou para falar sobre como a amizade com Shannon se fortaleceu durante os episódios. “Desde o primeiro dia, nós entendemos que a gente não aceitaria que a nossa trajetória no programa fosse de rivalidade, de irmandade. Então eu acho que isso reflete muito nessa dublagem. Teve uma coisa que a gente falou quando a gente nos abraçamos antes de começar a dublagem: ‘Se é isso, então vamos fazer história. Eles querem, então eles vão ter’“, contou.
✨ Oitavo lipsync de #DragRaceBrasil ✨
Organzza vs. Shannon Skarllet pic.twitter.com/rg67xIfddw
— #DragRaceBrasil ✨️ (@Werqroom) October 19, 2023
Rio de Janeiro representado no Drag Race Brasil
Criada na Zona Norte do Rio de Janeiro, Organzza contou que fazia questão de levar a história de onde veio para os desafios do programa. Por isso, os fãs a viram representar a cidade em diversos momentos da competição. “Não é um Rio de Janeiro que está nas capas de revista, que está no mundo, que está sendo visto. Então, tem muita gente que quer esconder esse lugar e muita gente se incomoda de vê-lo o sendo visto“, disse ela.
A drag ainda contou que ficou emocionada quando ouviu pessoas do seu bairro falarem sobre sua participação no programa. “Tem uma senhora, que é a Shirley, que me viu criancinha, bem pequenininha. E esses dias eu encontrei com ela no mercado e ela estava assistindo o programa. Ela ficou super emocionada de ver o bairro que ela vive desde sempre sendo falado na televisão, ver um morro sendo falado na televisão”, relembrou.
“O pai de um menino que frequenta o Sunset, que é o lugar onde eu faço as festas lá na Ilha do Governador, falou que ele era do Morro da Pedreira e quando ele viu esse morro sendo falado na televisão, sem ser como um lugar ruim… isso foi muito importante para essas pessoas, assim como é para mim“, contou.
Esse feedback do público foi um dos fatores que fizeram Organzza se sentir extremamente realizada com sua vitória no programa. “Isso enche o meu coração de alegria, orgulho e de certeza mesmo que eu saí de casa com esse propósito mesmo de falar do lugar de onde eu vivo com outro olhar, de quem vive aqui e sabe que, sim, tem dificuldades, que não é só coisas belas, mas também tem muita beleza aqui”, acrescentou.
Público, ataques e racismo: o período durante a exibição
O reality foi totalmente gravado na Colômbia, meses antes da sua exibição. Por isso, enquanto os episódios iam ao ar, as drags já tinham uma ideia do que poderia ser exibido e, com isso, quais eram as possíveis reações do público.
Em alguns momentos, no entanto, lidar com isso foi algo difícil para Organzza e suas colegas de competição. Durante o papo, a drag queen relembrou uma dessas situações desafiadora. “Teve uma coisa, por exemplo, que eu falei com a Betina [Polaroid], quando ela estava no primeiro bottom. E a gente fez a primeira Watch Party que a gente fez, foi desse episódio. E ela estava muito mal, muito ansiosa para saber como ia ser a reação do público“, iniciou.
“Eu falei para ela: ‘Amiga, vamos só respirar, porque o que é nosso está gravado. As pessoas vão acompanhar agora esses altos e baixos. Do programa, mas a gente já sabe até onde a gente chegou’. E aí isso eu acho que era o mais complexo. Saber que as pessoas estão ali opinando sobre uma coisa, e você pensa: tá, semana que vem vai ser diferente“, completou.
Diante das semanas, Organzza foi vítima de racismo nas redes sociais. A drag queen, no entanto, contou que já imaginava que isso poderia acontecer. “Lógico que eu imaginava que eu ia sofrer ataques racistas, porque isso não é só sobre o programa, isso é sobre o país que a gente vive, sobre o mundo que a gente vive. É isso, não foi um caso atípico, isso não aconteceu só comigo”, pontuou.
“A minha experiência no programa era de acordar todos os dias e ver ataques e massacres. E as pessoas não estão preocupadas, diziam: ‘Ah, mas você merece isso’. Não, não mereço. Eu nunca fiz nada. Eu não cometi nenhum crime dentro do programa. Pelo contrário, se a gente parar para analisar quem estava cometendo crimes, eram essas pessoas comigo”, desabafou.
Mesmo com os ataques, Organzza afirmou que não se arrepende de ter vivido a experiência de participar de “Drag Race Brasil”. “A minha mãe me pergunta isso todos os dias: ‘Mas você, por que você foi então sabendo que isso vai acontecer?’. A gente tem que viver. Não vou deixar de fazer uma coisa, eu não vou deixar de viver“, contou.
Viagens, shows e uma turnê em 2024: o futuro de Organzza
Desde o começo do reality, a vida de Organzza virou de cabeça para baixo, com viagens para todo o Brasil. Agora, a drag queen se prepara para intensificar ainda mais a sua agenda no próximo ano. “Antes da coroação, eu já estava conseguindo fazer um movimento de ir para muitos lugares. Eu fui a participante do programa que mais viajou, que foi para mais estados e regiões do país”, contou.
“Em dezembro, eu vou para sete cidades diferentes. Em outubro, fui para 16 cidades, estou nessa loucura da minha vida. E é isso, eu pretendo fazer daqui para frente: cada vez mais viajar e estar em muitos lugares sempre que eu puder“, afirmou.
Organnza ainda pretende fugir dos locais mais comuns e, com isso, levar sua arte para cidades em que as pessoas não tenham esse mesmo tipo de acesso. “Estarei, principalmente, em lugares que estejam fora de um eixoo Rio-São Paulo, de um eixo que as pessoas já costumam fazer”, pontou.
“Eu quero em lugares onde eu mesmo nunca tinha ido e que essas pessoas também possam receber a experiência de viver pessoalmente, viver ao vivo o programa. E digo que, para o ano que vem, vem aí a turnê da Winner, a turnê altamente inflamável, está chegando aí“, anunciou.