Rouge

Dossiê R5: tudo que se sabe sobre o álbum novo do Rouge

Grupo está no meio do processo criativo do disco novo.

(Foto: Hugo Pontes)

Com o retorno do Rouge no ano passado, surgiu o desejo de lançar músicas novas e a girlband entrou em estúdio oficialmente em abril. Em algumas aparições públicas, Fantine Tho disse que “Bailando” – a canção oferecida a elas por Umberto Tavares e Jefferson Junior (hitmakers por trás de Anitta e Ludmilla) – ainda não era exatamente o que grupo queria (ou tem capacidade de) transmitir ao público. Por isso, elas estão empenhadas em conceber faixas com mensagens importantes, sem deixar de lado a festa e o romantismo que são marcas da girlband. De início, elas queriam criar somente um EP, mas durante o processo criativo se deram conta de que tinham material suficiente para um álbum. Karin Hills e Li Martins já falaram publicamente que estão preparando um disco novo para este ano. Se o álbum não sair, porque 2018 é um ano difícil, com Copa do Mundo e eleições presidenciais, pelo menos um ou dois singles podem ser esperados para 2018.

O trabalho começou em março, com a seleção do repertório. Fantine disse em um bate-papo que elas estavam com canções de cinco compositores diferentes para avaliar. Ela mesma havia trazido 15 músicas de um colaborador da Holanda, país onde vive há anos. Recentemente, Karin contou que o repertório envolve canções autorais, colaborações de terceiros e versões de músicas em outros idiomas. O grupo vem trabalhando no estúdio da Headmedia, em São Paulo, com os produtores Marcelinho Ferraz e Dan Valbusa, que já trabalharam com Anitta, Projota, Di Ferrero, Manu Gavassi e Mc Guimê. Foi ele quem colocou as cantoras em contato com Jão, que participou de uma sessão de composição com elas. “Estamos na metade do processo. Isso requer muito trabalho. A gente entrou em um estúdio novo, com um produtor novo, que desconhecia nosso trabalho, nossas vozes… E a gente com a ansiedade de achar o som do novo Rouge. Foi um trabalho bastante feliz e desafiador”, conta Karin, “são cinco cabeças diferentes – seis com o produtor e sete com o empresário, porque tem que contar com o Pablo Falcão – tentando alinhar as ideias para fazer o melhor. Mas o importante é que a gente conseguiu preparar algumas músicas e fazer algo que estou muito orgulhosa”.

O quinto álbum é arriscado: é o primeiro da girlband em 15 anos, o primeiro sem a produção de Rick Bonadio, o primeiro sem a curadoria da empresa argentina RGB Entertainment, e também o primeiro com liberdade artística. Escolhidas em audições entre 30 mil candidatas, Aline, Fantine, Karin, Li e Lu venderam mais de três milhões de cópias de seus quatro álbuns, lançados entre 2002 e 2005. Na época, contaram com treinamento intenso de canto, dança e performance – fora a exposição sem precedentes na televisão. O Rouge foi formado no programa “Popstars”, um pioneiro no formato de “talent shows”. Com versões em 50 países, foi precursor do “American Idol”, para se ter uma ideia. E o grupo brasileiro se tornou o de maior duração de todas as franquias internacionais. Só o primeiro disco vendeu duas milhões de unidades (era aquele que vinha com gliter, lembra?). O mercado certamente é outro, e o Rouge agora tem que encontrar seu lugar e sua real dimensão nele.

Umberto Tavares chegou a ofertar mais composições para o grupo. O compositor e produtor britânico Eliot Kennedy, autor de “Um Anjo Veio Me Falar” e também de “Say You’l Be There” das Spice Girls, teve um encontro com as brasileiras em São Paulo e também se colocou à disposição. Outra parte do material para ser avaliado veio das mãos da Sony Music, gravadora com a qual o quinteto assinou contrato novamente neste retorno. “É muito legal / surreal trabalhar com as meninas de novo”, Lu Andrade disse em um post no Instagram Stories. Ela, Aline, Karin e Fantine mostram bastante dos bastidores do processo criativo nas redes sociais. Li Martins é a menos ativa nas redes, mas realizou uma live recentemente onde também deu detalhes do álbum, revelando que haverá novamente inspirações latinas. “Gosto muito de uma música que tem uma pegada de reggaeton, sensual, latina. Sou suspeita, porque gosto muito desse som, desse ritmo. Mas ela não vai ser o primeiro single, porque é muito próxima de ‘Bailando’. Tem outras músicas muito fortes, muito boas, com potencial incrível, que vão acabar sendo lançadas primeiro”, adianta. Lu também conta que elas gravaram “coisas” que nunca pensaram em gravar antes: “mas não posso falar ainda”.

Segundo Li, as letras agora são mais maduras, reflexo da idade e da autonomia profissional das cantoras. Três delas são mães, para início de conversa, então algumas características do passado não cabem mais. “A gente está com um discurso que realmente cabe na nossa boca, coisas que realmente a gente quer dizer. Músicas com substância”, conta a cantora, “estou achando o máximo a gente poder se expressar como mulher. O Rouge, na primeira fase, tinha uma coisa muito infantil. Não sei se era proposital ou não, mas era muito infantil. Não que fosse ruim, mas nós tínhamos de 18 a 23 anos, e a linguagem do Rouge naquela época era muito de menininha de 15 anos, bem teen. A gente, mesmo sendo nova, não se identificava com algumas coisas 100%. A gente se identificava com o som, gostava muito da sonoridade, mas algumas letras a gente achava que podiam ser melhores. Agora a gente tem mais autonomia, muito mais voz ativa e isso faz com que o trabalho seja muito mais gratifacante”. Lu Andrade faz coro: “eu não costumava ouvir as músicas do Rouge antes. Já essas novas eu não paro de ouvir, porque realmente acho que elas têm a nossa cara, a nossa mão, a nossa verdade. Eu preciso dizer que foi a melhor experiência que eu tive em estúdio com vocês na nossa carreira”.

O intuito é manter os fãs do passado e conquistar um público novo. Li disse que foi importante ter jovens ao lado delas no estúdio, para entenderem o que está rolando: “eu pedia até para traduzirem gírias”. Além de Jão, outro colaborador é o cantor Vitão, jovem de 18 anos ainda pouco conhecido, mas superprodutivo. Pelo frescor trazido por eles, Li Martins acredita que algumas músicas têm grande potencial para agradar o público teen, que não conheceu o Rouge dos anos 2000. “É mais maduro, mas acho que a galera jovem também vai gostar. Está um trabalho maduro, sem perder a jovialidade. Tem sensualidade, mas sem ser vulgar. Estou achando muito legal!”. Nas redes sociais, os fãs tentam enxergar pistas em tudo que as cantoras publicam. A verdade é que elas também estão ansiosas para compartilhar um pouco do material novo. Entendem que foi a nostalgia do “Ragatanga” que as trouxe de volta, mas que será necessário mais do que isso para mantê-las relevantes.

(Foto: Hugo Pontes)

O cronograma de lançamento ainda será definido. O Rouge encerrará a turnê comemorativa “15 Anos” em agosto, em Recife. Dali em diante, os fãs podem aguardar por novidades. A ideia é que elas continuem fazendo shows, mas já com uma turnê nova, com pelo menos algumas músicas novas. Como isso será feito ainda está para ser definido, mas lembre-se que o show da “Rouge 15 Anos” foi montado em somente quatro dias. “A gente está gravando várias músicas, todas bem diferentes umas das outras. Depois a gente vai fazer uma audição com o pessoal da Sony para escolher qual vai ser o primeiro segundo, qual vai ser o segundo… Enfim, definir qual será a maior estratégia para o lançamento”, explica Li Martins. Fantine pede calma dos fãs, porque o processo criativo é demorado mesmo. “A gente desaprendeu a esperar. Lógico que tem a parte boa da ansiedade, mas esse é o nosso momento de degustar e encontrar. Acho que ainda tem muita coisa para a gente descobrir. Tem muita coisa que a gente ainda não disse [nas letras]. Muita coisa já foi dita neste trabalho, mas tem muita coisa mais para dizer. Vocês já esperaram doze anos, então não vão se arrepender”, diz.

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