Você está por dentro da campanha #DesmonetizaSikera? Após falas homofóbicas de Sikêra Júnior durante o programa “Alerta Brasil”, da Rede TV, foi criada uma iniciativa do Sleeping Giants Brasil (com o apoio da Aliança Nacional LGBTI+, do Põe na Roda e da All Out) que busca o fim dos patrocínios do programa.
A campanha começou no dia 28 de junho, Dia do Orgulho LGBTQIA+, e já conseguiu resposta de várias das empresas que patrocinavam o “Alerta Brasil”. Agora, o foco é chamar a atenção da Caixa, que retirou um anúncio do programa mas não se posicionou, nem confirmou se a decisão é permanente.
A ideia é enviar e-mails para Caixa, mas também pra o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU), que fiscaliza o uso de dinheiro público. Nesta sexta-feira (2) a hashtag #DesmonetizaHomofobia subiu no trending topics do Twitter.
🚀Rumo ao 22º patrocinador bloqueando o Sikêra!
500 comentários aqui com a #DesmonetizaHomofobia para subirmos nos trends e também anunciarmos mais uma empresa que patrocina o Sikêra Jr!✊🏽🏳️🌈 pic.twitter.com/D9Zpkr0w91
— Sleeping Giants Brasil (@slpng_giants_pt) July 2, 2021
O que significa “desmonetizar”?
Conforme diz a campanha: “monetizar significa ganhar dinheiro colocando anúncios publicitários de empresas no conteúdo que alguém produz. Então, desmonetizar significa tirar o dinheiro que a pessoa ganha com anúncios. A forma mais direta de fazer isso é pedir pras empresas que não permitam mais seus anúncios em determinados conteúdos“.
Por que cobrar isso especificamente da Caixa ao MPTCU?
“A Caixa é uma empresa pública, financiada com o dinheiro público — o nosso dinheiro. E, bom, dinheiro público não deve ser utilizado pra financiar nada que descumpra as leis do nosso país. E uma das atribuições do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, o MPTCU, é justamente fiscalizar o gasto de dinheiro público.”
A campanha afirma que, até o momento, 21 empresas já retiraram seu patrocínio. Entre elas: Amazon, Ford, Lacta, Magalu, Nivea, Tim e Casas Bahia. Já sobre as empresas que não se posicionaram, além da Caixa, Santander, Yamaha, Petrobrás, Sempre Livre, Protex, Inter e Ultrafarma.
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Entenda o caso
Durante o programa “Alerta Nacional”, exibido na última sexta-feira (25), Sikêra Júnior teceu críticas sobre a campanha da rede de fast-food Burger King para o Mês do Orgulho LGBTQIA+.
A publicidade mostrava crianças falando, de uma forma natural, sobre casais homoafetivos. Crianças com pais do mesmo sexo, inclusive, aparecem no vídeo. O objetivo da ação era desmistificar a frase “como vou explicar para o meu filho?” ao se referir sobre o amor de duas pessoas do mesmo sexo.
Acontece que o apresentador distorceu a proposta, dizendo que as crianças estariam “sendo usadas” como artimanha do comunismo. “Um povo lacrador que não convence mais os adultos e agora vão usar as crianças. É uma lição de comunismo: vamos atacar a base, a base familiar, é isso que eles querem. Nós não vamos deixar“.
Sikêra Júnior chamou os idealizadores de “nojentos” e definiu a campanha do Burguer King como “podre”. Se já não bastasse, ofendeu a comunidade LGBTQIA+.
“Vocês não têm filhos, não procriam, não reproduzem. Eu cheguei à seguinte conclusão: vocês precisam de tratamento. Que tara é essa de pegar as crianças do Brasil? Se você quer dar esse rabo, dê, mas não leve as crianças. Isso é pedofilia e abuso infantil. Preconceito existe e isso nunca vai ser normal para um homem de bem, um homem de família“.
O discurso homofóbico de Sikêra Júnior repercutiu negativamente e ele até pediu desculpas ao vivo. Mesmo assim, a represália não parou e, além do problema com os patrocinadores, o senador Fabiano Contarato informou no Twitter um pedido de investigação sobre o caso ao Ministério Público.
Pedimos ao Ministério Público que investigue este apresentador por homofobia, conduta que deve ser punida na lei penal. Liberdade de expressão não pode ser usada p/ cometimento de crimes, incitação à violência e ofensa à honra, à dignidade e à imagem. https://t.co/XJCJ0bt3kO
— Fabiano Contarato (@ContaratoSenado) June 28, 2021
Em 2019 uma decisão do STF equiparou a a prática de homofobia ao racismo, considerando crime “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito” em razão da orientação sexual da pessoa, com possibilidade de cumprimento de pena de um a três anos — além de pagamento de multa. Caso haja divulgação ampla do ato homofóbico como, por exemplo, por meio das redes sociais, o tempo da pena aumenta de dois a cinco anos.