Fãs sonham em conhecer seu ídolo, abraçá-lo e, de preferência, tirar uma foto com ele. Alguns, especialmente os latinos, vão até as últimas consequências para alcançar esse objetivo. No Brasil, é comum que os artistas internacionais sejam seguidos desde que desembarcam no aeroporto até o momento em que deixam o país. A galera faz plantão (com direito a cantoria e gritaria) na porta do hotel e segue o ídolo de carro para onde quer que ele vá. Tudo para se aproximar. Em casos mais extremos, vale até se trancar no banheiro com o ídolo – situação da qual Anahí já foi vítima (lembra?) na época do RBD. Mas nesta semana o assunto é Justin Bieber. O cantor se desentendeu com fãs cariocas que o seguiram de carro madrugada adentro, e supostamente disse que eles não respeitavam sua privacidade. Vale a reflexão: quando os fãs se tornam invasivos? Há limite para o assédio dos admiradores?
Há quem acredite que sim, há quem acredite que não. Justin Bieber, por exemplo, costuma separar as coisas. O cantor recebe dezenas de fãs no camarim em todos os shows, com o chamado Meet & Greet (que pode ser pago ou promocional), e costuma interagir com eles pelo Twitter. Até mesmo quando chegou ao Brasil, ele apareceu na sacada do hotel duas vezes no mesmo dia, e demonstrou felicidade por ver a comoção que causava. Quando um fã invadiu o palco do seu show no Rio, por exemplo, ele achou graça. Apesar disso, quando não está trabalhando, ele prefere manter sua vida reservada. Avesso aos paparazzi, ele também se incomoda com o fanatismo fora de hora – tipo 4h da manhã de uma terça (5/11), quando ele sai para grafitar, acreditando que a cidade dorme. Mas não só. Em 2012, ele também se irritou com fãs no aeroporto de Toronto, quando esperava a então namorada Selena Gomez desembarcar. Abordado pelas beliebers com pedido de fotos e autógrafos em um momento pessoal, ele disse: “Não tenho qualquer direito como um ser humano? Vocês não estão sendo muito respeitosas. Sinto-me desrespeitado”. Assista:
Por outro lado, para os fãs, aquela é a grande oportunidade, afinal eles não sabem quando conseguirão se aproximar do ídolo novamente. Muitos seguidores costumam afirmar que o artista deve o sucesso a eles e, portanto, teria a obrigação de retribuir tal carinho. Norton Barboza, um dos meninos que seguiu Justin pelo Rio de Janeiro e supostamente ouviu do ídolo que “era o pior fã do mundo”, faz parte desse time. Em vídeo postado no Facebook, ele disse: “A gente ficou o dia todo esperando ele. A gente não tem três mil reais para pagar para conhecer ele, entendeu? A gente só queria uma foto e ir embora”. A questão é: vale tudo por uma foto? Não se trata de uma condenação, mas de um convite à reflexão. Até mesmo no meio artístico, o assunto diverge. Katy Perry engrossa o time que defende que os ídolos devem ser educados e agradáveis – em qualquer situação. Antes de ser famosa, ela foi destratada por um de seus artistas favoritos e prometeu que nunca faria isso com ninguém.
Lady Gaga e Demi Lovato também são cantoras que costumam esbanjar simpatia. Em 2012, Gaga comprou lanches para os fãs que acamparam na porta do seu hotel em Ipanema. No mesmo ano, Lovato desceu do seu quarto na Barra da Tijuca mais de uma vez para atender os fãs na porta – e até dançou para eles. Mas nem todos são assim – e aí é melhor não citar nomes. Como Bieber faz questão de lembrar, todo artista é, antes, um ser humano e tem direito à sua privacidade e intimidade, como todo mundo. Então, uma pergunta a ser feita é qual o direito do fã, outro ser humano, com outros desejos. Existe política de boas maneiras para o fanatismo? E política de boas maneiras para o popstar? Talvez se o fã se colocar no lugar do ídolo, e vice-versa, a convivência possa ser pacífica.
