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Criador do “Porta dos Fundos”, Ian SBF lança suspense no Festival do Rio

Trama de “Ciclo”, dirigido por Ian SBF, traz muito suspense e aborda isolamento e pandemia.

Foto: Divulgação

Nem só de comédia vive Ian SBF, sócio-fundador do “Porta dos Fundos”, popular canal de humor do YouTube. E para seu novo filme, intitulado “Ciclo”, Ian SBF aposta no suspense e ficção científica em produção que faz parte das estreias do Festival do Rio.

Foto: O2 Play

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A trama de “Ciclo”, apesar de ser ficção, aborda um tema muito próximo a todos nós na vida real: isolamento e pandemia. No filme, a perspectiva de cura não parece estar próxima e os vários anos de isolamento acabam afetando a sanidade das pessoas.

Felipe Abib é o protagonista de “Ciclo”. (Foto: O2 Play)

O protagonista Felipe Abib interpreta Antônio, que vive em uma espécie de apartamento bunker, moradia temporária para o período da pandemia e que acabou por se torna permanente. A pandemia, aqui, venceu a humanidade e é essa nova realidade que será o pano de fundo para os acontecimentos de “Ciclo”.

“Ciclo” está em exibição no Festival do Rio, até o dia 16 de outubro.

Ian SBF fala ao POPline sobre “Ciclo”

Ao POPline, Ian SBF, o diretor de “Ciclo” e criador do “Porta dos Fundos”, falou um pouco mais sobre seu novo filme e a relação que a produção tem com a realidade que vivemos na pandemia de COVID-19.

Foto: Divulgação

“Ciclo” tem o link com a pandemia que todos vivemos. Como foi, para você, o período de isolamento social?
A pandemia foi o período mais estranho e terrível da minha vida. Não foi só o isolamento social mas também todo o medo do desconhecido. Nós não sabíamos o que estava acontecendo, o que era exatamente, quanto tempo poderia durar, etc. A cada semana nós tínhamos informações diferentes, números diferentes e expectativas e tudo eram apenas suposições. Nós ouvimos muito o termo “o novo normal” e o novo normal parecia extremamente assustador. Durante um bom tempo eu achei que estivesse fazendo um filme de terror mesmo.

Como foi a escalação do elenco para “Ciclo”?
Eu gosto muito de escrever os meus roteiros já com os atores na minha cabeça, tanto que os nomes dos personagens até o último tratamento quase sempre são os nomes do elenco mesmo. A maior parte já estava lá no papel. E eu fiquei absolutamente feliz que todos toparam entrar no filme (que não foi fácil) e acreditaram num projeto que era bem diferente do que normalmente é feito. Acho que todo o elenco teve que dar um voto de confiança um pouquinho maior dessa vez haha.

O aposto de “criador do Porta dos Fundos” faz todo mundo esperar algo engraçado. Qual o lugar do humor no filme, se existe?
Eu imaginava inicialmente que era um terror e depois foi ficando mais claro na minha cabeça que era um suspense, mas nunca pensei nesse filme como comédia ou tendo alguma comédia nele. E por incrível que pareça, tem alguns momentos engraçados no filme e nenhum deles pelo meu roteiro. O Daniel Furlan (apesar de não ser um personagem cômico) encontrou humor de uma forma bem estranha em momentos bem estranhos do filme, o que funcionou muito bem. E é claro que eu não tinha como não usar isso no filme.

Muitas pessoas acreditavam que “Entre Abelhas” (2015) era uma comédia – por seu envolvimento e do Porchat – e acabavam surpreendidas no cinema. Isso afetou, de algum modo, o desenvolvimento de “Ciclo”, seja no roteiro, nas gravações ou na divulgação?
Eu acho que eu vou levar isso pro resto da minha vida. Provavelmente as pessoas sempre vão esperar algo engraçado dos meus roteiros. Eu até abordei isso numa série de 4 episódios (“Não era pra ser uma comédia”) que eu fiz junto com a O2 filmes que está no meu instagram. E acho que as pessoas não estão erradas. Por mais que eu tente fugir da comédia, eu nunca consigo totalmente. O entre Abelhas teve bastante, mas até que no Ciclo eu fui bastante comedido, é realmente um filme de suspense distópico.

O filme mostra os personagens em uma espécie de bunkers, cada um lidando com a situação à sua maneira. Você se inspirou em pessoas específicas para cada um deles?

Normalmente não me inspiro em pessoas mas sim em situações. Acho que tanto no humor quanto no suspense eu sempre me interesso por recortes de momentos  bizarros que todos nós podemos viver de alguma maneira e nos identificar. Mais do que explorar os personagens, eu tenho uma fascinação por apresentar possibilidades até um pouco fantásticas para coisas que nós realmente encontramos nas nossas vidas cotidianas. Elevar essas situações ao campo do surreal. Às vezes, nem tão surreal assim, mesmo que a gente não perceba. 

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