Se você não estava em um retiro espiritual nas últimas semanas, já esbarrou com o trend topic número 1 do Brasil, #BBB20 e alguma de suas mil tramas, desdobramentos e questionamentos.
Este texto não é sobre o Big Brother, fique tranquilo. É sobre conseguir enxergar muito além de rede social.
É entender o 360º, planejar diversos cenários e canais. Vivemos uma era de consumismo digital, de hiper conexão.
Queremos streaming, podcasts, áudio, vídeo e tudo que ainda há por vir.
Por que então não planejar e pensar em todos os cenários e possibilidades?
Diga SIM à Transmídia!
A estratégia digital do reality e de Manu Gavassi resgata a importância de pensar em vários canais e de produzir conteúdos exclusivos e pensados para cada um deles.
Com a – brilhante – estratégia de inclusão de influenciadores digitais no elenco dessa edição, novas portas se abriram na integração online com a TV.
Como?
Conectando todos os conteúdos em diversos meios de comunicação: TV, internet, streaming. Uma plataforma não exclui a outra, muito pelo contrário.
E a produção conseguiu enxergar isso através da transmídia, quando diferentes plataformas se entrelaçam gerando um tsunami de conteúdo, gerando ao programa um salto na audiência e voltando a ser o programa queridinho e mais falado entre os brasileiros.
O consumo de vídeo na web cresceu 165% no Brasil nos últimos cinco anos, já o consumo de TV aumentou 24%, aponta uma pesquisa do Vídeo viewers do Youtube.
Os hábitos mudaram, mas grande parte da população ainda não deixou a TV de lado.
Com a inclusão de influenciadores digitais, o programa garantiu os nichos e comunidades dos influentes, que começam a consumir o BBB e, melhor, começaram a falar dele na internet, gerando alcance, visibilidade e engajamento.
O celular liberado na casa para produção de conteúdo como fotos, vídeos, boomerangs feito pelos participantes e postado nas redes sociais do reality; LIVE no Instagram após os programas, com a participação de jogadores que saíram, e com grades voltadas para as redes sociais com melhores momentos, enquetes, participação de seguidores, etc, são também exemplos do bom uso de transmídia feita pelo reality.
Em 2019, a hashtag #BBB19 teve 24,9 milhões de citações nos três meses de programa.
Com duas semanas de programa no ar, o #BBB20 já teve mais de 28 milhões de tweets. Na estreia, o reality registrou 1,1 milhão de tuítes em todo o mundo.
Manu Gavassi é outro exemplo de sucesso de como soube usar a transmídia a seu favor.
No dia da estreia do reality, Manu apresentou o projeto “Who the fuck is Manu Gavassi” no seu Instagram, onde conta de forma divertida a sua experiência em um “retiro espiritual”.
Foto: Instagram @manugavassi | Créditos: Reprodução
Com pautas alinhadas aos momentos da casa (entrada no reality, paredão, festas etc.), posts são publicados diariamente nas redes da artista como monólogos divertidos, mas muito bem pensados e planejados.
A roupa usada no post, é também a roupa que Manu usa no mesmo dia, no programa. Foram produzidos mais de 90 vídeos, pensados para os 93 dias de confinamento na casa.
Desta maneira, o público inconscientemente começa a visitar o perfil de Manu todo dia para checar o que há de novo. Ou seja, ele se torna ativo e não só receptivo.
A narrativa paralela ao BBB é uma sacada genial de construção de identidade, storytelling e, ao mesmo tempo, uma maneira de divulgar e alavancar as músicas do seu último EP, Cute But (Still) Psyco.
A artista ainda anunciou recentemente sua agenda de shows, logo após o fim do programa.
Tudo isso foi feito graças ao planejamento e entrega de Manu e sua equipe em pensar no negócio 360.
Foto: Divulgação agenda de shows Manu Gavassi 2020 | Créditos: Divulgação
Resultado? Mais de 3,3 milhões de seguidores no Instagram em quatro semanas; mais de 365 mil novos ouvintes mensais no Spotify; topo do Vídeos em Alta do YouTube; Mais de 302 mil novos inscritos no Youtube; Mais de 215 mil novos seguidores no Twitter; Hashtag #WhoTheFuckIsManuGavassi como trend topic no Twitter nos dois primeiros dias de divulgação;
Achou pouco esses números ou banais quando estamos tratando da maior emissora do Brasil?
Então vamos com um exemplo de transmídia de um artista com presença menor no digital e sem o “empurrão” do programa.
É um desafio enorme trabalhar com artistas que às vezes têm um público mais velho e muitas vezes não tão conectado digitalmente.
Manu Gavassi é jovem, com uma base de fãs de geração Z, o que já facilita demais o processo, eu sei.
Agora vamos ao exemplo de Edson & Hudson, dupla sertaneja com mais de vinte anos de carreira.
Na gravação do DVD ‘Amor + Boteco’, em 2019, fizemos uma parceria com a Deezer e montamos o primeiro ambiente de show Instagramável do Brasil.
Foto: Ação Edson & Hudson e Deezer Brasil em 2019 | Créditos: Divulgação/Camila Arias
Na época, acompanhamos o boom de lugares instagramáveis como museus, exposições e lojas voltadas para o olhar da câmera em forma de post.
Enxergamos como uma oportunidade e trouxemos essa mistura de brand content com marketing de experiência para o show.
O lugar instagramável envolvia a temática do DVD Amor + Boteco e montamos um boteco com tudo que tinha direito, o que gerava curiosidade, fila e vontade de fazer parte daquela experiência.
Foto: Ambiente Instagramável Edson & Hudson, ação com a Deezer Brasil | Créditos: Divulgação/Camila Arias
O fã conseguia tirar foto pelo celular e ainda levava uma polaroid na hora, bastava apenas seguir a dupla na Deezer.
Resultado: aumento considerável de seguidores no perfil do Edson & Hudson na Deezer, na playlist personalizado do DVD, exposição 100% espontânea e orgânica das duas marcas – Edson & Hudson e Deezer – e aumento de seguidores no Instagram da dupla.
Foto: Gerente de Marketing Digital da Live Talentos, Camila Arias, e equipe no ambiente instagramável de Edson & Hudson para a Deezer. | Créditos: Divulgação/Camila Arias
Cada vez mais, o público espera que os artistas estejam antenados, saibam o que está acontecendo ao redor e que, principalmente, não se ausentem de opiniões.
Posicionamentos político-social e religiosos são complicados ainda, eu sei, e não é essa questão que quero levantar.
Meu ponto é o que as pessoas esperam de você como artista ou marca. Construa sua narrativa, sua história, sua verdade.
Seguimos uma marca, um artista, por identificação, referência. Se seguimos, queremos saber o que ele tem a falar, então, fale.
Posicione-se.
Ficar inserido dentro de uma bolha, sem dar a sua opinião por medo ou receio do que isso pode gerar, muitas vezes é pior.
Tenha sua opinião, suas crenças e deixe claro isso. Use isso a seu favor.
O público está conectado em tudo e cobrando uma postura de não ignorância. Não use como desculpa o “não sabia”.
Não fique alheio à realidade e, principalmente, estoure a sua bolha. Pesquise, informe-se.
Saiba o que está acontecendo ao redor e, com isso, fale.
O público espera isso de você.
Posicionamentos são necessários e são sim, atrelados ao planejamento.
Mas… por quê?
Mas porque eu resolvi bater nesses dois pontos?
Quis deixar aqui como questionamento o que você está fazendo como artista ou para seu artista. Não desvalorize uma postagem.
Não é só “um postzinho”, tem muita história por trás dele. Entenda que seu público busca uma comunicação sincera do que consome.
A pessoa por trás do celular, que está recebendo a sua mensagem, é um espelho do que você quer passar. Então passe direito a sua mensagem.
Analise, tenha cautela, pense nas possibilidades mas, principalmente, aja!
Bote a sua ideia no ar.
As vezes é só isso que falta para a sua ideia louca virar o grande turnover da sua história.
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Camila Arias é Gerente de Marketing Digital da Live Talentos, empresa de gestão de carreiras artísticas, contando no casting com artistas como Chitãozinho & Xororó, Zezé Di Camargo & Luciano, Edson & Hudson, Make U Sweat e outros artistas relevantes da cena sertaneja, eletrônica e samba, além da gravadora de música eletrônica Alphabeat Records.
Instagram: @camilaariasmartins I https://www.instagram.com/camilaariasmartins/