Em meio a batidas e samples, charts, pisadinhas, traps, funks, e números exorbitantes de plays, a Música Clássica está de volta aos ouvidos dos jovens – pelo menos é o que mostra os números revelados recentemente pela Deezer. Segundo a pesquisa, o público entre 18 e 25 anos agora corresponde a um terço (34%) dos ouvintes de música clássica em todo o mundo – uma audiência que cresceu consideravelmente durante a pandemia.
Mas, qual a melhor forma de começar a consumir a música clássica se você ainda não é um admirador do gênero? O POPline.Biz é Mundo da Música convidou o jovem e experiente maestro Carlos Prazeres, regente e diretor artístico desde 2011 da Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA), para dar cinco dicas preciosas para quem quer desbloquear os ouvidos para o estilo.
Além da OSBA, Prazeres ainda atua regularmente como regente convidado em diversas orquestras pelo mundo, como Filarmônica de Buenos Aires do Teatro Colón, Orquestra da Arena de Verona, Sinfônica de Roma, Sinfônica Siciliana, Orchestre National des Pays de la Loire, Youth Orchestra of the Americas e Filarmônica de Minas. Se destaca também por sua pluralidade musical, desenvolvendo uma atividade extensas na música popular, tendo acompanhando artistas como Gilberto Gil, João Bosco, Milton Nascimento, Hamilton de Holanda e Yamandú Costa.
Fruto de uma família que em sua essência já conjuga o erudito e o popular – ele é filho do Maestro Armando Prazeres, fundador da Orquestra Petrobrás Sinfônica, e sobrinho pela parte materna de Perfeito Fortuna, membro do grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone, fundador do Circo Voador e da Fundição Progresso – nos concertos, Carlos Prazeres se destaca pela interação com a plateia, dividindo sua experiência com a música e trazendo de maneira didática o que o atrai nas obras.
Confira as dicas do maestro Carlos Prazeres:
1. Procure ouvir com atenção e não divida sua audição com tarefas barulhentas.
A música clássica é muito rica em detalhes. Nela, o volume se alterna de forma contrastante, os timbres são importantíssimos, o ritmo é fluido, a harmonia é extremamente variada e cada partícula musical é fundamental para o todo. Ouvir uma sinfonia de Mahler lavando louça, por exemplo, é uma temeridade. Acredite. (Exceção feita aos fones de ouvido, naturalmente)
2. Ouça a mesma obra muitas vezes e você vai descobrir um universo infinito de cores e sensações diferentes a cada dia.
É normal que um compositor se dedique por anos a fio à uma única obra e quando esta nos chega aos ouvidos, nos transporta a um mundo infinito de possibilidades, tornando impossível a tarefa de assimilar de uma vez só. Portanto, não espere a mesma experiência sensorial de ouvir uma canção. Seria um erro fatal.
3. Compare intérpretes!
Procure ouvir a quinta sinfonia de Beethoven com a regência de Kleiber, Karajan, Abbado ou Rattle, só para dar um exemplo. Você vai notar que, apesar do mesmo material temático, a música pode soar bem diferente na mão de cada um destes regentes. Sim, por ser tão rico e fluido, este material varia com a interpretação de cada regente e a atuação de cada orquestra.
4. Se livre dos estereótipos
Experimente dormir ouvindo a “Sagração da Primavera”, de Stravinsky. Experimente buscar um sentimento de paz no no primeiro movimento da quinta sinfonia de Shostakovich, compositor contemporâneo de Stalin, por exemplo. Quem enxerga a música clássica como um “calmante”, tem uma visão bem limitada deste universo. Ela tem obras que te acalmam e outras que te excitam. Muitas obras te levam a estados diferentes de espirito.
5. Busque a música correta para cada tipo de objetivo.
Estude com os “divertimentos” de Mozart, namore com as valsas de Strauss ou Tchaikovsky, se interiorize com as sinfonias de Mahler, escreva sua tese com a música de Glass. Experimente embaralhar estas cartas e você vai entender o titulo acima.
Em tempo…
A Deezer criou, em março deste ano, o “Beethoven Recomposed” como parte da série “Deezer Originals”. A plataforma convidou pianistas mundialmente famosos como Chilly Gonzales, Sofiane Pamart e Chloe Flower para celebrar o 250º anos de um dos compositores clássicos mais renomados da história: Beethoven, criando novas interpretações de suas obras-primas. Doze artistas contemporâneos deram seu próprio toque às peças clássicas para o “Beethoven Recomposed”. Clique aqui para ler a matéria completa!