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‘Compositores buscam a justiça em prol dos seus direitos, não para ganhar fama’, destaca Bruna Campos

‘Você tem R$ 10.000 reais para entrar com um processo apenas para ganhar fama?’, analisa Bruna Campos, especialista em Direito Autoral, desmistificando boatos por trás da busca dos compositores por seus direitos, quando se sentem lesados em supostos casos de plágio
Bruna Campos, advogada especializada em direito autoral
Bruna Campos, especialista em direito autoral. Foto: Divulgação

O ano de 2023 foi marcado por uma série de denúncias e supostos casos de plágio, a exemplo do mais recente, com a faixa “Solteiro Forçado”, conhecida na voz da cantora Ana Castela. A artista foi processada pelo músico Luan Castellan, que alega semelhanças na faixa com a obra musical da sua autoria, “Lado Direito”. Ele pede R$ 200 mil em indenização e também um pedido de retratação pelo “uso indevido”.

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No entanto, alguns mitos envolvem o mercado musical, sobretudo, quando diz respeito a assuntos que envolvem processos legais. Um deles é de que o compositor, que se sentiu lesado, estaria “buscando fama” ou que não teria insumos para sustentar a sua acusação. Pensando nesses pontos e em outros casos sobre plágio que foram assunto nesse ano, Bruna Campos, especialista em Direito Autoral, fez uma publicação em suas redes sociais trazendo uma perspectiva realista sobre o tema.

A música não precisa ser 100% igual para ser considerada um plágio. Nem 80% igual. Nem ter 8 compassos iguais. A lei não determina nenhum desses parâmetros. A lei diz que ‘depende de autorização prévia e expressa do autor a reprodução parcial ou integral da obra (art.90, inc I, da Lei 9610/98)'”, diz Bruna Campos.

Bruna Campos. Foto: Alexis Prappas/Divulgação

Em entrevista ao POPline.Biz é Mundo da Música, Campos ainda aponta os motivos que a fizeram explicar, de forma detalhada, o assunto. “O que eu quis alertar com esse post é que esse tipo de julgamento desestimula os autores a buscarem seus direitos. Um processo de plágio não é tão simples como as pessoas imaginam, é um processo bem complexo porque antes de tudo, o juiz vai avaliar se o trecho é original o bastante pra ser reivindicado. Existem muitos aventureiros e pessoas de má fé? Existem. Mas a gente não pode tomar isso como a regra geral.”

“Se a obra supostamente plagiada for usada parcialmente e se o juiz entender que é plágio, será plágio. E se ele entender que não é plágio, não será. No final das contas, os critérios são algumas vezes subjetivos, somados à qualidade das provas trazidas ao processo”, pontua a especialista.

Ainda na sua publicação, Bruna destaca que tanto a obra musical que possui a letra, ou apenas a melodia, serão protegidas legalmente.

Entrar em um processo para ganhar fama? Tendo do outro lado um fã-clube pronto para te massacrar? É algo bem complexo e caro, certo? Já foi pesquisar quanto custa um advogado? Uma perícia? Você tem R$ 10.000 reais para entrar com um processo apenas para ganhar fama?“, analisa Campos.

Sob a sua análise, Bruna destaca que tais questionamentos desestimulam a classe criadora, de uma forma geral. “Como se ninguém tivesse o direito de se sentir lesado se do outro lado existir alguém famoso”.

“Conheço casos sem pé nem cabeça, mas também conheço dezenas de compositores realmente lesados e que não entram com processo porque suas provas não são tão fortes o suficiente para basear uma ação, ou por falta de dinheiro, ou por medo do julgamento público. E nesse momento, os primeiros a julgarem e condenarem quem busca seus direitos são colegas. Não é incrível?”, reflete Bruna Campos.

Por fim, Bruna faz um alerta sobre os casos de plágio e a busca por seus direitos: “Amanhã pode ser você. Nunca se esqueça disso”.

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