A busca pela igualdade das mulheres na música não é recente e sempre promovemos aqui no MM iniciativas que objetivam o protagonismo das mulheres na indústria da música.
A mais recente delas foi uma pesquisa realizada pela USC Annenberg (Universidade do Sul da Califórnia), divulgada ontem (5). A escola de Comunicação e Jornalismo da USC Annenberg possui uma iniciativa chamada ‘Iniciativa de Inclusão’ e entre as diversas atividades, principalmente nas áreas de pesquisa e prática, se envolvem com a comunidade local e global, e a diversidade em todas as suas formas.
O objetivo deste estudo foi examinar as realidades quantitativas e qualitativas de trabalhar no registro de estúdio musical. Quantitativamente, foi analisado gênero e raça / etnia de artistas, compositores e produtores nos gráficos de Billboard Hot 100 de final de ano a partir de 2012-2018.
Nomeados ao Grammy® no mesmo período de tempo também foram revisados, com foco em dados demográficos dentro das seguintes categorias: registro do ano, álbum do ano, canção do ano, melhor artista novo e produtora do ano.
Qualitativamente, a investigação mergulha mais profundamente nas barreiras e oportunidades que as mulheres experimentam no estúdio de gravação. Além de ter realizado 75 entrevistas em profundidade com compositoras e produtoras para coletar informações sobre os impedimentos que enfrentam na música, bem como possíveis soluções para criar mudanças.
Confira os resultados em gráficos em seguida:
Esse primeiro gráfico mostra que as mulheres estão perdendo a popularidade no Ranking da Billboard. A proporção é de 3,6 homens para (1) uma mulher.
A proporção mostra que geralmente, as mulheres cantam sozinhas, ao invés de estarem presentes em bandas ou duos.
O dado para produção musical é ainda mais alarmante: a proporção de mulheres como produtoras é de 47 homens para cada única mulher.
Com um tímido aumento, as mulheres aparecem como compositoras com apenas 12,3%.
Esse gráfico analisa a presença de artistas negros no Ranking da Billboard com o passar dos anos, também percebemos um lento aumento.
Na parte superior, temos o destaque para poucas mulheres que trabalham na parte criativa da música, como produtoras musicais, por exemplo.
Já na parte inferior, o gráfico destaca como os artistas negros, tanto mulheres quanto homens, não são representados entre os artistas no ‘topo’ do ranking da Billboard.
Se a proporção já era pequena para mulheres produtoras, o resultado aponta que é ainda maior para mulheres produtoras negras. A proporção é de 4 para 871 produtoras.
Nesse gráfico você acompanha os artistas compositores que estiveram presente nos rankings e a proporção entre homens e mulheres.
Aqui temos a diferença entre a proporção feminina e masculina nas diferentes categorias do Grammy. Aqui também, as mulheres permanecem com resultado aquém do igualitário.
Mas, quais são as barreiras que as mulheres enfrentam? Por que que o cenário da indústria musical ainda apresenta tais resultados alarmantes?
Por meio da pesquisa realizada, a USC chegou a esses elementos:
– 43% Habilidades Descreditadas;
– 39% São esteriotipadas ou sexualizadas;
– 36% Domínio do homem na inústria;
– 40% Manipulação da própria indústria da música;
– 19% Instabilidade Financeira;
– 39% Foram Objetificadas;
– 25% São as únicas mulheres trabalhando quando estão no estúdio;
– 28% São Demitidas;
– 20% Possuíram problemas com álcool ou drogas;
O que pode ser feito para mudar esse cenário?
As soluções apontadas pela USC Annenberg são:
– Ação Coletiva;
– Definição de alvo das ações inclusivas, para serem mais assertivas;
– Inclusão das mulheres na estrada, como ‘rider’;
– Programas de mentoria;
– Ela na música, ações que motivem a mulher na música;
– O programa que o Spotify em parceria com o SoundGirls criaram especificamente para as mulheres e melhorar o banco de dados do mercado, ‘EQL Directory’, você pode conferir a nossa matéria sobre essa iniciativa clicando aqui;
– Coletivo de registro musical para mulheres;
– Iniciativa de inclusão por meio de planejamento e estímulo para mulheres.
Apesar dos dados alarmantes do mercado da música para mulheres, a cada dia, vemos mais iniciativas que assim como as que foram sugeridas pela pesquisa, buscam criar um novo cenário: a exemplo do Women’s Music Event, aqui no Brasil.
Percebemos que mesmo após 6 anos, os caminhos para uma inclusão efetivas são longos e enfrentam inúmeras barreiras.
Mas, a exposição dos problemas e ações reais possuem resultados. Continuaremos aqui no MM, apoiando e divulgando essas iniciativas que precisam impactar o mercado musical como um todo e trazer mudanças.
Para conferir a pesquisa completa, basta clicar aqui.