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Entrevista: Cleo fala sobre novo single, álbum de estreia e mais

Em conversa animada, artista comentou sobre seus trabalhos e também a pandemia

Foto: Rodolfo Magalhaes

Quando entrevistei Cleo por telefone, na última segunda-feira (29), o clima em São Paulo estava um pouco estranho. O dia havia começado com sol, mas durante a tarde o tempo virou, e pesadas nuvens de chuva começaram a circular pelo céu. Parecia que, assim como em sua nova música, “Tormento”, alguém havia invocado os quatro ventos na cidade!

É, o meu poder é dos quatro ventos, meu filho”, brincou a artista quando mencionei a coincidência.

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Lançada ontem (01) nas principais plataformas digitais, a faixa, que conta com a participação especial de Karol Conká e AZZY, é a primeira de seu álbum de estreia, previsto para o primeiro semestre de 2022.

Pra essa música a gente queria fazer uma coisa que mudasse o beat o tempo inteiro, mudasse o ritmo. A gente queria fazer uma coisa que fosse muito dançante, mas que soasse diferente também”, explica. “Não sei se ela pode ser considerada pop, eu considero ela bem pop”, opina. A gente garante que a faixa é pop, Cleo!

Foto: Rodolfo Magalhaes

Na letra potente, a artista canta: “Você tá tenso / Relaxa que eu te dou com sentimento / O tempo fechou eu invoquei os quatro ventos / Bem-vindo ao meu tormento / Pode vir com tempo porque meu veneno é lento”. A respeito do processo de composição, Cleo conta que a letra surgiu aos poucos. “A gente compôs ela do grande nada”, diz aos risos. “O Arthur Marques, que é um dos produtores e compositores da música, tinha ‘veneno lento’ na cabeça dele, e aí em cima disso a gente começou a construir o resto da letra”, relembra.

Ao lado de King, outra compositora da música, as partes foram sendo criadas e misturadas. Aliás, a ideia de ter Karol Conká e AZZY na canção partiu de Cleo. “Elas vieram com esse flow delas, que é muito específico de cada uma. Acho que elas trouxeram uma completude para a música, para o que a música quer.”

Clipe, coreografia e TikTok

Sem perder tempo, a cantora liberou no mesmo dia o clipe do single em seu canal oficial no YouTube (que já conta com mais de 1 milhão de visualizações). Dirigido por Fernando Moraes, o vídeo tem produção cinematográfica e muita dança! “Como é um clipe com muita pós-produção, não foi fácil de gravar. A gente teve uma diária de 19 horas. Eu comecei às 6h da manhã e terminei 1h da madrugada. Foi um dia feliz, sabe? Foi um dia exaustivo, mas feliz”, conta.

A premissa do clipe partiu de Cleo, e o roteiro foi escrito por Fernando. “Eu queria feiticeiras super-heroínas! Queria uma coisa que remetesse à época medieval, mas com muita modernidade. E queria que cada uma tivesse um poder, e ele desenvolveu um roteiro maravilhoso. Não podia ter sido melhor”, comemora. “A gente serve tudo nesse clipe”, fala orgulhosa!

Foto: Rafa Ernnani / Reprodução – Twitter (@cleo)

Em tempos onde praticamente todo lançamento musical ganha um ‘challenge’ no TikTok ou Instagram, Cleo não se incomoda em utilizar tal estratégia para promover seu trabalho. “Acho que tudo que faz a gente poder usar a nossa autonomia nas redes para engajar nossos produtos com a nossa arte, eu acho genial”, pontua. “Eu amo coreografia, pra qualquer coisa eu quero coreografia”, revela. “Até quando eu tinha meus outros EPs, até músicas mais lentas, eu mesma queria ter uma coreografia. Eu não cheguei a fazer shows, mas queria ter momentos de coreografia durante as músicas porque acho que é importante, pra mim, eu gosto, me faz bem”, destaca.

Turnê, pandemia e aglomeração

Por falar em shows, o que Cleo mais deseja é sair em turnê e se apresentar ao vivo para os fãs; mas ela explica que, por conta da atual pandemia, esse é um objetivo difícil. “A gente não tem como pensar em show ainda, e lançando agora o single, a gente vai começar a ver essas possibilidades, e aí com o álbum eu acho que essas possibilidades vão ficar mais concretas.

Mesmo com a flexibilização nos protocolos de segurança contra a COVID-19 e eventos presenciais já acontecendo pelo país, a opinião de Cleo sobre o assunto é de que “as pessoas fiquem seguras”.

Eu acho que grandes aglomerações acabam sendo mais perigosas; ao mesmo tempo, já está tudo aberto. Então assim, fica uma situação difícil, mas acho que a gente tem que priorizar a saúde das pessoas”, opina.

A artista ainda acrescenta que não faria um show em tempos de pandemia. “Faria uma live ou alguma coisa assim, daria uma adaptada. Teria que ter todos os protocolos de segurança, muito menos pessoas, comprovante de vacinação… No mínimo”.

Foto: Rodolfo Magalhaes

Álbum, referências e sonoridade

Previsto para ser lançado no primeiro semestre do ano que vem, o álbum de estreia de Cleo – ainda sem título – deverá ter por volta de 12 faixas no total. “Era um número que estava na minha cabeça, aí o Arthur falou ‘eu acho muito bom ir com o número que está na cabeça, é uma superstição que eu tenho’; aí eu falei ‘se é superstição do Arthur, eu vou seguir’. Só que a gente começou a compor, compor, e a gente compôs umas 17 músicas, e todas eu amo, não consigo escolher alguma pra ficar de fora”.

Quando mencionei que 17 era um número perigoso, Cleo gargalhou e concordou. “PERIGOSÍSSIMO, AMOR! Não vamos focar nesse assunto de 17, meu filho!” Ela continuou e explicou que ainda não sabe se conseguirá permanecer nas 12 faixas somente, e que talvez o disco tenha por volta de 14. Por enquanto, o projeto está em processo de finalização.

No que diz respeito à sonoridade do álbum, a artista garante que ele é bem eclético. “Eu gosto muito do pop, acho que é um invólucro muito interessante para tudo o que eu gosto, para poder colocar tudo o que eu gosto. Então tudo vai ter uma cara mais pro pop, com certeza, mas tem coisas bem diferentes de ‘Tormento’”, diz. “Acho que tudo tem um toque de rock, tem um toque de hip-hop…” Entre as referências musicais da cantora, Cleo diz que elas vão de Amado Batista a Marilyn Manson! “Passa por pop dos anos 2000, hip hop dos anos 2000… Tambor, pagode dos anos 90… Tem de tudo!

Foto: Rafa Ernnani / Reprodução – Twitter (@cleo)

Aproveitei a oportunidade para perguntar se poderíamos esperar outras participações especiais no disco, quem sabe de Fiuk ou Fábio Jr… “Da minha família não, pelo menos ainda não. A gente está com algumas ideias, mas não tem nada fechado ainda, então não tem como eu dizer”, revela. Porém, uma participação que pode entrar é de Gloria Groove, com quem Cleo já tem uma faixa gravada.

Essa é uma das músicas que a gente tá pensando se vai lançar no álbum, se vai lançar single, se vai lançar por mim, se vai lançar por ela… A gente tá vendo! A gente chegou até a pensar em clipe, mas faz tempo, foi antes da pandemia. As coisas mudaram muito, né? Eu tenho uma agenda louca, ela tem uma agenda louca, mas vamos ver, tomara que dê certo porque é uma música muito legal”, conta. Definitivamente já estamos na torcida pelo lançamento desse som com a Lady Leste!

Eu já fiz EP, já fiz single, e acho que tá na hora do meu álbum”, finalizou

Novos voos

Antes de encerrar o papo com a artista, perguntei sobre uma tatuagem que ela havia feito mais cedo naquele dia. Através dos stories de seu Instagram, Cleo compartilhou uma parte do desenho, mas não todo. “Eu tatuei o rosto! Mentira, tô brincando”, disse antes de cair no riso e revelar que tatuou uma águia na coxa.

Eu gosto muito da águia, da história da águia, em como ela se reinventa. Tem um certo momento da vida dela em que ela se isola no topo da montanha, quebra o bico inteiro, as penas caem… Ela se renova inteira e volta com tudo”, explica. “É um bom símbolo, ainda mais para esse momento”, termina.

Torcemos para que, assim como a águia em sua pele, Cleo alcance novos voos e um belo futuro com essa etapa de sua carreira musical. Diferente de sua música, o tempo não fechou para a artista; pelo contrário. A previsão é de céu limpo e aberto!

Foto: Rodolfo Magalhaes