Claudia Leitte continua mudando a letra da música “Caranguejo” em shows, para não cantar o verso “saudando a rainha Iemanjá”. O caso virou um inquérito no Ministério Público da Bahia (MP-BA) para apurar um possível ato de racismo religioso. Em entrevista ao jornalista Dinho Junior, ela comentou a situação:
“Infelizmente, [a acusação] vem num momento de muita alegria pra mim. Mas felizmente estou com saúde mental, tenho saúde física e tenho saúde espiritual. Minha integridade e meus valores não podem ser colocados na mesa. Respeito, sororidade, generosidade são traços da minha personalidade e são coisas pelas quais eu prezo e jamais negocio. Então me mantenho aqui, nesse lugar, consciente, sabendo que meu lugar no palco é o de servir o outro, levar música e alegria para as pessoas”.
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Convertida à Igreja Evangélica desde 2012, Claudia Leitte opta por cantar “eu canto meu Rei Yeshua” (Jesus em hebraico) no lugar do verso original de “Caranguejo”, “saudando a rainha Iemanjá”. Isso não é uma novidade. Ela faz isso há tempos. Mas a mudança ganhou mais visibilidade após críticas do Secretário de Cultura Pedro Tourinho aos artistas brancos que se apropriam do axé sem conhecimento da cultura negra.
“Do alto dos meus privilégios, primeiro quero dizer que racismo é uma pauta muito profunda. Ainda que eu leve muito a sério fazer Carnaval, a gente está falando de uma festa, de entretenimento, de diversão. Isso aí tem muitas camadas para ser discutido assim e ser atribuído a qualquer que seja o ser humano, principalmente no tribunal da Internet”, pontua Claudia.
Veja a entrevista com Claudia Leitte!
Na mesma entrevista, a cantora afirma que se orgulha de ser uma cantora de axé music e se afirma baiana, apesar de ter nascido em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. “Meu coração está cheio de coisa boa pra dar. Eu sou uma cantora de axé music. Eu tenho orgulho de ser. Acho que isso fica muito claro quando subo no palco ou no trio elétrico. Isso tem muito a ver com a música que faço. A música une as pessoas. A música da Bahia faz as pessoas se grudarem. A gente produz momentos, emoções, experiências que ficam pra sempre”, conclui.