Quando Chico Buarque foi contemplado com o prêmio Camões, considerado o mais importante da língua portuguesa, o ano era 2019 e o célebre cantor, compositor e escritor não pôde receber a honraria. À época, o então presidente Jair Bolsonaro se recusou a assinar a documentação necessária para que o diploma fosse entregue. Quatro anos mais tarde, nesta segunda-feira (24), Chico enfim recebeu o prêmio e fez questão de ‘alfinetar’ o ex-presidente na presença do atual, Lula, em Sintra, Portugal.
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“Hoje, porém, nesta tarde celebração, reconforta-me lembrar que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu prêmio Camões. Deixando seu espaço em branco para a assinatura do nosso presidente, Lula. Recebo este prêmio menos como uma honraria pessoal e mais como um desagravo a tantos autores e artistas brasileiros humilhados e ofendidos nesses últimos anos de estupidez e obscurantismo”, discursou Chico, arrancando gargalhadas e sendo ovacionado pela plateia, no Palácio de Queluz.
Na ocasião, o artista não deixou de criticar o governo de Jair Bolsonaro, que durou de 2019 a 2022, e seu posicionamento perante à pandemia de Covid-19, que eclodiu em 2020. Chico chegou a brincar com a hipótese de terem esquecido seu prêmio, já que fora entregue quatro anos depois de o artista tê-lo ganho.
Ao receber Prêmio Camões, Chico Buarque fala sobre demora da cerimônia após recusa de Bolsonaro: " O ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu prêmio".
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Lula, que também esteve presente na cerimônia acompanhado da primeira-dama, Janja, e da Ministra da Cultura, Margareth Menezes, reforçou o discurso de Chico, enaltecendo o artista e suas obras e criticando a postura de Bolsonaro no governo passado.
“Hoje, para mim, é uma satisfação corrigir um dos maiores absurdos cometidos contra a cultura brasileira nos últimos tempos. Digo isso porque esse prêmio deveria ter sido entregue em 2019 e não foi. Todos nós sabemos por quê”, se manifestou o atual presidente da República.
Chico é autor de obras literárias como “Fazenda Modelo” (1974), “Chapeuzinho Amarelo” (1977), “Estorvo” (1991), “Benjamin” (1995), “Budapeste” (2003), “Leite Derramado” (2009) e “Irmão Alemão” (2014).
Veja registros da cerimônia: