Desde que Michael Weissman passou de presidente do SoundCloud para o cargo de CEO, em janeiro deste ano, vem causando um grande impacto na indústria da música. Sob a sua gestão a empresa anunciou a introdução do “Fan-Powered Royalties” (royalties movidos por fãs): uma nova forma de pagamento que, segundo eles, é “mais justa e transparente para artistas emergentes e independentes ganharem dinheiro na plataforma”.
O formato é o mesmo que já vem sendo discutido há algum tempo na indústria, o Modelo “User-Centric” em que o dinheiro seria dividido com base no compartilhamento de escuta por usuário – ou seja, os fãs do artista.
O olhar jovem e atento de Weissman, vem chamando atenção do mercado. Em sua primeira entrevista à frente do cargo de CEO, Michael revelou ao Music Business Wordwilde o porquê ter decidido colocar o projeto de um novo formato de pagamento como prioridade da empresa:
“No ano passado, acabamos entrevistando nossos artistas e nossos consumidores sobre a ideia. Todo mundo pensava que o streaming já funcionava como o FPR. Havia claramente uma desconexão; a simplicidade de fazer o fã entender como a música funciona nos disse que precisamos ir em frente e fazer isso”, revelou o executivo.
Ainda segundo ele, a empresa sabia que tinha conteúdo suficiente, trabalhando com mais de 100.000 artistas independentes diretamente (como distribuidor), para realmente fazer a diferença. “Dissemos: Ok, os fãs estão prontos para isso, a comunidade de artistas é grande o suficiente no SoundCloud para fazer isso. É hora de seguir em frente”.
Para o CEO, o novo modelo proposto por eles é mais equitativo e transparente do que o modelo “pool – como é apelidada a forma com que o Spotify calcula seus pagamentos dentro da plataforma’. Dessa forma, por causa da natureza direta da [relação de pagamento], o artista pode começar a pensar em como envolver seus fãs para tornar o que está fazendo mais relevante para eles. “Essa é a mudança proativa futura que esperamos que comece a construir lentamente no mercado”, destaca.
Outras frentes
Além de plataforma de streaming, com mais de 250 milhões de músicas em seu catálogo (muito mais que o Spotify, por exemplo), o SoundCloud também trabalha diretamente com artistas como distribuidor – enviando suas músicas para todas as plataformas rivais seja Spotify, Tidal, Apple Music, etc, coletando e pagando seus royalties.
Além disso, graças à aquisição da Repost, por cerca de US$ 15 milhões em 2019, o SoundCloud oferece um segmento de serviços adicionais por meio da “Repost By SoundCloud” e “Repost Select”. Esses serviços adicionais incluem apresentação de playlists, planejamento de lançamentos, marketing de artistas e até mesmo financiamento (por meio de adiantamentos pagos).
Quando você pensa sobre isso, portanto, o SoundCloud é um serviço de streaming, uma plataforma de conteúdo gerado pelo usuário e um distribuidor de música em um só lugar.
“Nós nos vemos como uma empresa de entretenimento musical que tem um relacionamento direto com o consumidor e um relacionamento direto com os artistas, e a conexão entre esses dois é onde estamos focados e focados. Acho que estamos posicionados de forma única para fazer isso, e não há nenhum outro serviço de streaming que tenha adotado essa abordagem”, revela o CEO.
Questionado sobre o motivo de outros streamings ainda não terem se interessado por esse relacionamento direto com os criadores independentes, já que foi um setor que rendeu mais de US$ 1 bilhão ano passado, Michael revela que vê nisso uma grande oportunidade para o SoundCloud.
“A peça principal é que somos uma plataforma gerada pelo usuário em nosso núcleo. Portanto, temos um fluxo de conteúdo carregado diretamente por músicos independentes, produtores, DJs, que está inerentemente fora do domínio das gravadoras e outros detentores de direitos”, revela. Para o CEO, essa é a vantagem do negócio que os concorrentes não têm.
“Trabalhamos em conjunto com todas essas partes para garantir que nosso modelo seja válido [em termos de conteúdo licenciado]. Mas, nosso modelo nos dá uma vantagem inerente [no mundo dos artistas DIY], onde uma Amazon, Apple, Spotify ou Deezer estão todos efetivamente rodando em um modelo de catálogo semelhante”.
Mas, o que efetivamente o SoundCloud tem de diferente no mercado, Michael responde que uma coisa que definitivamente quero deixar claro: “queremos ser mais que um negócio da música daqui para frente. Queremos nos aprofundar na indústria da música. Não falarei pelos meus colegas especificamente, mas vejo [serviços de streaming] tentando passar da música para o talk, podcasts, outro áudio não musical. Eles estão quase usando música, enquanto se distanciam do negócio principal da música ao mesmo tempo”, finaliza.