Nesta terça-feira (7) será realizada uma missa virtual pelos 30 anos da morte de Cazuza. A cerimônia será realizada na Paróquia da Ressureição, em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro. A transmissão será feita pelo Facebook da igreja a partir das 19h. A mãe do cantor, Lucinha Araújo, convoca os fãs para prestar esta homenagem.
Os planos originais para 2020 era celebrar a obra do cantor e compositor. A volta do musical “Cazas de Cazuza”, espetáculo que estreou em fevereiro de 2000, era um desses projetos. Em entrevista ao jornal O Globo, Lucinha conta que já tinham ingressos vendidos. Mas, devido à pandemia, ficará para o próximo ano.
Lucinha tem passado os últimos meses em Angra dos Reis com o marido e filha. E por conta disto mandou celebrar a missa virtualmente, ainda que as igrejas já estejam abertas no Rio de Janeiro.
“Todos os dias é dia de relembrar meu filho, mas, nessa data, mando sempre celebrar uma missa. O pior dia foi no qual soube que ele estava doente. E seguiu-se muito sofrimento até o dia da morte dele. Mas prefiro esquecer os dias ruins e lembrar dos bons momentos que a gente passou junto, porque a gente foi muito feliz. Senão, não tinha sobrevivido. Penso nele 24 horas por dia”, conta Lucinha Araújo.
Arte longa, vida breve
Hoje, Cazuza teria 62 anos. Mas ao contrário de outros grandes nomes que partiram cedo (Elis Regina, por exemplo), é possível imaginar quais seriam suas atuais inquietações e, sobretudo, os temas que permeariam suas canções. E o que comprova esta tese é a atemporalidade de sua obra.
Sete anos separam o primeiro e autointitulado álbum com o Barão Vermelho (1982) do denso Burguesia (1989). Tempo suficiente para construir um cancioneiro que resistiu à força do tempo. Cazuza foi feliz em Ipanema, encheu a cara no Leblon e desafiou o Brasil a mostrar sua cara, tal como ele fez em 1989, quando revelou publicamente ser soropositivo em uma época que o tratamento para HIV era pouco eficiente.
Para Lucinha Araújo, a coragem foi o maior legado de Cazuza. “Ele nunca foi tão amado na vida dele como depois que declarou que estava doente. Achei também que aquilo foi um exemplo para milhões de soropositivos não viverem escondidos. Na época dele, infelizmente, só havia o AZT. Trinta anos depois, há 26 diferentes tipos de medicamentos retrovirais“, orienta.
Passadas três décadas, a discografia de Cazuza ainda é muito revisitada por diversos artistas. Rogério Flausino e Wilson Sideral lançam hoje o single “Essas Canções de Amor”, composto a partir de um poema de Cazuza batizado como “Não Reclamo”. E certamente outros mais se inspiram neste compositor que, ao lado de Renato Russo, definiu uma geração. Sua música e sua história de coragem servirão de exemplo para futuras gerações.